• Maiara •
Até aquele momento, tudo parecia correr bem. Eu tinha fechado o aluguel de um apartamento de dois quartos próximo ao hospital onde eu iria trabalhar, e perto também da escola onde consegui fazer a matrícula de Nina.
Fui preparada para encontrar um lugar diferente das fotos do anúncio, mas respirei aliviada ao ver que o apartamento condizia perfeitamente às descrições dadas pelo proprietário. Era pequeno, mas bem localizado. Ainda não tínhamos muitas coisas, mas, aos poucos, iríamos deixar aquele lugar com a nossa cara. E parecendo um lar. Ao menos, era o que eu desejava. Minha filha já não parecia mais tão otimista assim.
Bettina: Estou com saudades da vovó, do vovô, do tio Eduardo e do tio Bruno — Bettina reclamou, enquanto eu penteava seus cabelos pela manhã.
Maiara: Podemos fazer uma ligação de vídeo para eles de noite. O que acha?
Bettina: Não é a mesma coisa, mamãe. E eu também não sei se quero ir para uma escola nova.
Terminei de prender os cabelos dela em um rabo de cavalo no alto da cabeça e me levantei da cama onde estávamos sentadas, abaixando-me no chão à sua frente. Ela fazia aquele biquinho que sempre tomava seu rosto quando estava chateada, mas o qual eu achava uma fofura.
Maiara: Sinto muito, meu coraçãozinho. Mas já conversamos sobre isso, lembra? Mamãe arrumou um emprego muito bom aqui, e por isso precisamos nos mudar para cá.
Bettina: Eu sei, mamãe. Mas nossa família não podia vir junto?
Maiara: Seus avós têm os trabalhos deles. E seus tios também. Eu sei que está triste com isso, meu amor. Mas nós vamos dar um jeito. Mamãe tentará conseguir alguns dias de folga quando você entrar de férias na escola, e daí poderemos visitar nossa família. Sem contar que o tio Eduardo e o tio Bruno terão férias em alguns meses e vão vir passar uns dias com a gente.
Bettina: Eu sei, mamãe. Mas eu fico triste.
Maiara: Eu também estou, meu amor. Muito. Mas nós temos uma à outra e vamos conseguir dar um jeito nisso, não é?
Um leve sorriso surgiu em seu rosto.
Bettina: Nós somos um time, não é, mamãe?
Maiara: Somos. E, quando estamos juntas, ninguém pode nos vencer. Agora, anda, vamos calçar seus tênis para ir para a escola.
Segurei sua mão e ela desceu da cama, seguindo comigo até a sala. Ela se sentou no sofá para colocar os tênis, enquanto eu ia para a cozinha anexa preparar um lanche para ela levar.
Bettina: Será que a escola nova vai ser legal, mamãe? — eu a ouvi perguntar.
Maiara: Lógico que será. Tenho certeza.
Bettina: Tio Eduardo falou pra eu não deixar ninguém me tratar mal. Disse que eu tenho que me impor se alguém fizer isso.
Suspirei.
Meu irmão postiço sempre foi do tipo encrenqueiro na escola. E, apesar de agora ser já um homem adulto, não era exatamente um cara com os melhores dos conselhos para dar a crianças.
Maiara: Se alguém te tratar mal, você tem que falar com o professor — rebati. — Nada de 'se impor'.
Bettina: E se não adiantar? Se o professor não fizer nada?
Maiara: Aí você fala comigo quando chegar em casa, que eu vou até lá para falar com a diretora.
Bettina: E se a diretora também não fizer nada? Daí eu posso me impor?
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O fruto do nosso amor
FanfictionEles se apaixonaram na adolescência. Mas um reencontro, anos depois, revelou que o médico milionário era pai. Fernando e Maiara se conheceram no ensino médio. Ele era o garoto milionário da cidade, o popular que já estava cansado de toda a bajulaç...