POV VALENTINA
A culpa estava me consumindo, pois Luiza e Duda pegaram castigo por minha causa. Entramos juntas na salinha e logo nos sentamos uma de frente a outra.
-Lu, eu posso conversar com a Mona. – Falei transparecendo meu nervosismo.
-Neném, relaxa. – Luiza passou a mão em meu rosto. – Tá tudo bem.
-Não é justo, Lu. – Suspirei pesado. – Você tentou me ajudar e acabou sobrando pra você e a Duda.
-Valentina, eu sabia das consequências, e assumi os riscos. – Ela tentava me passar calma. – Eu não podia ver você sair da escola e ficar de braços cruzados.
-Você é maluca, Lu. – Me aproximei selando nossos lábios pela primeira vez naquele dia.
-Maluca por você. – Suas mãos seguravam meu rosto e seus olhos estavam conectados aos meus. – Eu não sei o que você tem, mas eu estou completamente apaixonada por você, Valentina.
Meu coração disparou com a declaração. Luiza me deixa nas nuvens, eu nunca vou me acostumar com esse sentimento, nunca vou saber explicar a felicidade que sinto toda vez que ela me olha.
-Obrigada... – Suspirei puxando sua mão até o meus lábios. – Obrigada por isso, Lu.
-Eu faço tudo pra ver esse seu sorriso lindo. – A puxei pela nuca, alcançando seus lábios em um beijo intenso.
Luiza me puxou para mais perto intensificando nosso beijo. Posso estar sendo precipitada, e também eu não tenho muita experiência, entretanto o beijo de Luiza é o melhor beijo que eu já experimentei em toda minha existência, e se depender de mim, eu o quero por muito tempo.
-Linda. – Ela disse assim que precisamos nos afastar. – Perfeita.
Ainda é cedo demais, mas olhando aqueles olhos castanhos, eu sinto como se eu encontrasse o que eu achava que só existia em livros. Enchi meus pulmões de ar, tentando controlar a vontade súbita de dizer algo e acabar assustando ela.
-Você vai ter que aturar o Rodrigo, por duas semanas. – Luiza revirou os olhos.
-Farei o sacrifício, contanto que você não saia do meu lado. – Meu peito disparou com tal declaração. – Vale a pena, por você tudo vale a pena.
Luiza suspirou alto colocando meu cabelo atrás da orelha. Demos mais alguns beijos até que precisamos voltar para aula.
{...}
Entro em casa e me deparo com Igor sentado no sofá, olhando algo no notebook. Meu irmão dá um sorriso largo em minha direção esperando que eu me aproxime. Jogo minha mochila no canto da sala e sento ao seu lado lhe dando um beijo estalado no rosto.
-Como foi a aula, pimpolhinha? – Reviro os olhos com o apelido.
-Foi tranquila, acho que todos ficaram felizes com a minha permanência. – Eu ainda estava anestesiada com tudo que me aconteceu nesse fim de semana. – É engraçado como eu me sinto bem nessa escola.
-Eu posso ver isso estampado no seu rostinho. – Meu irmão bateu com o ombro contra o meu. – Você se encontrou, Tina.
-Seria ainda mais perfeito se a mãe me deixasse fazer o curso de fotografia na Espanha. – Meu peito aperta.
-Eu não consigo entender essa obsessão dela para que você faça direito. – Igor bufou desanimado. – Um dia quem sabe ela não muda de ideia.
-É mais fácil ela subir no trio elétrico da parada LGBTQ+ de São Paulo do que isso acontecer. –Meu irmão soltou uma sonora gargalhada e eu me recostei no sofá.
