O fruto do nosso amor

Capítulo 2

• Fernando •

O nome dela era Maiara.

Maiara Carla Pereira.

E eu levei exatos cinco encontros com ela para descobrir essa primeira e simples informação.

Mais alguns intervalos passados juntos naquele lugar, e eu fui aos poucos descobrindo outras coisas no decorrer das nossas breves conversas, geralmente tidas antes de ela colocar os fones nos ouvidos e, com isso, dar o sinal claro de que não queria mais ser incomodada.

Bem, ela tinha dezesseis anos e estava no penúltimo ano do ensino médio. Tinha se mudado para a cidade há pouco mais de um ano. Assim como eu, ela não tinha irmãos e morava com a mãe. Em momento algum mencionou um pai, e eu também não perguntei nada a respeito disso.

E, além de Nina Simone, ela também gostava de Aretha Franklin, Tina Tunner, Billie Holliday, Whitney Houston, Amy Winehouse... e de algumas artistas mais modernas como Alicia Keys, Adele e Nora Jones.

E eu sabia disso porque todos os dias perguntava quem ela ouviria no momento em que começava a colocar os fones nos ouvidos. Ela, no entanto, não era de me fazer perguntas. Ao menos não até aquele dia. Pelas minhas contas, já fazia mais de um mês que vínhamos passando os intervalos juntos quase todos os dias.

Maiara: Por que um cara como você decidiu começar a se esconder e ficar sozinho durante o horário de almoço?

Fernando: Defina 'um cara como você' — pedi.

Eu entendi o que ela queria dizer, mas queria estar certo antes de formular qualquer resposta.

Maiara: Você sabe. O bonitão milionário da cidade.

Não pude evitar rir. Confesso que não esperava uma resposta tão sincera e direta.

Fernando: Obrigado pelo 'bonitão'.

Ela revirou os olhos.

Maiara: Como se você não soubesse.

Fernando: Bem, eu não fico sozinho. Você está aqui, não está?

Maiara: Sabe o que quero dizer. Você é popular, tem um monte de amigos e um monte de garotas se jogando aos seus pés.

Fernando: Estou aqui há pouco mais de um mês. Não tenho 'um monte de amigos'. Tenho um monte de gente querendo forçar amizade. É bem diferente.

Maiara: E não é este o sonho de todo estudante de ensino médio? Ser sempre convidado para as festas, ter as garotas mais bonitas implorando por sua atenção, ter um monte de gente se oferecendo para fazer seu dever de casa.

Fernando: Só para constar: eu faço o meu próprio dever de casa.

Maiara: Só porque você quer.

Fernando: É, na verdade, eu realmente quero. E, sim, é interessante ser convidado para as festas e não ter grandes dificuldades para sair com as garotas. Mas gosto dos momentos de introspecção. Você parece gostar também.

Maiara: Bem... ninguém me convida para festa alguma, então é meio fácil usar esse discurso.

Fernando: Se convidassem, você iria?

Ela não pareceu precisar pensar muito antes de responder:

Maiara: Não bebo, não sei dançar, não uso drogas e nunca chego em casa depois das dez, então... Acho que não saberia aproveitar as festas da melhor forma.