AMERICA

Capítulo 103

Capítulo 103 💐
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— Pode falar, estou ouvindo.
Respirei fundo, fechei os olhos, respirei fundo mais uma vez e pronto, era a hora de contar tudo.
— Quando eu cheguei na fazenda, vim somente na intenção de cuidar do meu paciente, trazer a melhora dele cem porcento e com o salário que recebo, depositar parte dele na sua conta para podermos construir nosso restaurante futuramente. Mas algumas coisas aconteceram, muitas coisas e minha vida mudou completamente, inclusive meus planos mudaram. — enquanto eu falava, não ouvia nada do outro lado da linha. — Mãe, a senhora está me ouvindo?
— Sim, continua. — seu tom de voz era sério.
— Eu sei que prometi voltar, eu sei que fizemos um combinado, mas a gente sempre espera demais, quando na verdade, o destino escreveu nosso caminho há muito tempo. — suspirei. — Eu e o Luan, meu paciente, sabe? Nós ficamos amigos, o que é normal e bom, afinal preciso ter um relacionamento agradável com ele... — fiz uma pausa. — Só que nossa amizade foi além, os sentimentos ficaram mais fortes, nos envolvemos de uma maneira muito intensa e quando vimos, estávamos apaixonados. Eu estou amando ele e ele também está me amando. Sim, eu sei que a senhora pediu para que eu não me envolvesse com ninguém aqui nos Estados Unidos e entendo seus motivos, mas o Luan tem o coração mais puro que a senhora possa imaginar, ele é um homem incrível, cheio de qualidades e foi impossível não me apaixonar por ele. Já faz um tempo que estamos juntos e eu não tinha coragem de contar, mas você é minha mãe, minha melhor amiga e tem que saber disso!
— Eu imaginava. — murmurou.
— Tem mais algumas coisas que preciso contar, mas por favor, senta em algum lugar pra ouvir!
— Já estou sentada, fico sentada toda vez que falo com você, Cecília, melhor previnir. — ironizou.
— Eu e ele... decidimos nos casar. — falei de uma vez. — E eu... estou grávida de um filho dele, tem três semanas. — completei. — Mãe? Ouviu o que eu disse? A senhora está na linha? MÃE?
— Cecília... — escutei ela suspirar do outro lado da linha. — GRÁVIDA, CECÍLIA? Meu Deus, eu acho que vou infartar!
— Mãe, meu Deus, fica calma...
— Mas antes de infartar, eu vou aí no Texas de te dar um esporro e dar nesse homem que...
— Mãe, escuta. — levantei do sofá de uma vez. — Eu entendo seu nervosismo, sua ira, entendo que esteja furiosa e você tem todos os motivos pra isso, eu entendo, juro pra você, mas por favor, dê uma chance de conhecer o Luan, você vai ver que ele é o homem mais incrível desse mundo... depois do papai. — tentei soltar um comentário que a deixasse tranquila. — Não crie pensamentos afobados, precipitados, vem pra cá, conversa com o Luan pessoalmente, conheça ele, você vai notar que...
— Chega, Cecília! — me interrompeu. — Eu já entendi, para de repetir as coisas, está me deixando mais irritada. — foi ríspida.
— Por favor, uma chance de conhecê-lo pessoalmente, de conhecer a história dele e se a senhora disser que não aceita o casamento, eu volto para o México. — fui firme nas palavras.
— Tudo bem, então eu vou, já pode arrumar suas malas pra voltar comigo.
— Tudo bem. — respondi tranquila.
— Não me desafia, Cecília!
— Estou tranquila, porque eu sei que quando você conhecer o Luan e a história dele, vai mudar completamente de opinião.
— E se quiser que eu vá aí, pague minha passagem, porque não vou tirar um centavo...
— Sim, dona Angélica, eu sei. — revirei os olhos. — Organizo tudo essa semana, já faça suas malas, mãe, você vem o quanto antes.
— Organiza as suas também. — insistiu e eu precisei me segurar para não rir.
Eu jurava que a conversa com minha mãe seria mais tensa, que ela iria me xingar dos piores nomes, que ia exigir falar com o Luan, mas no final, ela e eu terminamos de conversar combinando como seria sua vinda para Dallas e nos despedindo com um "eu te amo" no final.
— E aí? — Luan apareceu na entrada da varanda.
— Ela vem!
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