Capítulo 46

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• Maiara •

Seis meses depois, tinha chegado o dia do nosso casamento. Não, não teve nada de igreja, nem qualquer tipo de cerimônia, nem festa ou vestidos de noiva.

Eu usava um vestido branco, mas algo simples, na altura do joelho, junto com sapatos de salto médio. Nosso casamento tinha sido apenas no civil, realizado em um cartório da cidade.

Logo que Fernando saiu do hospital e Bettina e eu fomos morar com ele, fizemos um jantar especial, onde ele pôde, enfim, conhecer a minha família.

Aquela já tinha sido a nossa comemoração com as pessoas próximas. Agora, no casamento oficial, optamos por algo ainda mais intimista. Mas seria um engano dizer que não tinha sido uma ocasião muito especial. E quando Fernando e eu saímos do cartório, naquele final de tarde, na presença unicamente da nossa filha, eu nem podia fazer ideia do que ainda me aguardava. Bem, eu própria tinha preparado uma surpresa para aquele dia. Contudo, não imaginava que a pessoa mais surpreendida seria eu.

O combinado era que, ao deixarmos o cartório, iríamos os três para um restaurante, onde jantaríamos para comemorar. Meu pai e Ana chegariam no dia seguinte para ficarem com Nina, já que Fernando e eu embarcaríamos em uma viagem de Lua de Mel pela Europa.

No entanto, ao invés de irmos jantar, Fernando nos levou até o hospital onde trabalhávamos – e de onde estávamos de férias. Entramos no elevador e ele nos guiou até o terraço. Não entendi o que ele pretendia com aquilo, mas foi grande a surpresa quando um helicóptero se aproximou e pousou bem diante de nós.

Maiara: O que é tudo isso? — perguntei, confusa.

E foi Nina quem se prontificou em responder:

Bettina: Não podemos contar, mamãe, será uma surpresa.

Maiara: Espera aí, mocinha! Então você é cúmplice do seu pai nisso tudo?

Ela apenas riu e, como nenhum dos dois pareceu disposto a me adiantar nada, concordei em entrar naquele helicóptero. Contudo, antes que eu colocasse meu primeiro pé dentro daquela aeronave, Fernando me surpreendeu novamente amarrando uma venda sobre meus olhos.

Se não fosse a presença da nossa filha ali, eu acabaria deduzindo que ele tinha as mais maliciosas das intenções. Foi um voo rápido, de cerca de vinte minutos, o que me dava uma dica que não tínhamos ido tão longe assim.

O helicóptero pousou e desci, ainda vendada, sendo guiada pelo meu agora marido até o que pareceu ser um carro. De lá, seguimos por alguns minutos até que o veículo parou. E caminhei mais alguns passos, a cada instante mais curiosa sobre para onde aqueles dois estavam me levando. Até que paramos, enfim. E Nina vibrou:

Bettina: Chegamos, mamãe! Agora você já pode olhar.

Delicadamente, Fernando tirou a venda dos meus olhos. E o que eu encontrei diante de mim era simplesmente a mais simples e, ao mesmo tempo, adorável das surpresas.

Estávamos no nosso antigo colégio. Mais precisamente, na horta que ficava nos fundos do terreno. O lugar tinha mudado muito pouco daqueles últimos anos. Os bancos finalmente tinham passado por uma pintura e o local agora parecia estar um pouco melhor preservado do que na nossa época de estudantes.

No chão havia uma toalha estendida com algumas velas acesas e vários pratos com lanches. Ao centro, um bolo simples com cobertura de chocolate e alguns morangos em seu topo. Imediatamente senti minha visão turvar em decorrência das lágrimas, porque aquilo era simplesmente perfeito. E me remetia às minhas mais doces e amadas lembranças.

O fruto do nosso amorOnde histórias criam vida. Descubra agora