Eu não consigo

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POV CATARINA

Ainda estava com o coração batendo apressado. Acordei pela manhã com o corpo de Vanessa enroscado no meu, e o pior de tudo é que eu gostei da sensação. A forma possessiva como ela me abraçava, o cheiro, o som da respiração pesada. Tudo isso mexia com meus sentidos.

Me levantei com cuidado, não queria que ela acordasse. Vanessa precisa descansar, ontem foi um dia intenso pra ela. Deu pra notar como ela era apegada à mãe e a perda foi um baque e tanto pra ela, com tempo e calma, se ela quiser me contar, eu gostaria muito de saber da história das duas.

Tomei meu banho com calma, me vesti no banheiro mesmo, iria deixar que ela dormisse até quando quisesse. Sai do banheiro e dei de cara com ela se espreguiçando e tentando se situar onde estava.

-Bom dia. – Minha voz saiu baixa e Vanessa sorriu abertamente. – Você está bem?

-Tem como não ficar? – Ela mordeu o lábio inferior, me encarando de baixo pra cima. – Eu sempre soube que um dia, eu acordaria na sua cama.

-Vanessa! – Ela gargalhou, me deixando completamente ruborizada. – Meu Deus, porque você é assim?

-Desculpe, foi mais forte que eu. – Neguei com a cabeça e ela se sentou, observando meus movimentos. – Catarina?

Me virei lentamente, encontrando seus olhos em mim, não sei bem explicar, mas aquilo me arrepiou por inteira.

-Obrigada por ontem. – Vanessa suspirou pesado. – Eu nem sei como te agradecer, acho que eu teria feito alguma besteira, se você não tivesse me salvado.

-Não precisa me agradecer. — Dei meio sorriso. — Me preocupo com você de verdade.

-Eu fico feliz com isso.

Vanessa se levantou amarrando o nó do meu roupão que ela ainda usava. Limpei a garganta e ela andando em minha direção.

-Eu vou... hum... eu vou descer e preparar o café. – Vanessa estava cada vez mais próxima. 

-Eu acho que a gente deveria conversar, como duas pessoas adultas. – Ela parou em minha frente, ainda em uma distância segura.

-Sobre o que? – Minha respiração estava alterada.

-Você sabe, a gente precisa conversar sobre nós, sobre o que estamos sentindo. – Sua voz tinha tom de desespero, porém eu não sabia como agir.

-Vanessa, eu acho melhor você ligar pra sua namorada. – Falei a única coisa que me salvaria daquela conversa sobre nossos sentimentos. — Ontem ela estava bastante preocupada.

-Fernanda e eu não somos namoradas. — Ela se justificou rapidamente. — Eu não consigo mais me relacionar com alguém, sabendo que meu coração pertence a outra pessoa. E você sabe bem o que eu estou falando.

-Vanessa, eu...você... — Eu não tinha palavras pra me expressar, pois nem mesmo eu, sei o que estou sentindo. — Você estende o quão confuso isso é pra mim? Eu não faço ideia do que é isso, eu nunca me senti refém de algo que não sei explicar.

-Eu tô aqui pra gente entender juntas. — Seus olhos não saiam dos meus momento algum. — Eu também não sei explicar o que eu sinto, eu só sei que eu tô sentindo algo que eu nunca senti antes.

-Vanessa... — Enchi meus pulmões de ar. — Não vê como isso é complicado? Não vê que temos bagagens diferentes? Eu sou uma mulher de quarenta e cinco anos, recém divorciada, com dois filhos, como isso vai ser visto com bons olhos?

-Você está realmente preocupada com isso ou é só o medo de tentar? — A pergunta me calou. —Eu também tenho medo, é desconhecido pra mim esse sentimento, mas eu não sou o tipo de pessoa que deixa de tentar por medo. Eu estou aqui querendo saber se posso continuar criando expectativas sobre nós, ou se está na hora de desistir e seguir minha vida, mesmo sabendo que eu não vou conseguir te esquecer. Eu sei que é complicado pra você, eu sei que dá medo, e não pense que estou aqui forçando a barra entre nós, mas eu preciso saber se eu tenho alguma chance. Preciso ouvir palavras claras.

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