Capítulo 76

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Capítulo 76 💐

|Luan|

— Cecília? — a chamei, enquanto estávamos parados no semáforo.
— Desculpa... — murmurou, perdida e nós escutamos várias buzinas. — Acho melhor conversarmos depois.
— Tudo bem. — encostei minha cabeça no banco novamente, soltando um longo suspiro.
Cecília estacionou o carro bem na frente do restaurante onde iríamos tomar café da manhã. Estávamos em silêncio desde a hora que saímos do semáforo.
— Vamos sentar aqui, é mais reservado e a gente pode conversar melhor. — Cecília apontou para uma mesa do lado de fora do restaurante, próximo de um jardim.
Concordei com a cabeça. Nos sentamos à mesa e chamamos a garçonete, pedimos que ela trouxesse um café da manhã para duas pessoas, completo e com alguns pedidos a mais feitos por mim e Cecília.
— Um restaurante é bom lugar para termos uma conversa assim? Sobre sentimentos? — Cecília olhou ao redor e depois voltou sua atenção para mim.
— Vamos voltar ao assunto, sobre você ir embora algum dia dos Estados Unidos. — insisti.
— Eu já dei minha resposta. — colocou sua bolsa em uma cadeira desocupada da mesa.
— Mas não completou a resposta, quando começamos a falar sobre sentimentos. — gesticulei com as mãos.
Cecília suspirou, abaixando a cabeça e mais uma vez o silêncio se instalou entre nós dois.
— Não quero te pressionar, desculpa. — abaixei os ombros, desanimado. — Muito menos pedir que pare sua vida, seus planos de voltar para o México por minha causa, nos conhecemos há pouco tempo, apesar de sentir que temos uma conexão muito forte, não posso fazer seu mundo girar ao meu redor... e vice versa. Somos adultos, temos nossos planos, nossos sonhos, nossa vida. Você é a mulher mais incrível que já conheci em toda minha vida. — fui sincero e ela levantou a cabeça, olhando pra mim. — Vejo verdade nas suas palavras, no seu jeito de ser, admiro tudo em você, até os mínimos detalhes. Mesmo que... mesmo que o que sinto por você não seja o mesmo que sente por mim, quero pedir que nossa amizade não acabe, mesmo que um dia deixássemos de ser paciente e enfermeira. Só quero poder, ao menos, contar com sua amizade, porque de poucas pessoas no mundo, você é uma das que mais confio!
— Pareço cruel quando fico em silêncio, escutando as coisas que me diz. — Cecília respondeu, rindo. — Mas você é tão gentil e tão verdadeiro, que me deixa sem palavras. Eu acho que nós dois já confessamos o que sentimos um pelo outro. Só não fomos óbvios nas palavras, porque temos medo de falar a verdade escancarada e ter uma resposta diferente da que esperamos.
— Tem razão. — admiti, suspirando fundo.
— No fundo, me sinto estranha e confusa por estar me envolvendo com você... não digo quanto aos meus sentimentos, porque tenho certeza do que sinto por você, mas tenho medo do que as pessoas ao redor podem pensar de mim, medo do que você pode pensar de mim. As pessoas são maldosas, não conhecem nossa verdade e julgam do mesmo jeito, esse é o meu medo.
— Mas você nunca se importou com o que os outros pensam de você, não tem porquê se importar agora.
— Uma pessoa que não me conhece, que não conhece nossa relação, certamente me chamaria de interesseira. — abaixou o olhar. — Sua irmã, por exemplo, se ela souber do que estamos vivendo, com certeza voltaria e me tiraria de você de qualquer jeito, me deportaria para o México de volta e daria um jeito de cortar qualquer vínculo entre nós dois.
— Isso não vai acontecer! A Charlotte não tem que se meter entre nós dois e se ela tentar, eu tomo minhas providências. — fui firme nas palavras. — Eu sei que você me conheceu frágil, um homem desacreditado, sem qualquer esperança, mas todo dia que você entra pela porta do meu quarto, todo dia que escuto o seu "bom dia", é como se eu me recarregasse de coragem e de novas esperanças para continuar. Você me faz feliz todos os dias. Quando você cuida de mim, se preocupa comigo, eu me sinto amado por você, como nunca me senti por outra pessoa.
— Sabe por que você se sente assim? — levantou-se da sua cadeira e se sentou na cadeira ao meu lado. — Porque eu.amo.você! — falou pausadamente. — Não digo que estou amando, mas sim que amo! Porque esse amor chegou e fez morada, sem passagem de volta, sem passagem de ida. Pronto falei!

...

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