Capítulo 120

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Capítulo 120 💐

Luan entrou para a sala de cirurgia exatamente as oito horas e vinte e seis minutos da manhã. Fiquei na sala de espera, sentada em um sofá, pensando em mil e uma coisas, minha cabeça estava para explodir e meu estômago estava embrulhado, acho que minha mãe podia estar aqui comigo nessa hora, talvez eu estaria um pouco menos angustiada.
Fechei os olhos, encostei minha cabeça no estofado e fiquei em silêncio, respirando fundo e tentando manter a calma que eu não tinha.
— Bom dia, eu queria saber se a pessoa de Luan Rafael está em cirurgia agora? — escutei alguém questionando e abri os olhos de uma vez. Tomei um susto horrível ao ver Charlotte na recepção, conversando com uma das enfermeiras. — Eu sou a irmã dele, quero saber se ele está ou não na cirurgia, você pode deixar de ser inútil e me responder logo?
— Sim, está! — respondi, levantando do sofá.
— Ah, mas olha só quem eu encontrei?! — ela riu, caminhando lentamente na minha direção. — A amante do meu irmão!
— Esposa! — a corrigi prontamente. — Você não é bem vinda aqui, vai embora!
— O hospital é seu? — apontou o dedo ao redor.
— O Luan não quer saber de você, Charlotte, vai embora! — fui ríspida e ela parou há mais ou menos um metro de distância de mim.
— Está com medo? — levantou as sobrancelhas.
— Medo? — a encarei confusa.
— Vai fazer a sonsa? Saiba que esse jogo não cola comigo! — apontou o dedo na minha direção.
— Vai pro inferno, Charlotte! — respondi impaciente. — Eu vou ser obrigada a chamar os seguranças se você não sair daqui agora!
— Nitidamente com medo! Mas é uma vagabunda, interesseira mesmo. — negou com a cabeça. — Se o Luan morrer, saiba que a herança não vai ser só sua, estamos entendidas? Eu também tenho parte nessa herança e nem que eu precise entrar na justiça pra pegar o que é meu, eu vou entrar!
— Meu Deus, como você é suja, Charlotte!
— Suja? A mexicana aqui é você, não eu!
— Me respeita, Charlotte! — apontei o dedo na sua direção.
Meu sangue fervia nas veias, mas eu já saquei o jogo da Charlotte, ela queria que eu perdesse o controle completamente, atacasse ela, batesse nela e depois ela ia me ferrar na embaixada mexicana. Respirei fundo, me afastei, contei até dez e fui beber uma água. Não vou cair na cilada dela.
— Vou me sentar aqui e esperar pela notícia! — Charlotte sentou-se no lugar onde eu estava, cruzou as pernas, tirou seu celular da bolsa e começou a mexer.
— Que ódio! — murmurei, jogando o copo no lixo. Caminhei apressada até a recepção e chamei pela enfermeira. — Moça, eu estou grávida, cansada, exausta e minha pressão caiu, posso esperar em uma sala reservada? Sou acompanhante do meu marido e ele está em uma cirurgia agora!
— Claro, espera só um minuto que te acompanho e peço para aferirem sua pressão!
— Obrigada. — me encostei no balcão e suspirei fundo.
A enfermeira voltou minutos depois e me encaminhou para uma sala bem distante da recepção e próxima da sala de cirurgia. Depois de aferirem minha pressão, me deram um copo d'água e me deixaram em uma poltrona um pouco inclinada, onde eu tinha conforto, silêncio e o descanso que eu precisava.
A porta da sala ficou entreaberta e foi no exato momento em que me levantei pra fechar que um enfermeiro passou apressado pelo corredor, na direção da sala de cirurgia.
Depois passaram mais dois médicos, apressados e com o semblante assustado, eu já estava completamente nervosa e apurada.
— Ei? — chamei uma enfermeira que saía da sala de cirurgia. — Tudo bem lá dentro?
— Não posso dar informações externas, senhora!
— É o meu marido que está lá dentro! — esbravejei. — Aconteceu alguma coisa? Por que tantos médicos? Tantos enfermeiros? A cirurgia nem é tão complexa assim!
— Senhora, eu sinto muito, mas não posso dar informações! — respondeu e se retirou, antes de ouvir qualquer resposta minha.
Saí da sala e caminhei apressada atrás da enfermeira.
— Ele é o meu marido! — insisti e ela continuou andando, sem dar atenção. — Se aconteceu alguma coisa, eu preciso saber!
— Como você se chama? — virou na minha direção e nós paramos de andar.
— Cecília!
— Cecília, querida, eu infelizmente não posso dar informações, acredito que em breve o médico venha falar com a senhora. Por favor, mantenha a calma! Sei que é difícil, mas no momento é a única coisa que peço!
Eu não soube o que responder, fiquei em silêncio e ela saiu, me olhando uma última vez. Caminhei devagar de volta para a sala onde eu estava, me sentei na poltrona e abaixei a cabeça.
Chorei.
Não sei o que aconteceu, não quero imaginar, mas meu coração estava angustiado, eu sentia que alguma coisa tinha dado completamente errado, o medo tinha tomado conta de mim e já começava a pensar em mil e uma hipóteses.
Quase uma hora depois, doutor Charles passou pela porta da sala onde eu estava, cabisbaixo. Levantei apressada e saí da sala, chamando por ele.
— Doutor Charles? — o chamei pela terceira vez e ele parou no meio do corredor, virando rapidamente na minha direção.
— Oi querida, tudo bem? Ia mesmo te procurar! — sorriu, caminhando na minha direção.
— Como está o Luan? Quando posso vê-lo? Preciso saber, doutor Charles!
— A cirurgia foi um sucesso! Ele reagiu bem a cirurgia, no final precisei de ajuda de alguns médicos, mas foi por necessidade técnica. Ele vai descansar por algumas horas no quarto, até a anestesia fazer efeito! Depois vamos fazer o teste, pra saber se ele se deu bem na cirurgia ou se vai precisar de mais tratamento!
— Que alívio! — suspirei de olhos fechados.
— Fica tranquila, Luan está sã e salvo!

...

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