Arrependimento

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Por que a vida é tão frágil?

Em um momento, em segundos, a vida pode se desfazer diante dos seus olhos, e aquela pessoa que estava ali, todas as horas, todos os dias, todos os momentos, que pareceria que sempre estaria ali, se vai, pra sempre. Eu nunca mais o verei. Nunca mais vou conversar com ele. Sentir seu abraço aconchegante... Não há nada que eu possa fazer, não há nada que ninguém no mundo possa fazer. É tão difícil compreender a morte, ainda mais, difícil é compreender o porquê ela vem de uma maneira tão repentina e arranca as pessoas do mundo. Por que tudo que nasce inevitavelmente morre? A dor é insuportável, insuportável de saber que não tem volta. Lembro da forma que tratei ele na nossa última conversa, a dor esmaga meu peito, como puder ter tão desrespeitosa com ele. Mesmo nos divergindo nossas opiniões ele tentou me escutar, me explicou seus motivos, eu não consegui me colocar no lugar dele. Logo eu, que me considero uma pessoa tão empática, não consegui me colocar no lugar do meu pai, uma das pessoas mais próximas de mim, eu não consegui enxergar o lado dele. Acho que não sou quem eu pensava que era...

Juntamente com a dor da perda, vem a dor mais aniquiladora de todas, a dor do arrependimento. O arrependimento carrega com sigo todas as possibilidades do que poderiam ter acontecido: "Se" eu tivesse agido diferente. "Se" eu tivesse conversado de uma maneira diplomática. "Se" eu não tivesse deixado a raiva me dominar...

O "Se" não existe.

O "Se" nunca vai existir...

Lembro-me das últimas palavras dele para mim.

"Ninguém mais que eu espero que você esteja certa"

Como eu pude ser tão imatura?

Eu só queria que ele estivesse aqui.

Eu disse que agiria melhor que ele, eu o menosprezei, agora, a vida, ou melhor, a morte, me obrigou a assumir prematuramente seu lugar. Eu não estou preparada para isso. Eu não quero.

Não agora.

Não já.

Não dessa forma.

Eu sinto meus pulmões arderem de tanto chorar, afundo minha cabeça no peito de Tae, depois de ver o caixão de meu pai descendo até o fundo da sua cova. Estamos no jazigo da nossa família, minha mãe é a primeira a jogar um punhado de terra, que se espalha pelo caixão. Tae me puxa delicadamente para que eu faça o mesmo. Eu pego a terra com a minha mão direita, molhada de lágrimas, a aperto na minha mão com toda força que tenho, então, a jogo em cima do seu caixão. Em seguida, começam a tocar o toque fúnebre que somente é tocado quando alguém da família real falece. Após, a cerimônia de enterro, as pessoas presentes vêm me dar os pêsames, tudo isso torna a situação ainda mais dolorosa, pois é a primeira vez que me chamam de "Vossa Majestade". Esse título parece não caber em mim, mesmo que ainda não ocorreu minha coroação, a partir de agora é assim que as pessoas devem se dirigir a minha pessoa. Após a minha coroação, serei oficialmente e irrevogavelmente a protetora do Império, ou seja, Imperatriz.

— Amor? — Tae chama minha atenção, ele está com um olhar preocupado me analisando, enquanto acaricia meu rosto enxugando as minhas lágrimas. — Vamos caminhar um pouco, aqui, pelo jardim do templo?

Concordo acenando com a cabeça.

Nós vamos caminhando pelo jardim, Tae se mantem me abraçando pela cintura.

— Eu queria poder fazer algo para diminuir a sua dor. — Ele fala subindo seu braço para meus ombros, me aninhando em seu corpo.

— Nunca me senti tão mal em toda minha vida. — Finalmente, consigo dizer, as lágrimas continuam descendo pelo meu rosto. — Além de perde-lo, ainda, nem ao menos o pedi perdão pela forma que eu agi na nossa última conversa. — A últimas palavras quase não saem devido aos meus soluços, verbalizar isso é ainda mais dolorido. — Fui uma péssima filha.

Dois Impérios - Imagine Park Jimin e Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora