Capítulo 15

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• Fernando •

Logo que entramos no meu quarto, Maiara pareceu entender o que eu queria mostrar. Ela circulou todo o ambiente, olhando tudo ao seu redor. E levou ainda alguns segundos até perguntar:

Maiara: O que aconteceu com suas caixas de mudança? Achei que tudo só seria enviado para Harvard depois que você fosse para lá e tivesse a confirmação do seu quarto no alojamento.

Fernando: Acredita agora? — falei, apoiando um dos ombros ao batente da porta.

Ela olhou para a minha mala de viagem. Mas antes que perguntasse a respeito, expliquei:

Fernando: Vou precisar ir até Harvard na semana que vem. Mas será uma viagem rápida. Vou na quinta. Na sexta, terei uma entrevista com o diretor de lá. Ele era amigo do meu pai e se agendou para me receber, então vou para conversar com ele... e explicar sobre minha mudança de planos. No sábado estarei de volta.

Maiara:Mas, amor... — Ela hesitou. Lágrimas começaram a descer pelo seu rosto. — O seu sonho...

Fernando: A USP é uma boa universidade. E Ribeirão Preto fica a poucas horas daqui. Ainda assim, terei que me mudar, mas vou poder voltar todos os finais de semana.

Maiara: Você tem certeza disso, Fernando? Não quero que algum dia você se arrependa de desistir de algo tão importante.

Fernando: Se eu fosse para Harvard, bebê, nós ainda ficaríamos juntos, mesmo que em um relacionamento à distância. Mas, além da saudade insuportável por termos que esperar férias e feriados longos para nos encontrarmos, eu não quero estar tão longe de você em momentos importantes. Será o seu último ano do ensino médio, e tenho fé de que muito em breve surgirá um doador para a sua mãe. E eu quero estar a poucas horas de distância para ter como correr para cá todas as vezes que você precisar de mim.

As lágrimas nos olhos dela se avolumaram ainda mais, e eu não resisti em ir até ela e passar as mãos pelo seu rosto, secando-o. Respirando profundamente, ela declarou:

Maiara: Tenho medo de te dizer o quanto estou feliz e com isso parecer uma babaca egoísta.

Fernando: Você jamais pareceria uma babaca egoísta por isso, amor. Além do mais, não tem que ser sempre altruísta. Então, diga o que você verdadeiramente sente.

Maiara: Sabe todas as vezes que falei que você deveria pensar melhor e ir para Harvard?

Fernando: Sei.

Maiara: Eu só conseguia pensar no quanto eu não queria que você fizesse isso. No quanto queria que ficasse aqui comigo.

Fernando: Ufa. Eu estava quase me convencendo de que você não me amava e queria que eu fosse para bem longe de você.

Ela deu um tapa no meu peito. Parecia com raiva, mas eu quase não senti nada.

Maiara: Seu bobo! Eu te amo muito. E estou tão feliz que vai ficar comigo. Mas... e a sua mãe?

Fernando: Ela não reagiu nada bem no início, mas depois pareceu se conformar. No fim das contas, ela apenas fez questão de escolher uma dentre as universidades do estado de São Paulo que julga ser a melhor. Bem, era uma das minhas possíveis escolhas, então... decidi por ela mesmo, até para evitar mais conflitos.

Maiara assentiu, mas ainda não conseguia parar de chorar.

Maiara: Eu estava com medo de que a vida universitária em Massachusetts fosse tão intensa que você acabaria se esquecendo de mim.

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