Se junta aqui

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POV LUIZA

-Filha, acorda. – Ouvi a voz do meu pai e me remexi preguiçosamente na cama. – Vai se atrasar, já preparei seu café.

-Tô indo. – Me levantei e antes de seguir para o banheiro, alonguei todos o meu corpo.

Tomei um banho morno para relaxar os musculos, a tensão do ensaio de ontem, estava sendo cobrada hoje. Ian e eu pegamos pesado, mas sei que valeria a pena, pois o campeonato estava bem próximo. Desliguei o chuveiro, passei um hidratante no corpo, seguindo até o closet. Vesti a primeira coisa que veio a frente, arrumei o cabelo e desci de cara limpa, sem maquiagem, preferia assim, ao natural.

Desci cantando e minha família já me esperava para o nosso café da manhã. Dei um beijo em cada um, me preparando para o desjejum.

-Chegou tarde ontem, filha. – Meu pai disse em um tom ameno.

-Tava com o Ian e a Duda. – Respondi alcançando uma torrada. – Focamos tanto no ensaio que nem vimos a hora passar.

-Vocês vão levar esse campeonato de lavada, não tem ninguém melhor do que você dois. – Minha mãe disse orgulhosa. – Estaremos lá na primeira fila.

-O apoio de você é muito importante pra mim. – Demos as mãos como sempre fazíamos. – Mas mudamos de assunto, tô pensando em me candidatar em mais uma matéria extracurricular.

-Mais uma, filha? – Foi a vez do meu pai perguntar. – Não vai se sobrecarregar?

-É o clube de teatro, e isso é ótimo para desenvolvimento pessoal.

-Por mim tudo bem, desde que isso não afete seu desempenho na escola. – Dona Sônia deu as mãos e meu pai concordou.

-Carol, o que foi que você tá tão calada? – Minha irmã remexia a xícara de café pensativa.

-Oi? – Ela levantou o rosto me encarando. – Não é nada, só tô pensando em umas coisas.

-Então vamos? Se não, vão se atrasar. – Meu pai se levantou se despedindo da minha mãe com um beijo.

Durante o caminho o som tocava nossas músicas favoritas, meu pai e eu catarolavamos, enquanto Carol estava calada no banco de trás, estava estranhando isso, pois ela era sempre muito falante, dei os ombros e meu pai parou em frente a casa de Duda para a carona de todos os dias.

-Oi meus amores. – Minha amiga nos cumprimentou com seu humor de todos os dias. – Segundona Brava ein?

-Deixa de preguiça. –Me virei dando um tapinha em sua perna.

O caminho foi animado como sempre, Duda falava as besteiras dela, fazendo todos do carro cair na risada. Em poucos minutos meu pai estacionou na porta da escola e descemos depois de despedir com um beijo. Carol se despediu indo encontrar o namorado, enquanto Duda e eu fomos encontrar nosso grupinho antes do começo das aulas.

-Bom dia meus amores. – Nossa galera estava acomodada na escada conversando e gargalhando.

-Bom dia! – Ouvimos a resposta em coro e me sentei ao lado de Malu.

-Tudo bem, linda? – Ela perguntou selando o nossos lábios rapidamente.

-Sim e você? – Foi minha vez de perguntar e ela respondeu que sim.

O papo rendeu até que seu Luís veio mandando a gente entrar pra sala, pois o sinal já iria tocar. Me despedi de Malu e seguimos pra nossa turma. Nossa primeira aula era de ciências políticas com a professora Gizelly e essa era uma das minhas aulas favoritas. Nos acomodamos e assim que o sinal tocou, Gizelly entrou em sala.

-Hello equipe, bom dia. – Ela nos cumprimentou animada, colocando suas coisas sobre a mesa. – Hoje vamos continuar falando sobre partidos políticos e organizações de interesses. Vou abordar as características de alguns partidos políticos, mas não vou aprofundar, pois ficaríamos aqui o resto do ano.

