Imperatriz da Coreia?

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— Não posso fazer isso Jimin. — Falo sem olhar nos olhos dele. — Não posso abdicar meu torno. — Foram as palavras mais difíceis que já disse em toda minha vida.

Seus olhos estão marejados.

Eu não deveria ter olhado para ele, agora sinto os meus olhos se encherem de lágrimas. Desvio o olhar para os túmulos dos meus ancestrais ao meu redor. Isso torna tudo mais bizarro. Este cenário não poderia ser pior.

— Desde que eu nasci fui crida para ser Imperatriz, essa foi sempre a única certeza da minha vida. Meus pais foram contra todos os protocolos e princípios da nossa época e fizeram a questão de me dar uma educação que somente é permitida para homens, fazendo com que eu aprendesse sobre economia, diplomacia, política e diferentes línguas. Tudo isso para eu estar preparada para governar meu país. — Eu falo sentido meu coração despedaçado, qualquer momento as lágrimas irão cair. Mas tento me manter firme, não quero chorar. — Eu não posso abrir mão de tudo isso. Eu não posso ignorar todo esse esforço que eles fizeram por mim. Eu jogaria fora tudo que eu aprendi.

— Você não jogaria fora o conhecimento que tem. — Jimin fala dando um passo em minha direção. — Você seria Imperatriz da Coreia, governaria ao meu lado. – Explica.

Eu queria muito isso Jimin.

— Jimin. — Minha voz se torna mais difícil de sair. — Eu sou filha única! — Dou ênfase na última palavra. — Eu não tenho irmãos para passar minha posição e também não tenho familiares que estão preparados para isso. – Quero sair correndo daqui, não quero ter que falar isso para ele. — Eu abrir mão do trono seria como virar as costas para minha família, para meu país. Se eu fizer isso, vou deixá-los sem direção.

— Eu pensei que você me amasse. — Fala em um fio de voz e vejo lágrimas grossas escorrer pelo seu rosto.

Oh céus, por favor, não faça isso Jimin.

Eu queria correr até ele e o dizer que o amava, enxugar suas lágrimas, o beijar e ficar com ele para sempre.

Mas minha vida não é simples.

Lembro-me do livro Crime e Castigo, nosso livro preferido, quando Raskólnikov tem que tomar uma decisão que mudará toda sua vida. Agora sinto-me no lugar dele de alguma forma.

— Eu te amo. — Falo de todo o meu coração. — Eu o amo demais. — Reforço. — Mas também amo meus pais, minha família, meu país, que apostaram e investiram em mim todos esses anos. – Sinto que minhas pernas estão começando a fraquejar. – Se coloque no meu lugar, se você fosse a única alternativa do seu pai? — Reflito sobre isso. — Então, é isso, eu lhe faço a proposta inversa. — Isso sim seria a nossa salvação, a salvação do nosso amor. — Abra mão do Império Coreano para se casar comigo, ser o Imperador aqui do meu país. Deixe o trono para o Taehyung, ele está preparado, vocês receberam a mesma educação. — Tenho certeza que meus pais aceitariam a troca de Taehyung por Jimin, manteríamos a aliança, e Taehyung não se sentiria rejeitado por seria o Imperador da Coreia, penso que poderia haver uma maneira de ficar tudo bem. — Então, o que você me diz?

Agora estou implorando, esperando a resposta de Jimin, não consigo ler suas expressões, ele parece estagnado.

— Jimin? — Peço pela sua resposta.

Fez-se o silencio mais ensurdecedor de toda minha existência.

— Me perdoe S/n. — Fala parecendo anestesiado. — Eu não deveria ter lhe trazido até aqui e ter lhe feito uma proposta dessas.

O que?

Essa é a resposta dele?

— Como assim? — Agora é minha vez de pedir uma explicação.

Isso foi um erro. — A gente foi um erro? — Eu me deixei levar pela emoção e esqueci por um momento dos meus deveres. — Eu me sinto petrificada. Para piorar, ele estava falando de uma maneira formal. Detestava isso entre nós. — Mas por sorte, como você é muito mais inteligente que eu, me fez recobrar a consciência e entender as minhas responsabilidades diante da minha família e da minha nação. Peço perdão pela minha indiscrição e por tudo que eu lhe fiz.

Tudo?

Ele está arrependido de tudo que a gente viveu?

— É isso que você tem para me dizer Jimin? — Começo a ficar indignada. — Você me pede em casamento e diz para eu largar tudo por você, mas quando eu lhe peço isso, tudo não passa de um erro pra você? — Fico ainda mais indignada quando pronuncio essas palavras.

Jimin mantêm seu olhar no chão.

— Não vai me responder? — Tento me controlar para não gritar, preciso manter minha sanidade. — Olha pra mim! — Não foi um pedido.

Ele ergue os olhos.

— Me perdoe. — É apenas o que ele diz.

Agora sim, sinto as lágrimas encherem meus olhos, sinto meu rosto queimar. Meus sentimentos estão um misto de raiva e tristeza.

— Eu não acredito! — Eu falo mais para mim do para ele, fracassando em segurar meu choro. — Eu tinha certeza absoluta que você acreditava que as mulheres mereciam direitos iguais dos homens. Mas parece que quando está relacionado aos seus diretos, isso não vale. — As lágrimas encharcam meu rosto e descem pelo meu pescoço. — Eu estou profundamente decepcionada com você. — Eu falo virando-me para sair do recinto. — Ninguém nunca me machucou dessa forma.

— S/n! — Tenta me alcançar para eu não sair. — Deixe-me explicar...

— Não! — Digo ríspida, antes que ele me toque. — Não quero mais ouvir sequer uma palavra sua. — Falo ainda de costas para ele.

Eu saio do jazigo, minha vontade é desaparecer. As lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto. Dou de cara com Sir. Hoseok, ele parece supresso de me ver chorando. Vou caminhando com pressa, antes que Jimin saia do jazigo.

— Alteza! — Ele faz uma reverência e começa a caminhar ao meu lado.

—Não precisa me acompanhar Sir, eu retorno sozinha. — Digo tentando limpar minhas lagrimas, com vergonha de estar chorando na frente dele.

Começo andar mais depressa, até começar a correr pelo jardim do templo, olho para atrás, para me certificar que Sir Hoseok desistiu de me acompanhar. Corro o máximo que meu vestido permite, até estar longe de todos, o suficiente para soltar meus prantos.

Várias coisas passam na minha cabeça.

Por que dói tanto?

Lembro de minha mãe falar que a dor do amor é pior de todas.

Agora eu sinto essa dor.

Eu sou uma iludida, uma tola.

Repasso tudo que ele me disse.

Achei que saberia identificar quando uma pessoa era verdadeira comigo, achei que eu sabia me proteger, mas não. Estou em pedaços. Choro o máximo que meus pulmões permitem.

Eu penso em tudo o que já passei na minha vida, mesmo sendo jovem, tive que lidar com a responsabilidade e a pressão de ser a herdeira de um país que ainda está em desenvolvimento. Penso no que meus pais fizeram por mim e nas expectativas que eles têm de quando eu for Imperatriz.

Então, repito como se fosse o meu mantra na minha cabeça:

Eu preciso me recompor.

Eu preciso provar que sei lidar com as minhas emoções.

Eu preciso voltar.

Eu preciso cumprir o meu dever.

Eu preciso fazer isso pela minha família.

Eu preciso fazer isso por mim mesma.

Chegou a hora de provar quem eu realmente sou.

Junto os cacos do meu coração.





Eu preciso me casar com Kim Taehyung.

Dois Impérios - Imagine Park Jimin e Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora