Capítulo 23

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• Maiara •

Oito anos depois...

Marco César: Se as coisas por lá não derem certo, você sabe que pode voltar, não é?

Terminei de fechar a última das malas sobre a minha cama e me virei, ficando de frente para Marco. Era difícil mudar velhos hábitos, então eu basicamente seguia chamando-o pelo nome, embora as coisas entre nós tivessem mudado consideravelmente.

Não que tivéssemos nos tornado mega amigos. Não éramos de ter longas conversas – bem, ele não era de ter muitos diálogos com ninguém. Porém, o apoio que ele havia me dado naqueles últimos anos, desde o momento em que eu contei que estava grávida, meio que me fez relaxar um pouco da resistência que eu tinha em aceitar a paternidade dele.

Eu ainda lamentava pelos anos da sua ausência na minha vida, mas ele se mostrava verdadeiramente arrependido por isso. E ele acabava compensando de alguma forma, já que era um ótimo avô. E, eu precisava admitir... vinha sendo um bom pai para mim também. Eu estaria completamente perdida se não fosse por ele e por Ana. Ah, e é claro, por Eduardo, apesar de ele já ter se mudado há alguns anos.

Os três foram a minha rede de apoio na maternidade, e foi graças a isso que consegui terminar meu ensino médio e ingressar na minha sonhada faculdade de enfermagem.

Agora, eu estava prestes a dar mais um passo importante na minha vida, que incluía sair da casa deles. Tinha conseguido um emprego em um grande hospital, o que me forçava a me mudar.

Maiara: Eu sei, Marco... — declarei em resposta. — Obrigada. Por tudo.

Um silêncio constrangedor se instalou entre nós, até que ele se ofereceu para pegar minha mala e levar até o carro, colocando-a no porta-malas junto ao restante da bagagem.

Eduardo segurava minha filha no colo. Ao seu lado estava Ana, que tentava conter as lágrimas na despedida da garotinha que a chamava de avó. Minha menina estava com sete anos. E era simplesmente linda.

Bem... Ela era a cara do pai, para falar a verdade. Ela parecia chateada pelas despedidas, tanto que fazia um biquinho que sempre deixava seus lábios no formato de um coração. Foi por conta disso que passei a chamá-la de 'meu coraçãozinho'. Era brega, mas... que mãe eu seria se não fosse?

Maiara: É hora de ir, meu amor — anunciei.

Ela deu mais um abraço em seu tio Eduardo e outro em sua avó Ana, indo em seguida se despedir do avô, que a levantou em seus braços, com um jeito carinhoso que ele só deixava tão explícito assim com ela.

Minha madrasta veio me abraçar.

Ana: Tenha cuidado na estrada, querida. E ligue logo que chegar, tá bom?

Maiara: Pode deixar, Ana. Obrigada por tudo.

Ana: Não tem nada o que agradecer.

Maiara: Como não? E tudo o que você fez por mim e pela minha filha nesses últimos anos?

Ana: Prometi que ia cuidar de você como sua mãe cuidaria, querida. Sei que jamais seria a mesma coisa, mas... Foi a promessa que fiz. E você é família. E é isso o que família faz: cuida uns dos outros.

Senti um nó se formar em minha garganta, mas não queria chorar, porque sabia que isso poderia ser um gatilho para que minha filha chorasse também. E eu não queria tornar aquele momento mais difícil para ela.

Soltando-me de Ana, fui abraçar Eduardo. Ele tinha vencido, no fim das contas, e eu agora já o apresentava a todo mundo como sendo meu irmão. E tinha se tornado, também, meu melhor amigo.

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