-AAAAAH. – A turma toda disse em lamento, pois amávamos ver Gizelly falando de um assunto importante.

-Eu sei que você me amam, mas vamos lá. – Ela se virou e passou a anotar algo no quadro, mas foi interrompida por batidas na porta.

-Bom dia pessoal. – Mona entrou cumprimentando todos nós. – Vim dar uma olhada nos meus alunos favoritos.

-Você fala isso pra todos. – Respondi alto fazendo a turma gargalhar.

-Mas todos são os meus favoritos. – Ela deu os ombros e eu neguei com a cabeça. – Bom, não quero atrapalhar, só vim acompanhar a nova colega de classe de vocês, ela se mudou pro Rio recentemente e espero que vocês a ajudem com o que ela precisar. Pode entrar Valentina.

-Oi. – A garota entrou de cabeça baixa e a voz dela quase não dava pra ouvir.

-Seja bem vinda, Valentina. – Gizelly a recebeu com um sorriso e ela apenas acenou com a cabeça. – Pode se sentar onde preferir.

Ela entrou seguindo lá para o fundo da sala, acompanhamos o movimento como velhas fofoqueiras até a garota se sentar ao lado da Pugli. De jaqueta de couro, cabelo amarrado e cara fechada a menina parecia mais um astro de cinema. Dei os ombros me virando a atenção pra Gizelly que voltava a explicar a matéria.

{...}

-O desenvolvimento dos partidos, está relacionado à evolução dos parlamentos nacionais e ao crescimento do tamanho do eleitorado na segunda metade do século XIX. – A professora dizia com propriedade e todos a ouviam quase sem piscar. – Os partidos representam a ponte ou a ligação entre o estado e a Sociedade Civil.

-Com o desenvolvimento dos partidos em massa, a competição passou a girar em torno da reforma social e os partidos competem de acordo com sua capacidade representativa. – Eu ia anotando cada palavra que ela dizia. – Alguém sabe do que eu estou falando?

-Esquerda e direita? – Respondi depois que levantei a mão.

-Isso, mas aí temos os meio termos. – Ela acrescentou minha resposta. – O centro, centro-direita e centro-esquerda. Mas isso é papo pra outra aula.

-Ah contínua prof, gostamos de ouvir você. – Duda choramingou, fazendo Gizelly sorrir.

-Eu sei disso e se deixar eu falo por horas sobre o assunto, mas vou deixar uma tarefinha pra vocês. – Ela escreveu algo no quadro e se virou novamente. – Trabalho em grupo, que vocês tanto amam.

-Uhhhhul. – A galera comemorou animada.

-Cinco pessoas por grupo, quero uma pesquisa sobre os partidos mais influentes do Brasil. – Ela anotou na lousa junto com a data de entrega. – Valendo 8 pontos na matéria e o melhor trabalho vai ganhar um presentinho surpresa da professora favorita de vocês, e não estou falando da Rafa. — Gargalhamos com seu jeito engraçado de sempre.

-O grupinho de sempre? – Me virei chamando Duda e Nath, as duas assentiram e a Pugli deu jóia com a mão. – Ian, você vem?

-Claro. – Com nosso grupo fechado juntamos as carteiras para debater sobre o que faríamos.

-Ficou sem grupo, Valentina? – Ouvimos a voz de Gizelly e me virei pra novata que estava acuada no canto da sala.

-Sim, mas posso fazer sozinha. – Ela respondeu dando os ombros. — Não tem problema.

-Pode ser o grupo de seis prof? – Perguntei entrando na conversa.

-Pode Lu. – Ela permitiu e abrimos espaço pra novata se sentar. – Valentina, se junta aqui.

Ela acatou o pedido e se levantou, sentando-se em nossa rodinha de amigos. Começamos a falar e eu prestava atenção na garota que estava totalmente deslocada.

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Luluzinha tão receptiva

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora