Posso falar com você?

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POV LUIZA

O despertador tocou e eu cobri a cabeça irritada, só queria dormir e acordar quando todo esse pesadelo passasse. Ontem depois que Vanessa me deixou em casa, fui direto para o quarto da minha mãe e ficamos conversando até madrugada. Ela disse que não estava feliz com a decisão do meu pai em sair de casa, mas também não poderia deixar de apoiar a minha irmã, eu entendi o lado dela, mas queria que eles se resolvessem como adultos. Ela pediu que eu não absorvesse esses problemas e focasse no torneio que já se aproximava.

Isso é outra coisa que anda me tirando o sono, eu não to conseguindo focar direito nos meus ensaios, se dermos mole, Diorio e Lukkas vão nos massacrar, e eu quero muito ganhar esse torneio, isso vai agregar nas chances da minha bolsa pra Espanha.

Como fiquei enrolando a cama, acabei me atrasando e com isso cheguei quase em cima do sinal bater. Encontrei Duda na entrada e eu sei que ela ia me martelar de perguntas, prometi contar tudo e seguimos pra sala, porém no meio do caminho dei de cara com Malu, e era tudo o que eu menos queria agora.

-Eu sei que eu não posso te cobrar nada, mas eu achei que tínhamos pelo menos uma consideração uma com a outra. – Ela disse sem a menor questão de ser simpática.

-Malu... – Eu sei que errei, que devia ter desmarcado, mas eu esqueci.

-Você me deixou plantada te esperando Luiza. – Duda observava a cena com as sobrancelhas erguidas. – Nem uma mensagem, só fiquei sabendo que você estava viva, porque a Vanessa me disse que te deu uma carona.

-Eu posso explicar o que aconteceu. – Antes que eu continuasse o sinal tocou. – Vamos conversar no almoço?

-Não sei se eu quero conversar, Luíza. – Malu deu as costas e saiu me deixando pra trás.

Duda me encarou confusa, pois Malu sempre foi muito tranquila e agora parecia outra pessoa.

-Não vamos assistir essa aula, você vai me contar tudo que está acontecendo. – Ela me puxou pelo braço me levando para uma área mais afastada do pátio.

-Vai desembucha. – Nos sentamos e ela já foi me questionando.

Comecei a narrar desde o momento em que meu pai havia saído de casa. Minha amiga prestava tudo com muita atenção, precisei segurar o choro algumas vezes, tudo estava muito bagunçado dentro da minha cabeça. Contei como cheguei na casa da Valentina e falei como ela foi especial ficando ao meu lado e me dando suporte, como ela já passou por isso também, Valentina sabia exatamente o que eu estava sentindo.

-Oh amiga. – Duda me puxou pra um abraço apertado. – Isso tudo vai passar, é só uma fase ruim.

-Eu só queria que minha família ficasse bem. – Deixei as lágrimas rolarem livremente.

-Eu sinto muito. – Ficamos ali abraçadas por um tempinho, até ela quebrar o silêncio de novo. – Só uma coisa que eu não concordo. A Malu tem todo direito de ficar chateada, em cima de todo o lance de vocês, de todo o tempo juntas, você deveria ter avisado.

-Eu sei que eu fiz errado, mas eu estava sem cabeça. – Estava me sentindo muito culpada.

-Eu entendo, mas você deve um pedido de desculpas. – Assenti com a cabeça e ficamos conversando até a próxima aula.

Ela me contou como o Igor foi fofo com ela e no final da noite os dois trocaram um beijo na porta da casa dela. Fiquei feliz pela minha amiga, o Igor parece ser alguém legal.

Seguimos pra segunda aula e entramos sob o olhar curioso de Valentina, ela perguntou se estava tudo bem e eu respondi baixinho que sim. A aula transcorreu normalmente e logo já era o horário de almoço. Conversei brevemente com Valentina e avisei Duda que iria procurar Malu e ela me desejou boa sorte. Andei por todo o pátio, até que encontrei ela conversando com a Giovanna, revirei os olhos indo até lá.

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora