Capítulo 17

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• Fernando •

A primeira coisa que fiz quando entrei no quarto de hotel foi verificar o meu celular.

Desde a minha chegada no aeroporto, tantas horas antes naquele mesmo dia, que Maiara não vinha falando direito comigo. Todas as demais mensagens que mandei depois daquilo tinham sido respondidas por ela com um breve e seco 'ok'.

Eu vinha tentando me iludir de que ela talvez estivesse enrolada na lanchonete, em um daqueles dias de muitos clientes. Sabia que ela trabalhava até às oito, então achei que, naquele momento, já às nove e quarenta e dois da noite no Brasil (oito e quarenta e dois na cidade onde eu estava), ela provavelmente estaria em casa, então conseguiríamos conversar melhor.

Deixei a mala no chão do quarto e me joguei sentado na cama, realizando uma chamada de vídeo. Muitos toques. Mas ela não atendeu. Talvez estivesse conversando com a mãe e longe do celular, pensei. Mas eu conhecia Maiara. Ela mesma tinha me pedido para avisar quando chegasse, então eu achava muito pouco provável que tivesse largado o celular longe de si durante tanto tempo. Afinal, logo que meu voo pousou, alguns minutos antes, mandei uma mensagem para ela informando que já estava em Massachussetts. Desta vez, ela sequer mandou um 'ok'. Apenas visualizou, mas não disse nada.

Decidi esperar um pouco. Ela veria que eu liguei e retornaria a ligação. Para tentar me distrair, desfiz minha mala, guardando as poucas roupas que levei dentro do guarda-roupa. Em seguida, tomei um banho, e então voltei a me sentar na cama e a olhar o celular.

Nenhuma ligação.

Nenhuma resposta.

Nada.

Aquilo me preocupou. Temi que algo tivesse acontecido. Meu primeiro pensamento foi com relação à saúde de Almira. Voltei a tentar uma chamada de vídeo. Nada. Tentei, em seguida, uma ligação convencional, por voz, mas Maiara novamente não atendeu.

Desta vez, no entanto, uma mensagem de texto surgiu em minha tela.

Maiara: Por favor, não me ligue mais, Fernando. Preciso conversar com você. Mas precisa ser assim.

Aquilo me preocupou ainda mais. Se Maiara tinha algo importante para conversar comigo, não seria mais lógico que fizesse isso em uma conversa por vídeo ou voz ao invés de mensagens de texto? Pensando sobre os possíveis motivos disso, minha mente logo levantou as piores possibilidades. Será que ela não podia falar por estar em um hospital?

Fernando: Está tudo bem com a Almira? O que aconteceu, Maiara?

Maiara: Minha mãe está bem. Ela não tem nada a ver com isso.

Fernando: Então fala logo, amor. O que está acontecendo?

Ela começou a digitar. E então parou.

Intermináveis segundos pareceram se passar até ela começar a digitar novamente. E então parou de novo. A impressão que eu tinha era que ela escrevia e apagava as mensagens, como se treinando o melhor jeito de dizer alguma coisa.

Até que, enfim, uma mensagem apareceu. E era o que eu menos esperava ler.

Maiara: Acho que nós devemos terminar.

O fruto do nosso amorOnde histórias criam vida. Descubra agora