Capítulo 99

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Capítulo 99 💐

|Luan|

Não consigo formular nenhuma palavra, quem dirá uma frase. Eu estava surpreso e feliz ao mesmo tempo, se ela está grávida, o filho é meu e agora tudo faz sentido, como peças de um quebra-cabeça que se encaixaram perfeitamente.
— E se você desconfiar que o filho não seja seu, fazemos um teste de DNA... — sua voz embargou e ela não conseguiu terminar a frase.
— Jamais! — neguei prontamente. — Cecília, eu confio em você! — segurei sua mão sobre a mesa. — Você não faz ideia da euforia dentro de mim, eu não quero criar esperanças de que vou ser pai tão rápido, porque você não fez nenhum teste, mas pensar na possibilidade, me deixa feliz, muito feliz!
— Feliz? — me encarou confusa.
— Sim, feliz! Você me disse que também sonha em ser mãe e eu sonho em ser pai, nós dois nos amamos, vamos nos casar em breve, então imagina ter um filho? Um bebê meu e seu! — comentei, rindo. — Entendo seu desespero e seu nervosismo, é muita coisa acontecendo em um curto espaço de tempo, mas eu estou aqui, estou do seu lado e independente do que seja, vou cuidar de você, assim como você cuida de mim! Não quero te ver chorando, muito menos nervosa e carregando tudo isso como um fardo.
— Obrigada. — limpou seu rosto novamente. — Obrigada por estar ao meu lado, obrigada mesmo. Amanhã tiro nossas dúvidas e você vai ser o primeiro saber!
— Combinado. — deixei um beijo no dorso de sua mão.
— Se der negativo, não fica triste, nós temos muito tempo pela frente pra fazer bebês. — levantou os ombros e nós rimos.
— Tudo resolvido então? Sem mágoas?
— Tudo resolvido. — respondeu.
Deixei outro beijo em sua mão e a puxei para um abraço apertado. Antes de brigas desnecessárias, nada melhor que uma conversa sincera e paciente, uma conversa que me encheu de esperança e felicidade, uma felicidade que não consigo descrever com palavras, apenas sentir.


(...)


Cecília dormiu primeiro, tomou um banho, vestiu seu pijama e quando deitou, pegou em um sono profundo e pesado.
Já eu não conseguia dormir, fiquei acordado, observando o teto a minha frente, pensando em mil e uma coisas, depois de anos me limitando e sendo limitado, finalmente as coisas estão dando certo na minha vida e eu desejo que continue assim e que se for pra mudar que seja pra melhor.

[...]

Eu havia chegado em casa, depois da minha final em Las Vegas e depois desse maldito acidente que acabou completamente com a minha vida. Às vezes desejo que fosse apenas um pesadelo.
— Quando vou sair da cadeira de rodas? — questionei Margareth, olhando para a cadeira de rodas no canto do quarto.
— Em breve, tenha fé, meu filho!
— Com licença? — Amber abriu a porta do quarto e entrou um tanto quanto desconfiada. — Pode me deixar a sós com o Luan?
Margareth apenas resmungou alguma coisa incompreensível e saiu do quarto, me deixando sozinho com Amber. Eu não gostava de estar assim na presença dela, machucado, debilitado, enquanto ela me olhava assustada, desconfiada e desconfortável.
— Por que não foi me ver no hospital? — murmurei.
— Não achei que eu devesse. — coçou a garganta. — Eu tinha um ensaio fotográfico, não pude adiar. — gesticulou com as mãos. — Eu sinto muito pelo que aconteceu, mas pelo menos você foi campeão... — levantou os ombros.
Mantive o silêncio e ela se aproximou mais da cama.
— Luan, eu vim te dizer tudo de uma vez, melhor do que ficar enrolando e te iludindo. — suspirou fundo. — Charlotte me contou que você ficará por um tempo na cadeira de rodas e que provavelmente nunca mais vai ter uma vida normal, enfim, eu já sei de tudo. Sinto muito pelo que aconteceu na sua vida, foi mesmo um acidente horrível, mas eu não posso continuar com você. Não posso parar minha vida por você. Me entende? Sou jovem, tenho uma vida toda pela frente, você nem sequer poderá ter filhos comigo. Eu já trouxe até a aliança de noivado, pode guardar, jogar fora, tanto faz. Me desculpa, eu realmente não posso e não consigo.
— Você chama o que sente por mim de amor? — questionei, sentindo meus olhos marejarem.
— Eu me amo primeiro e não quero acabar com minha vida ao lado da sua. — tirou o anel de noivado de seu dedo. — Não quero ser sua enfermeira, me trancar dentro dessa casa, perder minha juventude, minha vida ao lado de uma pessoa... como você. Não seja egoísta, tenho que viver minha vida sem me limitar ao seu mundo tão limitado!
— Se você já terminou de falar o que tinha pra falar, pode pegar suas coisas dessa casa e ir embora. — virei meu rosto para o outro lado.
— Eu já tirei antes de você chegar. — murmurou. — Onde posso deixar o anel?
— Não quero ele de volta, leva embora, vende, faz o que você quiser. — fui ríspido. — Agora me deixa sozinho, porque eu não estou bem.
— Tá. — foi a única que me respondeu.
— E não volta mais na minha fazenda.
— Não faço questão. — abriu a porta do quarto. — Te desejo melhoras e um bom dia. — saiu, batendo a porta.
Sua frieza e descaso me causaram dores irremediáveis. Se eu já estava mal, agora não sei dizer o que sinto e nem como eu estou.

[...]

— Não vai dormir? — Cecília murmurou e eu virei o rosto na sua direção.
— Não consigo. — respondi e ela deitou sua cabeça sobre o meu peito. — Estou ansioso. — passei a mão no seu cabelo.
— Também estou ansiosa, mas o meu sono é maior. — suspirou fundo. — Estava pensando em alguma coisa?
— Lembrando.
— Do quê? — murmurou.
— Das dores do meu passado e vendo que hoje a vida tem sorrido pra mim. — deslizei minha mão sobre seu braço. — Me deu você de presente, devolveu minha felicidade. Eu sou feliz por ser amado por você, mas sou muito mais feliz em poder te amar!
— Então que nossa felicidade dure. — abraçou minha mão. — E que pela manhã tenhamos mais um motivo pra encher nossa vida de mais amor e felicidade.

...

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