• Fernando •
Depois de conseguir estabilizar minha paciente, fui atrás de Maiara. Eu tinha ouvido ela dizer a Nina para que subisse para o andar de cima, o que me fez deduzir que ela devia estar alocada no andar da Pediatria. Contudo, ela não estava lá.
Perguntei à chefe de enfermagem, que me informou que a enfermeira Maiara tinha pedido para ser liberada mais cedo, alegando uma emergência. Fugir de mim tinha sido a emergência. E, agora, eu tinha uma emergência também, que era descobrir o que havia realmente acontecido oito anos antes.
Aproveitando que já estava no horário de outro cardiologista assumir o plantão, fui embora. Quando cheguei ao estacionamento e peguei o meu carro, no entanto, não foi para o meu apartamento que segui. Ao invés disso, peguei a estrada, pronto para fazer uma viagem de até a cidade onde eu tinha morado antes de ir para a faculdade.
A cidade onde minha mãe ainda morava.
Eu estava saindo de um plantão longo, há muitas horas sem dormir, mas, de repente, não sentia mais qualquer cansaço físico ou sono. A carga emocional da breve conversa tida com Maiara parecia exercer o poder de uma dosagem pesada de drogas estimulantes na minha circulação sanguínea.
E eu não teria paz enquanto não esclarecesse tudo aquilo. E, dependendo do que eu fosse descobrir, certamente nem assim encontraria calmaria para a minha alma.
Foram quase duas horas de viagem e, quando cheguei, o sol já havia se posto. Ainda assim, sabia exatamente em qual cômodo da casa encontraria a minha mãe. E não deu outra. Quando abri a porta de seu escritório, a avistei sentada atrás da grande mesa de mogno, trabalhando no computador.
Filomena: Fernando! — ela exclamou, demonstrando surpresa ao me ver. — Meu aniversário é só daqui a três semanas. por que você se adiantou tanto?
Ela se levantou e veio em minha direção, recebendo-me com o abraço frio e impessoal que já lhe era característico. Não lhe dei tempo para mais perguntas e a afastei de mim, começando a falar: —
Fernando: Há oito anos, você me mostrou fotos da Maiara com outro garoto.
Filomena: Fotos de quem? — ela indagou, me interrompendo.
Fernando: Maiara, mãe. Minha namorada do ensino médio.
Filomena: Meu Deus, Fernando. Por que isso agora? — Ela voltou a caminhar até a sua cadeira, onde se sentou. — Eu nem me lembrava mais daquela garota
Fernando: Você me mostrou fotos dela, disse que ela estava me traindo.
Filomena: Estava claro naquelas fotos, não?
Fernando: Não. As fotos mostravam apenas um abraço. Um inocente abraço. Mas, pelo modo como você falou, era como se aquilo fosse tudo o que tinha conseguido registrar, mas que estava certa na acusação que fez.
Filomena: Repito, Fernando: por que isso agora, do nada, tanto tempo depois?
Ela tentou fingir desinteresse, mas levantou os olhos em minha direção quando eu declarei:
Fernando: Eu reencontrei a Maiara.
Filomena: Sério?
Fernando: É... sério.
Filomena: Tanto tempo depois, por que isso deveria ser relevante?
Fernando: Eu a amava, mãe. Você sabia disso.
Filomena: Você era um garoto, Fernando. Agora é um homem. Ainda não superou isso?
Fernando: Mentiu sobre as fotos... e sobre o que mais?
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O fruto do nosso amor
FanfictionEles se apaixonaram na adolescência. Mas um reencontro, anos depois, revelou que o médico milionário era pai. Fernando e Maiara se conheceram no ensino médio. Ele era o garoto milionário da cidade, o popular que já estava cansado de toda a bajulaç...