Eu gosto de você, Luiza!

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POV VALENTINA

Eu estraguei tudo, passei a mão no rosto tentando processar o que eu tinha acabado de fazer. Luiza saiu sem falar nada, e eu me desesperei com medo de ter estragado nossa amizade. Desci em sequência, porém ela já estava longe, me sentei na varanda abraçando minha próprias pernas, confusa com meus próprios sentimentos.  Ouvi um carro estacionar e logo reconheci ser o da Vanessa.

-Tá entregue. – Minha mãe desceu do carro com a bolsa no braço.

-Nem sei como te agradecer, eu esqueci completamente de abastecer o meu carro. – Minha mãe sempre foi desligada nesse assunto.

-Deu sorte que eu não fui de moto hoje. – Vanessa disse sorridente e as duas se aproximavam da entrada.

-Eu pegaria um táxi. – Minha mãe respondeu animada. – Oi filha, tudo bem?

-Oi. – Falei em um tom brando.

-Oi gatinha. – Vanessa disse com a alegria de sempre.

-Meninas vou entrar, esses sapatos estão me matando. – Minha mãe disse se queixando. – Obrigado mais uma vez, Vanessa.

-É sempre um prazer servir você. – Olhei pra minha mãe que fez uma cara desconcertada. – Até amanhã, Catarina.

Minha mãe saiu sem graça e Vanessa tinha um sorriso divertido nos lábios, ela se aproximou em silêncio se sentando ao meu lado.

-Tá tudo bem, gatinha? – A pergunta me fez soltar um longo suspiro.

-Tá. – Falei sem muito humor.

-Olha, se não quiser conversar tá tudo bem, mas pode desabafar. – Ela continuou. – Eu sou boa em guardar segredos.

A encarei por alguns segundos, a verdade é que eu não tinha ninguém pra compartilhar aquele assunto, meu irmão está longe, minha mãe não me entenderia e a pessoa que me ouviria sem me julgar, foi embora sem explicações depois de um momento de tensão entre nós.

-Como você sabe que está gostando de alguém? – Perguntei e ela me encarou surpresa.

-Complexo. – Ela soltou uma risada nervosa. – Cada pessoa gosta de um jeito diferente, mas quando eu gosto eu fico completamente boiola pela pessoa, não penso em mais nada.

Soltamos uma risada baixa e ficamos caladas por alguns segundos. Vanessa soltou a respiração e continuou.

-Eu estou gostando de uma pessoa, mas ela não gosta de mim da mesma forma. – Ela se sentou na mesma posição que eu e abraçou as pernas. — Tô na zona do perigo da amizade e o amor platônico.

-Acho que estou passando pela mesma coisa. – Soltei uma lufada no ar. – Porém eu acho que estraguei tudo e nem amizade posso ter mais.

-Hey, se for amizade não vai acabar por besteira. – Vanessa apertou o meu ombro. – E se for algo além da amizade, vai acontecer de forma natural, não precisa ter pressa. Primeiramente você tem que entender o que tá acontecendo aí dentro.

Ela apontou pro meu coração e eu senti uma enorme vontade de chorar. Eu me sentia tão completa com a Luiza por perto, só de imaginar não poder ter isso mais, me deixava pior do que quando minha mãe decidiu que eu faria faculdade de Direito.

-Eu preciso ir agora, mas se precisar conversar, é só me chamar, tá? – Ela se levantou e me entregou o celular dela. – Bota teu numero ai.

-Obrigada,Vanessa! – Agradeci com sinceridade, pois foi bom conversar sobre isso com alguém.

-Fica bem. – Me levantei também. – Posso te dar um abraço?

POV LUIZA

Mais uma noite se passou sem que eu conseguisse pregar os olhos, e dessa vez não tinha nada relacionado aos problemas da minha família, e sim aos meus próprios conflitos internos. Minha cabeça girava em um eterno looping.

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora