Capítulo 121

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Capítulo 121 💐

|Luan|

Abri os olhos devagar e fechei novamente, suspirando fundo.
— Acordou? — escutei a voz de Cecília e abri os olhos novamente. — A cirurgia já foi!
— Já foi? — franzi o cenho confuso.
— Sim, faz uma duas horas ou mais. — passou a mão em minha testa. — Doutor Charles estava esperando o efeito da anestesia passar, daqui a pouco ele vem te ver e amanhã faremos o teste pra saber se a cirurgia deu certo.
— Não pode ser hoje? — questionei. — Aliás, hoje já é amanhã, não?
— Não, hoje ainda é hoje. — respondeu rindo. — Você só está um pouquinho confuso!
— Hum... — resmunguei, tentando mexer minhas pernas. — Cadê minhas pernas?
— Amor, suas pernas estão aí! — Cecília puxou um pouco do meu cobertor e tocou minhas pernas. — Viu? Você deve estar sentido elas dormentes, mas é normal depois de uma cirurgia na coluna. Vou chamar o doutor Charles, tudo bem?
— Tudo bem, não demora. — pedi, tentando tocar minhas pernas.
— E sem fazer esforço. — abaixou meu braço, se afastando da cama.
Cecília saiu do quarto e eu encostei minha cabeça no travesseiro novamente, fechei os olhos e soltei um longo suspiro.
— Já voltou? — questionei quando a porta foi aberta novamente, mas quem entrou foi quem eu menos esperava receber. — Charlotte? Como achou meu quarto? O que você você está fazendo aqui?
— Fiquei triste quando soube que você não morreu na cirurgia. — abaixou os ombros e eu a encarei incrédulo. — Já estava fazendo planos para a herança que eu ia receber!
— Nada do meu dinheiro ficará pra você! — fui ríspido. — Sai do meu quarto!
— Eu não vou deixar você cair no golpe daquela mex...
— SAI DO MEU QUARTO! — gritei propositalmente para que os enfermeiros escutassem.
— Aquela mulher te deu um golp...
— SAI DO MEU QUARTO AGORA! — gritei mais alto e ela me encarou furiosa.
— Se eu pudesse, te matava sufocado com um travesseiro!
— Espero que a senhora não tenha falado sério, ou terei que chamar a polícia! — doutor Charles parou na porta do quarto e Cecília foi entrando de uma vez.
— Sai daqui! — Cecília parou na frente de Charlotte, apontando o dedo para a porta. — SAI!
— Você não perde por esperar, Luan Rafael! — Charlotte apontou o dedo na minha direção e saiu, empurrando Charles para o canto.
— Vou acionar a segurança do hospital e proibir a entrada dela nesse corredor. — Charles esbravejou, entrando no quarto. — Sei que ela é sua irmã, Luan, mas...
— Não a considero minha irmã! — murmurei.
— Ela te machucou? — Cecília se aproximou da minha cama e eu neguei com a cabeça.
— Vou te fazer algumas perguntas, depois vou aferir sua pressão, temperatura, batimentos cardíacos, apenas um exame de rotina. — Charles tirou o estetoscópio do pescoço, caminhando na direção da minha cama. — Vou inclinar sua cama mais para frente e aí você termina de se sentar sozinho.
— Tudo bem. — respondi e ele se aproximou, clicando em alguns botões na cama, que automaticamente, foi inclinando para frente, me deixando sentado pouco a pouco. Sem a ajuda de Charles e Cecília, consegui me sentar, afastando minhas costas da cama.
Enquanto Charles me examinava minuciosamente, Cecília ficava na porta do quarto, olhando de um lado para o outro, provavelmente vigiando se Charlotte estava por ali ainda. Eu preciso dar um jeito de afastar a Charlotte da minha vida de uma vez por todas, nem que pra isso, eu precise ir publicamente à mídia e fazer a caveira dela, contar seus podres, um por um.
— Podemos fazer o teste pela noite! Pensei que amanhã seria melhor, mas você reagiu bem a cirurgia, os pontos são poucos e pequenos, não vai causar nenhum problema. — Charles deixou o estetoscópio em volta de seu pescoço novamente e se afastou um pouco.
— Mas você consegue dar uma opinião antes do teste? Acha que deu certo? — perguntei.
— Tenho noventa porcento de certeza que sim!


(...)


Cecília ficou o dia todo comigo no hospital, conversamos muito, até jogamos no seu celular, tudo para ver se o tempo passava mais rápido, enquanto esperávamos onze horas da noite, horário em que Charles voltaria para fazer o tão aguardado teste.
— Onze e quinze. — Cecília olhou para o relógio em seu pulso.
— Onde ele está? Será que esqueceu?
— Boa noite, me perdoem pelo atraso! — Charles entrou no quarto de uma vez, trazendo uma espécie de mala nas mãos. — Podemos começar?
— Podemos, claro! — respondi prontamente.
Me sentei sozinho sobre a cama, coloquei minhas pernas para fora da cama e Charles colocou minha bengala no canto do quarto, bem distante de mim.
— Espero que hoje você se despeça dela! — apontou para bengala e eu sorri um pouco aflito.
— Cecília, pode se afastar dele, quero que ele desça da cama sozinho, sem se apoiar na bengala e nem em você. — Charles pediu e Cecília se afastou no mesmo instante.
— Não vou conseguir!
— Você nem tentou! — Charles me encarou e suspirei fundo. — Se você se desequilibrar, eu e Cecília te seguramos, fica tranquilo! Quero que você desça da cama, fique em pé e dê alguns pequenos passos. Seu corpo vai estar desacostumado, mas é normal, com o tempo você vai conseguir fazer isso normalmente, como fazia com a bengala.
Apoiei minhas mãos na beirada da cama, empurrei meu corpo para frente e bem devagar, coloquei meus pés no chão. Respirei fundo e comecei a me levantar, devagar, no meu tempo, confesso que no começo me desequilibrei um pouco, mas consegui me recuperar sozinho.
— Solta a cama. — Charles apontou para minhas mãos apoiadas na cama.
Soltei devagar, ficando em pé sozinho e sem o apoio de nada, nem ninguém. Deixei minha coluna reta, como Cecília sempre me pedia nos exercícios, olhei na direção dela e ela me observava atentamente, roendo uma unha. Mesmo me sentindo um completo estranho, consegui dar três passos sozinhos, o que me deixou completamente eufórico, o suficiente pra me fazer completar os passos até chegar onde Cecília estava, afinal ela sempre será meu porto seguro e não tem ponto de chegada melhor, do que o seu abraço.

...

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