Não é tão fácil assim

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POV VALENTINA

Chegamos ao auditório e alguns alunos já estavam acomodados para a aula de história da arte. Duda me guiou pela mão, me levando para sentar bem na frente, segundo ela era o melhor lugar. Nos acomodamos e logo Rafaella entrou na sala segurando algumas pastas.

-Boa tarde turma. – Ela cumprimentou e parou no meio da sala. – Todo mundo bem alimentado? Pois hoje eu vou falar muito.

Rafa abaixou a tela de projeção e conectou o notebook selecionando alguns slides. Duda retirou o caderno da mochila e eu fiz o mesmo.

-Hoje vamos falar de algo que eu gosto muito. – Rafa tinha um sorriso nos lábios. – Vamos falar de como a arte e a moda andam de mãozinhas dadas.

Ela abaixou a luz da sala, e começou a passar os slides. Era um assunto que eu gostava então logo prendeu minha atenção.

-Vamos entender algumas ligações entre Elsa Schiaparelli e Salvador Dali. – Anotei em meu caderno e ela continuou. – Salvador Dali é um pintor espanhol considerado como o mestre da pintura surrealista. Elsa Schiaparelli, estilista nascida em Roma e tinha um amor por artes plásticas e com isso ela uniu a sua outra paixão: a moda.

-Elsa conheceu Dali através de amigos e sentiu que os dois tinham muito em comum e os dois se juntaram criando peças que são consideradas verdadeiras obras de arte: O chapéu de sapato, o vestido de lagosta... E por aí vai. Elsa sempre gostou do lúdico e Dali sempre amou o surrealismo.

-As duas mentes artísticas se juntaram e conceberam peças surrealistas que revolucionaram a maneira com que a moda poderia ser feita: ou seja, muito mais do que apenas roupas "bonitas". Os modelos eram criados para chocar, incomodar a sociedade conservadora da época, e principalmente para deixarem as mulheres se vestirem do jeito que quiserem.

-Um fato interessante, Elsa Schiaparelli é a criadora do rosa-choque. – Rafa disse fazendo a galera conversar entre si com a surpresa do fato. – E por isso consideramos a moda como  uma grande expressão de arte.

-Hoje, vemos vários influenciadores de internet usando peças que são consideradas "bizarras" pela sociedade, mas nada mais é do que uma expressão de arte. Mas o que me incomoda é essa galera usar apenas para chamar atenção e não para mostrar realmente o motivo por trás da roupa.

-Tipo o vestido de espelho da farofa da Gkay? – Ouvimos alguém no fundo do auditório perguntar e Rafa deu uma gargalhada.

-Exatamente. – Ela acendeu a luz, incomodando um pouco nossos olhos. – Não leve isso como uma crítica especialmente ao influenciador que usa a roupa, mas hoje em dia, temos um personal stylist que estuda muito e é contratado por um influenciador que simplesmente veste a roupa, sem ao menos se importar com a história do look. Tô falando demais, né? – Ela perguntou e Duda levantou a mão.

-Não leve isso pro pessoal, mas você fica ainda mais linda quando fala de algo que gosta. – Duda disse de repente, fazendo minhas bochechas corarem de vergonha, eu jamais falaria com uma professora daquela forma. – Não conte isso a Gizelly.

-Ela te reprova, palhaça. – Rafa devolveu em tom de brincadeira e eu fiquei ali pensando sobre a intimidade em que elas se tratavam. – Alguma pergunta?

-Eu? – Um rapaz levantou a mão ao meu lado. – Qual a diferença entre alta costura e grife?

-Boa pergunta! Para uma marca ser considerada uma "Maison de Couture", precisam cumprir alguns requisitos. – Ela falava e eu anotava. – Apenas fabricar peças sob medida, o atelier precisa ser especificamente em Paris, a peça em si precisa ser feita quase cem por cento à mão, ter no mínimo vinte pessoas em uma equipe, costureiras, alfaiates, bordadeiras e etc... Realizar dois desfiles por ano, um em janeiro e um em julho e apresentar no mínimo vinte e cinco looks por coleção.

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