Capítulo 11

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• Maiara •

Fernando me pediu para ficar com ele naquela noite. E, nossa, era tudo o que eu mais queria: poder adormecer e acordar pela manhã ao lado dele. Mas nós dois sabíamos que não podíamos. Era a merda de se ter apenas dezessete anos.

Por mais que minha mãe tivesse brincado sobre ter, em seu baile, chegado em casa apenas às seis da manhã, era óbvio que ela não esperava que eu fizesse o mesmo. Eram duas da manhã quando o motorista de Fernando parou o carro em frente à minha casa. E aquele era sem dúvidas o meu recorde de horário para volta de uma festa. Se eu ficasse mais tempo que isso na casa de Fernando, não poderia prometer que não acabaria pegando no sono e acordando apenas pela manhã.

Fernando: Como você está? — ele me perguntou.

E eu ri, porque aquele era um questionamento que ele não parava de me fazer. No fundo, eu achava fofa a preocupação dele, por aquela ter sido a minha primeira vez. Mas, no fim das contas, era uma pergunta difícil de ser respondida. Fisicamente, seria mais simples. Eu sentia um pouco de dor. Muito fraca, mas um pouquinho incômoda, e sabia que isso era normal. Mas, ainda assim, ao mesmo tempo eu sentia um bem-estar físico que nunca tinha sentido na vida.

Eu já tinha ouvido muitos relatos sobre a primeira vez ser, na maioria das vezes, bem ruim, e de que era raro uma garota chegar ao orgasmo logo de primeira, especialmente por conta do nervosismo. Não havia sido assim comigo. Foi simplesmente a primeira vez mais perfeita que eu poderia sonhar para mim. E eu sabia que só tinha sido assim porque eu havia respeitado o meu tempo, entendido quando eu estava pronta para isso... e porque tinha sido com um garoto incrível, que teve toda a paciência e o carinho possíveis para tornar tudo especial.

Porém, se fisicamente eu estava muito bem – apesar da dorzinha chata – emocionalmente eu estava em meio ao mais completo caos. Porque tudo o que eu conseguia pensar era no curto tempo que restava até Fernando ir embora. Ele me disse que daríamos um jeito. Ele voltaria nas férias e em todos os feriados, nos falaríamos todas as noites por chamadas de vídeo, e faríamos com que os anos de nossas faculdades passassem o mais rápido possível, para podermos planejar uma vida juntos.

Podia parecer meio bobo ou uma coisa imatura de adolescentes, mas nós dois sabíamos que queríamos um futuro juntos. Eu o amava e sabia que era recíproco. Não apenas por ele ter me dito verbalmente. Mas por sentir em seus gestos e atitudes.

Após alguns segundos refletindo sobre tudo aquilo, enfim respondi de forma simples e um tanto mentirosa:

Maiara: Estou bem.

Fernando: Certo. Agora diga a verdade.

Maiara: A verdade é que vamos ficar bem, amor.

Aquela ainda não era a verdade, porque eu não podia ter certeza disso. Não era tola o suficiente para me iludir de que muitas coisas não mudariam. Fernando estaria em outro país. E por mais que seu foco certamente seria nos estudos, ele teria outra vida. Novos amigos, festas, ocasiões sociais... e outras garotas. Eu acreditava na fidelidade dele, mas estaria sempre com medo de ele acabar conhecendo alguém que o fizesse repensar se manter um relacionamento à distância estaria valendo a pena.

Foi então que ele disse a frase que eu de forma alguma esperava ouvir:

Fernando: Não vou mais para Harvard.

Maiara: O quê?

Fernando: É isso. Não vou mais.

Maiara: Como? Por quê?

Fernando: Porque eu decidi isso.

Maiara: Em que momento?

Fernando: Nesses últimos momentos. Depois de hoje, eu não posso mais ir.

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