Capítulo 64

931 44 0
                                    

Capítulo 64 💐

|Luan|

Cecília saiu do quarto e eu aproveitei para assistir a entrevista de Erick, queria ver e escutar o que ele tinha pra dizer.
— Você ganhou destaque recentemente nos rodeios, por que nos anos anteriores você não tinha tanta mídia assim? — o entrevistador questionou Erick, que estava sentado em uma poltrona, com uma perna sobre a outra.
— Na época quem tinha bastante destaque era o Luan, meu amigo inclusive, mas depois do acidente dele, os demais peões começaram a ganhar seus lugares e mesmo assim, cada ano, um peão diferente se destacava, não era como o Luan, que era destaque ano após ano.
— Você pretende ser como seu amigo então? Ser destaque em anos consecutivos? — o entrevistador perguntou e Erick riu, como se a pergunta fosse uma piada.
— Eu pretendo ser mais, ninguém é insuperável. Admiro o Luan, mas chegar onde ele chegou, qualquer um chega, meu lema é ultrapassar os limites que ele rompeu e romper novos limites.
Erick como sempre precisa elevar seu ego, sua entrevista se resumia apenas no seu ego elevado e idiota. Desliguei a TV, deixei o controle sobre o criado-mudo e me ajeitei para dormir.
Quando deitei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos, uma pancada de lembranças veio à tona. Eu só queria poder reviver toda essa emoção.

[...]
"Campeão! Campeão!"
Era o que a plateia gritava fervorosa na arquibancada, todos em pé, enquanto as luzes estavam todas na minha direção, olhei para cima e a única coisa que eu conseguia fazer no momento, era agradecer por mais um campeonato vencido.
— Ninguém vai ocupar o lugar do nosso grande campeão! — o locutor parecia animar mais a plateia, quando me colocava pra cima. — Ninguém pode com ele, ninguém derruba ele!
— Ainda tem o último dia. — comentei baixo, enquanto o locutor se aproximava de mim.
— Mas quem vai conseguir passar na sua frente? — afastou o microfone. — Você está disparado na frente com os pontos, é um verdadeiro campeão. — bateu a mão em meu ombro.
— Amanhã vai ter mais festa que hoje! — dei um tapa em seu ombro.
[...]

Se eu soubesse que no outro dia seria minha última vez nas arenas, eu jamais teria montado.


(...)


— As malas estão no carro. — Cecília abriu a porta do meu escritório.
— Só estou organizando uma papelada aqui e nós já vamos. — respondi, fechando a penúltima pasta.
— Certo, eu te espero lá fora! — se afastou da porta e no mesmo instante, dona Margareth entrou.
— Vai deixar as chaves do escritório comigo? — dona Margareth sussurrou.
— Sim e não entrega para o Erick, nem pra qualquer outra pessoa. — sussurrei, tirando as chaves de uma gaveta. — Não entrega pra ninguém e guarda bem guardada!
— Pode deixar. — colocou as chaves dentro de uma bolsinha.
— Luan, meu velho amigo! — Erick entrou de uma vez na minha sala e dona Margareth se retirou apressada.
— Oi Erick! — respondi, enquanto ele se sentava em uma das cadeiras na frente da escrivaninha.
— Viu minha entrevista ontem?
— Comecei a ver, mas dormi. — murmurei, desinteressado. — Mas pelo que vi no começo, você se saiu bem.
— Eu sei. — ele quase estourou o peito pra responder.  — Vai viajar pra um hotel fazenda, é? Levando uma enfermeira gata junto, você não perdeu tempo mesmo, hein? — bateu com uma mão na mesa e eu o olhei, confuso. — Não se faça de desentendido, Luan! Você deve morrer de vontade de levar ela pra cama...
— Vai se foder, Erick! — fui ríspido.
— Se ela fosse mais fácil, eu já teria levado. Na verdade, não levei, por falta de tempo, se eu tivesse insistido mais nela, eu conseguia. — levantou os ombros.
— Talvez no seu melhor sonho, você consiga. — respondi impaciente e ele riu. — Estou de saída, licença. — afastei minha cadeira, peguei minha bengala e me levantei devagar.
— E você não consegue levar ela pra cama nem no seu melhor sonho! — Erick estalou os dedos na minha direção. — Talvez pelo seu problema você não consiga fazer o que outros homens normais, como eu, fazem, mas ela pode te dar uma mão amiga. — começou a rir.
— Dinheiro, fama, sexo e luxúria, é isso que te completa? Por isso você é tão fútil e vazio.
— Você fala isso, porque não tem a mesma oportunidade que eu...
— Eu já tive e mesmo assim não me transformei em um babaca. Fui inteligente o suficiente e hoje, mesmo fora das arenas, sou mais conhecido e lembrado do que você!

...

AMERICAOnde histórias criam vida. Descubra agora