Capítulo 38

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• Maiara •

Despertar ao lado de Fernando era tão maravilhoso quanto dormir ao lado dele. Ele parecia incansável e, antes que eu pudesse sequer lhe dizer bom dia, já estava me beijando, me tocando... E já estava dentro de mim mais uma vez, fazendo meu corpo inteiro tremer de prazer.

Ainda estava bem cedo, então nos permitimos passar mais algum tempo na cama. Ele deitado de costas e eu de bruços ao seu lado, descansando minha cabeça sobre o seu peito enquanto ele acariciava meus cabelos.

Maiara: Percebeu que cometemos o mesmo deslize da nossa primeira vez? — perguntei.

Fernando: Conseguiu mesmo ver algum deslize nesta noite? Achei que tivesse sido tudo perfeito todas as... três vezes? Quatro, se contarmos esta da manhã.

Revirei os olhos, pensando que o chamaria de presunçoso, caso ele não estivesse totalmente certo com relação à sua performance.

Maiara: Estou me referindo ao fato de termos esquecido de usar preservativo.

Ele fez uma pausa, parecendo pensar a respeito disso.

Fernando: Mas nós usamos camisinha na nossa primeira vez há oito anos. Deixamos de usar na segunda, mas usamos na primeira.

Maiara: Foi tudo na mesma noite, conta tudo como primeira vez.

Fernando: Então a contagem é por noites? Toda essa noite só valeu por uma vez, então?

Maiara: Bem, não é como se estivéssemos contando. Mas, se fosse, é melhor por noite, ou vou perder as contas. Aliás, hoje será meio difícil trabalhar com as pernas doloridas desse jeito.

Fernando: Devo pedir desculpas?

Levantei o rosto e dei um beijo em seus lábios como resposta. Ele definitivamente não devia desculpa alguma.

Maiara: Mas, sério, Fernando, não somos mais dois adolescentes para cometermos deslizes assim. A sorte é que, como sou agora uma mulher adulta, faço uso de contraceptivos.

Fernando: E eu juro para você que nunca deixo de usar camisinha. As únicas vezes foram justamente com você. Pode parecer papo de cafajeste tentando iludir mocinhas inocentes, mas é a mais pura verdade.

Maiara: Hm... Como vou saber? Você tem razão, é um papo muito parecido com aquele de 'vamos lá para casa ouvir uns vinis na minha vitrola'?

Ele riu. Um gargalhada tão gostosa que encheu o meu peito de paz. Era como se meu antigo Fernando estivesse totalmente de volta.

Fernando: Era também verdade daquela vez. Eu te convidei para ouvir os discos e nós ouvimos.

Maiara: Tudo bem. Eu acredito em você agora também. Mesmo assim, não é prudente seguirmos com esses deslizes.

Fernando: Posso ser sincero?

Maiara: Sempre.

Fernando: Eu não acharia nada ruim ter outro filho com você.

Tentei disfarçar o quanto aquela confissão mexeu comigo.

Maiara: Tem certeza? Você viu ontem como apenas a Nina já dá uma bela de uma canseira.

Fernando: Eu te pareci cansado essa noite?

Maiara: Definitivamente não. Mas posso afirmar que está mais presunçoso do que nunca, doutor Zorzanello.

Ele deu um beijo no alto da minha cabeça e pareceu pensativo por alguns instantes, antes de declarar.

Fernando: Talvez a falsa presunção seja para esconder um mundo de insegurança e culpa, amor. Um desejo louco de agarrar essa nova chance com todas as minhas forças e fazer tudo certo dessa vez. Se tivermos outro filho, eu vou fazer parte de tudo. De cada etapa, de cada segundo. E eu verdadeiramente quero um dia ter essa chance. Mas você está certa, não é este o momento. A Nina merece que, ao menos por algum tempo, toda a minha atenção como pai seja focada nela.

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