• Fernando •
Conforme o combinado, logo que acabou o meu plantão, segui para a casa de Maiara. Ainda não eram nem seis da manhã, por isso enviei antes uma mensagem para saber se ela já estava acordada. Ela respondeu que sim, emendando com um "Por favor, venha logo para cá".
Inicialmente, interpretei aquela exigência com um tanto de malícia. Especialmente quando ela abriu a porta e eu vi que usava o velho moletom que eu tinha lhe dado anos antes, com a frase 'O Jazz não Está Morto' estampado à sua frente e... aparentemente apenas isso e, talvez, uma calcinha, que eu não podia ver, já que a peça de roupa era bem comprida, indo até o meio de suas coxas.
No entanto, tive poucos segundos para admirar aquela imagem tão sensual, já que ela imediatamente se jogou em meus braços, chorando de forma descontrolada.
Fernando: Amor? O que aconteceu? Alguma coisa com a Nina? — perguntei, aflito.
Maiara: Nada... Nada, amor. Apenas me abrace forte, por favor.
Eu não acreditei na resposta dela, mas fiz o que ela pediu, abraçando-a com força. Sem soltá-la, consegui fechar a porta e guiá-la até o seu quarto, onde a puxei para se deitar comigo, mantendo-a acomodada em meus braços enquanto passava as mãos pelos seus cabelos e lhe garantia que tudo ficaria bem, ainda que não compreendesse o motivo de seu choro.
Isso me lembrou de uma noite, anos antes, quando ela adormeceu em meus braços vencida pela exaustão de tanto chorar, após me contar sobre seus medos com relação à saúde da sua mãe. Naquela ocasião, eu também havia garantido a ela que tudo daria certo e, no fim das contas, tinha sido o extremo oposto disso.
Passou-se algum tempo até que voltei a perguntar algo, quando percebi que ela começava a se acalmar.
Fernando: Quer me contar o que aconteceu, amor?
Ela se manteve em silêncio por alguns instantes, até que levantou o rosto, olhando em meus olhos.
Maiara: Você fez um teste para ser o doador da minha mãe?
Pisquei algumas vezes, intrigado, perguntando-me como ela podia ter descoberto aquilo.
Fernando: É, mas eu, infelizmente, não era compatível — respondi.
Maiara: Você estava mesmo disposto a doar um rim para alguém que nem era sua parente?
Fernando: Amor... Eu adorava a sua mãe. E, mais do que tudo, eu amava... e eu ainda amo você. E ela era a pessoa mais importante da sua vida. É claro que eu faria qualquer coisa que pudesse para salvar a vida dela.
Maiara: Por que não nos contou?
Fernando: Porque foi só um teste. E eu já sabia que a probabilidade de eu ser um doador compatível era muito pequena. Não quis alimentar expectativas em vocês, não queria que sofressem ainda mais. Mas eu torcia muito para que o resultado fosse positivo, e então eu obviamente teria que contar a vocês.
Maiara: Podia ter me contado depois.
Fernando: De que adiantaria, amor?
Maiara: Amor... Você tem ideia do quanto isso significa para mim? Acho que nada nunca fez com que eu me sentisse mais amada do que esse seu gesto.
Passei as mãos pelo rosto dela.
Fernando: Eu faria qualquer coisa para impedir que você sofresse, amor. E sei o quanto é estranho ouvir isso justamente da pessoa que mais te magoou na vida.
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O fruto do nosso amor
FanfictionEles se apaixonaram na adolescência. Mas um reencontro, anos depois, revelou que o médico milionário era pai. Fernando e Maiara se conheceram no ensino médio. Ele era o garoto milionário da cidade, o popular que já estava cansado de toda a bajulaç...