Capítulo 75

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Capítulo 75 💐

|Cecília|

Abri os olhos devagar, encarei minha mão sobre o peito de Luan e confesso que me assustei um pouco, só agora caiu a ficha do que fizemos na noite passada e de como fizemos. Me mexi bem devagar, levantei um pouco da minha cabeça e Luan continuava dormindo, bem sereno. Levantei nosso cobertor e nós dois vestíamos apenas as roupas íntimas das partes de baixo. Saí do seu lado lentamente para que não o acordasse, desci meus pés para o chão, juntei meu cabelo com as mãos e fiz um coque no alto da cabeça.
— Meu Deus, que loucura. — sussurrei para mim mesma, observando nossas roupas jogadas no chão. Olhei para Luan novamente e ele se mexia na cama, provavelmente estava acordando aos poucos.
Levantei apressada da cama, fui até minha mala, tirei meu robe de lá e vesti o mesmo, amarrando com a fita de cetim rosa claro.
— Bom dia. — caminhei de volta para cama e Luan olhava tudo ao redor, talvez tão surpreso e assustado quanto eu.
— Bom dia. — murmurou, passando as mãos no rosto. — Faz tempo que você levantou? — me olhou e eu neguei com a cabeça, me sentando na sua cama novamente. — Você dormiu comigo ou na sua cama?
— Com você, minha cama continua arrumada. — apontei para minha cama.
— Achei que você tinha fugido de mim, enquanto eu dormia. — arqueou uma sobrancelha e eu ri, negando com a cabeça.
— Não, eu dormi bem aí do seu lado. — subi para a cama novamente e me deitei ao seu lado.
— Acho que tivemos uma noite e tanto, e me sinto melhor ainda por poder lembrar de tudo. — segurou minha mão sobre o colchão e eu sorri, sentindo minhas bochechas arderem.
— Acho que temos uma conexão muito boa, em todos os sentidos. — deitei minha cabeça sobre seu peito e ele me abraçou, deixando um beijo no topo da minha cabeça.
— Nós temos. — fez carinho em meu rosto. — Você despertou sensações e sentimentos em mim, que eu não sentia há muito tempo.
— Em mim também. — dei um breve sorriso, apertando sua mão.
Às vezes me pergunto se eu devia mesmo estar tão envolvida com ele dessa forma... tanta proximidade, tanto carinho, tantas coisas acontecendo e eu só consigo chegar à conclusão de que estou apaixonado por ele.

— Estou pronta. — saí do banheiro e Luan estava sentado na cama, descendo seus pés calçados para o chão.
— Consegui colocar minhas botas sozinho! — apontou para os seus pés.
— Cada dia uma conquista nova! — fui na sua direção e deixei um beijo na sua testa. — E todas me deixam orgulhosa de você.
— Devo a você! — me abraçou pela cintura.
— E ao seu esforço e dedicação também! — fiz carinho em seu cabelo. — Vamos? Temos um dia inteiro pela frente e mais tarde vamos voltar pra você fazer alguns exercícios na academia.
— Então vamos! — apoiou sua bengala no chão e se levantou, soltando minha cintura. — Estou usando o colete também, aprendi a colocar sozinho.
— Um paciente muito dedicado! — segurei seu queixo, depositando um selinho em seus lábios. — Espera só um minuto, minha mãe está me ligando. — pedi, me afastando para atender sua ligação. — Oi, mãe, bom dia!
— Boa tarde. — seu tom de voz era sério. — Ainda está viajando?
— Sim, te disse que voltamos daqui uma semana mais ou menos. — olhei na direção de Luan e ele estava sentado na cama novamente. — Acho que depois nós duas precisamos conversar melhor, ok mãe?
— Não gosto de pensar no assunto. — murmurou, me fazendo suspirar fundo. — Eu nem sequer vi o rosto desse seu paciente.
— Vou te mostrar em breve. — respondi. — Você devia conhecê-lo pessoalmente, Luan é uma pessoa maravilhosa por dentro e por fora. — comentei e ele sorriu pra mim.
— Seria um prazer receber sua mãe lá na fazenda!
— Ele disse que seria um prazer te receber lá na fazenda, viu? — falei animada.
— Não deixo o México por nada, a não ser pra te buscar caso você faça burrada. — esbravejou, me fazendo revirar os olhos.
— Preciso desligar, tudo bem? Vamos sair pra tomar café da manhã, aproveito, vou ao banco e transfiro a quantia combinada para sua conta. Te envio uma mensagem quando eu fizer o depósito.
— Tudo bem, não precisa de pressa. Também preciso desligar, se cuida e juízo! Te amo!
— Também te amo, mãe. — dei um breve sorriso.
Finalizamos a ligação e eu voltei minha atenção para Luan, ele parecia um pouco pensativo.
— Sua mãe não gosta de mim?
— Ela não te conhece ainda. — respondi, tentando evitar uma resposta grosseira. — Quando te conhecer vai entender porque eu falo de você todos os dias pra ela! Agora, vamos, porque daqui a pouco já é almoço e nós nem tomamos café da manhã direito.
— Vamos. — levantou-se da cama, apoiando sua bengala no chão. — Espero que um dia sua mãe e eu nos conheçamos pessoalmente, talvez ela mude de ideia sobre mim.
— Primeiro tenho que convencê-la a sair do seu amado México. — passamos pela porta e ele riu, negando com a cabeça.
O dia hoje até que estava ensolarado, com algumas nuvens no céu e sem previsão de chuva, espero que não atrapalhe nosso passeio pelo centro.
— Gosto muito dessa cidadezinha, quase mudei pra cá quando eu era mais novo, mas devido aos torneios de montaria e viagens, Dallas era mais acessível pra mim. — Luan comentou, enquanto eu dirigia o carro para o centro da cidade.
— É um lugar lindo, eu moraria aqui tranquilamente, apesar de gostar muito da minha agitada Guadalajara. — respondi, rindo.
— Você tem vontade de voltar para o México? — murmurou. Nos entreolhamos e eu voltei a me concentrar no volante. — Tem data pra voltar para o México? Pra sua cidade? Pra sua mãe? Pra sua vida de antes?
— Quando eu cheguei em Guadalajara, não tinha nada que me prendia aqui, nem ninguém. Eu pensava em te ajudar até o momento da sua cirurgia, depois ficava mais um tempo aqui cuidando de você e quando você estivesse cem por cento bem novamente, eu me despedia, dava meu trabalho por completo e voltava para Guadalajara pra ajudar minha mãe a reabrir nosso antigo restaurante. — suspirei fundo.
— E agora tem alguma coisa que te prenda em Dallas?
— Não tem coisa que me prenda no Texas, em Dallas, nos Estados Unidos, tem uma pessoa, tem sentimentos. — desviei o olhar para o outro lado. — A vida às vezes nos prega algumas peças, não?
— Que sentimentos? — sua pergunta foi tão direta que me calou no mesmo instante. — Por favor, Cecília, só quero que seja sincera comigo, que sentimentos?

...

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