POV VALENTINA
Assim que passei pelo portão, minha mãe me aguardava dentro do carro. Entrei e passei o cinto esperando ela dar partida.
-Conseguiram terminar? – Ela perguntou puxando assunto.
-Sim. – Peguei meus fones conectando minha música.
-Tá com fome? – Minha mãe saiu manobrou o carro, saindo do condominio. – Pensei em parar e comer uma pizza.
-Já comi. – Dei os ombros.
-Então vamos pra casa. – Não respondi e ela seguiu o caminho.
Me peguei pensando no meu dia e em como ele foi divertido. Em São Paulo eu sempre fui muito sozinha, exceto pelo meu irmão que me acompanhava em alguns programas, mas não era a mesma coisa e na maioria das vezes eu curtia minha própria companhia. O Rio de Janeiro tem me mostrado tudo diferente, a forma como me receberam aqui, é tão diferente, estranhamente me sinto acolhida.
-Mãe, amanhã eu vou pra praia com meus novos amigos. – Tirei os fones e a olhei.
-Ai filha, eu não tô muito afim de ir. – Minha mãe fez uma cara feia. – E eu tenho alguns processos pra ler.
-Mas eu não tô te convidando, só estou te comunicando que eu vou. – Ela me encarou tirando a atenção do asfalto por alguns segundos.
-É assim agora? Só avisa? – Revirei os olhos e ela sorriu. – Tô brincando filha, você sabe que eu acho saudável você fazer amigos. Mas você sabe, tome cuidado e me dê o nome desses amigos.
Dei os ombros e em alguns minutos chegamos em casa, dei boa noite à minha mãe e segui direto para o meu quarto. Guardei minhas coisas, e me sentei em frente ao notebook, analisando umas fotos que tirei durante a semana. Durante a semana eu aproveitei pra dar uma olhada na casinha da árvore, o lugar era lindo e eu iria transformá-la no meu cantinho. Só precisava de ajuda para restaurá-la.
Depois de um tempo em frente a tela do computador, desliguei e peguei meu celular pra ver as notificações. Haviam muitas mensagens no grupo e os meninos agradecem pelo resultado do trabalho. Aproveitamos e marcamos o horário que iríamos à praia. Me animei, sei que seria um domingo divertido, acabei guardando o celular e adormeci logo em seguida.
{...}
-Bom dia minha filha, já de pé? – Quando desci minha mãe estava na cozinha passando um café. – Isso tudo é animação pra praia?
-Bom dia, mãe. – Me sentei na bancada da cozinha e ela me empurrou uma caneca.
-Fiz uma panqueca, quer? – Assenti com a cabeça e estranhei esse humor todo dela pela manhã.
-Aconteceu alguma coisa? – Perguntei curiosa.
-Seu pai me ligou ontem, disse que precisamos conversar. – Respirei fundo. – Quem sabe ele não se deu conta que esse divorcio é um equívoco?
-Mãe, você sabe os motivos pelo qual o papai pediu o divorcio. – Falei com cautela, pois sei que ela é sensível àquele assunto.
-Valentina, o seu pai se precipitou. – Ela alterou a voz. – Seu pai sempre foi assim, nunca enfrentou os problemas, sempre quis ir para o caminho mais facil, seu pai nunca quis sentar e tentar resolver nosso problema.
-Você tentou ouvir ele? – Me estressei. – Vocês só sabiam brigar, discutir, nunca sentaram e conversaram civilizadamente.
-Eu não sei pra que eu ainda tento conversar com você. – Minha mãe já estava irritada. – Você sempre defende o seu paizinho, ele na terra e Deus no céu, você acha que ele é um santo.
