Capítulo 42

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• Fernando •

Quando atendi ao celular de Maiara, não tive tempo de sequer dizer 'alô' antes de a ligação ser encerrada. Ia colocar o aparelho de volta na mesa, quando meus olhos se focaram na tela. Mais precisamente, nas notificações de mensagens exibidas nela.

O telefonema aparentemente era um mero aviso para que as mensagens fossem vistas.

Desconhecido: Estou com a sua filha. Vou enviar o endereço para que você venha buscá-la, logo que você concordar com as regras. Você deve vir sozinha. Ninguém mais deve saber a respeito disso, especialmente Fernando.

Havia mais mensagens, mas eu não conseguia acessar por causa do bloqueio de tela. Inicialmente, achei que aquilo fosse algum tipo de golpe, mesmo que meu nome tivesse sido citado. Sabia que bandidos e golpistas estavam a cada dia mais 'profissionais' em suas técnicas. Contudo, esse meu lado racional logo desabou, dando lugar a um onda de pavor pela possibilidade de aquilo ser real.

Maiara: Amor? — a voz de Maiara chegou aos meus ouvido e eu a olhei, vendo-a parada próxima à porta do banheiro. — Aconteceu alguma coisa? Quem era no telefone?

Fernando: Desbloqueie a tela e me deixe ver suas mensagens, Maiara — eu sabia que soava como um babaca abusivo, mas aquela nem de longe era a situação.

Maiara: O quê? O que aconteceu, Amor? — ela perguntou, enquanto se aproximava e pegava o celular.

Logo que seus olhos avistaram as notificações na tela, uma expressão de pânico tomou o seu rosto e ela se apressou em usar a digital para fazer o desbloqueio e poder ver as demais mensagens.

As pernas dela tremeram e eu precisei ampará-la para que não caísse, guiando-a até a cadeira e pegando o celular de sua mão. As demais mensagens eram fotografias de Nina. Ela estava sentada no chão, parecendo entretida desenhando em alguns papéis. Na última das fotos, minha filha estava em segundo plano, já que a pessoa que fotografava exibiu um pequeno revólver, para mostrar que, apesar de Nina estar fisicamente bem, estava sob uma real ameaça.

Rolei a tela para baixo, vendo mais mensagens de texto depois das fotos.

Desconhecido: Precisa vir sozinha. E traga com você algum documento de identificação. Tenho alguém vigiando o local e preparado para me dar um aviso caso você apareça acompanhada por qualquer pessoa. Especialmente Fernando. Ele não deve saber, em hipótese alguma, ou eu atiro na garota. Entendeu bem? Dê um OK caso concorde com as regras e te mandarei o endereço e o horário exato em que deve vir.

Maiara: Responda, Fernando — Maiara implorou. — Dê o OK que ela pediu.

Ela...

Voltei para a foto em que a arma era exibida. A mão que a segurava usava uma luva, o que tornava impossível saber se seria de um homem ou de uma mulher. Contudo, eu já sabia qual era a maior suspeita de Maiara. Porque, infelizmente, era a minha também.

Digitei e enviei um 'ok' como resposta e peguei o meu próprio celular, ligando para a escola de Nina, onde ela devia estar, em segurança, naquele momento.

Diretora: A Nina foi liberada há cerca de uma hora... — a diretora anunciou logo que perguntei pela minha filha.

Fernando: Como assim liberada? Vocês entregaram a minha filha a um desconhecido?

Diretora: Acalme-se, senhor. A pessoa que veio buscá-la comprovou ser avó dela. E Nina reconheceu o rapaz que a acompanhava como seu tio.

Fernando: Tio? — Olhei para Maiara, que, ao ouvir aquilo, imediatamente pegou seu celular, provavelmente para ligar para o irmão. — As únicas pessoas autorizadas a buscarem Nina são a mãe dela e eu.

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