Capítulo 44

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• Maiara •

No caminho até o local marcado, eu senti que estava sendo seguida, mas evitei olhar para trás. Eu não fazia ideia do que aquela louca da Filomena pretendia com aquele sequestro, mas fui durante todo o trajeto orando para que minha filha não estivesse ferida ou amedrontada.

E foi um verdadeiro alívio quando, ao entrar naquele chalé, avistei uma porta aberta, levando para um quarto. Lá dentro, sentada no chão, estava Nina, parecendo se divertir com giz de cera e folhas de papel, fazendo desenhos. De pé, ao lado da porta estava a monstruosa Filomena. Em suas mãos, cobertas por luvas, estava um revólver.

Filomena: Não se aproxime da menina — ela ordenou.

Sua voz era baixa, mas foi alta o suficiente para chamar a atenção de Nina, que levantou o rosto e sorriu ao me ver.

Bettina: Mamãe! — ela falou. — O tio João foi me pegar na escola.

João? Então tinha sido ele que ajudou Filomena a buscar Nina na escola? Em troca de quê? De dinheiro? De vingança? Ele não tinha reagido muito bem ao término, mas... jamais esperaria que tentasse algo daquela gravidade contra mim e, pior, contra a minha filha.

Movimentei a cabeça em concordância, tentando esconder meu assombro e forçar um sorriso. No entanto, esse se desfez quando Nina se levantou e começou a vir em minha direção. Filomena apontou o revólver para ela e eu gritei.

Maiara: Não! Nina, pare, por favor!

Nina parou imediatamente de andar. Seus olhinhos, assustados e confusos, se focaram na mulher que a ameaçava com uma arma. Tentei acalmá-la:

Maiara: Está tudo bem, meu coraçãozinho. Apenas fique aí desenhando enquanto a mamãe conversa com essa... senhora.

Mas ela obviamente percebeu que não estava tudo bem.

Bettina: O que está acontecendo, mamãe? — ela perguntou, ainda parada e olhando fixamente para Filomena.

Filomena: Ouviu a sua mãe. Fique aí nesse quarto, bem quietinha, enquanto eu converso com ela.

Os olhos de Nina saíram de Filomena, olhando para mim. Tentei novamente sorrir, movendo a cabeça em uma afirmação.

Maiara: Faça isso, meu amor. Por favor, seja uma boa menina e volte para o quarto. Nós logo vamos para casa, eu prometo.

Ela concordou e, hesitante, retornou ao quarto, parando bem no meio do cômodo. Mas seguiu olhando para mim.

Filomena: Que bom que veio — Filomena falou.

Eu a olhei, sentindo-me consumida pelo ódio. Ergui as mãos em um sinal de rendição, para que ela entendesse que eu não pretendia reagir. Entretanto, não consegui conter a fúria nas minhas palavras:

Maiara: Como pôde tentar algo contra a minha filha?

Filomena: Eu não fiz nada com ela. Não a machuquei, ela estava até se divertindo. Incrível o que giz de cera e folhas de papel podem fazer.

Maiara: O que quer comigo?

Filomena: Que você vá embora.

Maiara: Senão o quê? Vai atirar na sua própria neta?

Filomena: Ela não é minha neta. A filha de uma enfermeirazinha jamais será uma Zorzanello... Nunca!

Maiara: Sinto te contar, mas ela já é. Infelizmente, ela divide o mesmo sobrenome que você, mas ele também é do pai dela.

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