Dois

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POV RAFA

Saí do consultório com um misto de medo e euforia, ainda estava em êxtase com  notícias. Eu sei que isso me pegou totalmente desprevenida. Passei a mão no rosto e parti pra escola, ainda preciso encontrar uma maneira de contar isso pra Gizelly, sei que minha mulher vai enlouquecer.

Como só daria aula na parte da tarde, aproveitei pra encontrar Manu e pegar os looks que ela disponibilizou pra peça. Contei pra ela a novidade e Manoella faltou se esgoelar de gritar. As pessoas ao nosso redor nos olhavam sem entender aquele alarde todo. Sorri com a euforia dela e nos despedimos, pois hoje ela não poderia acompanhar os ensaios da peça.

Já na escola fui direto para o auditório, dei graças a Deus que Gizelly estava em uma reunião com o pessoal da universidade que ela dá aula, sei que não ia conseguir me segurar pra contar a novidade a ela. Assim que entrei vi Luiza sentada sozinha, lendo o roteiro, caminhei até lá, fazendo ela me notar.

-Matando aula? – Perguntei e ela sorriu sem humor.

-Dei uma fugidinha. – Ela fechou o roteiro e suspirou. – Não conta pra Mona.

-Só se você me contar o que tá passando nessa cabecinha. – Luiza me encarou pensando no que me dizer.

-Você e a Gi estão a bastante tempo juntas, né?

-Quase treze anos. – Sorri ao sentir meu peito palpitar. – Treze anos amando a pessoa mais maluca que eu conheço.

-Vocês são lindas juntas. – Balancei com a cabeça concordando. – Mas tenho certeza de que nem sempre foi fácil, né?

-Não mesmo, Gi e eu já passamos por tanta coisa. – Não gosto muito de relembrar certas coisas, mas isso me faz ver que o nosso amor permanece intacto acima de tudo. – É até difícil de acreditar que estamos juntas, depois do mundo inteiro ser contra.

-Você já abriu mão de algo, pra viver esse amor? – Luiza tinha receio em perguntar.

-Claro que sim, abri mão de muita coisa sim. – Estava quase entendo o que estava se passando na mente dela. – Lu, no amor a gente costuma abrir mão de algumas coisas. Eu por exemplo, abri mão da minha carreira de modelo.

-Você era modelo? – Sorri e confirmei com a cabeça.

-Mas quando a gente ama alguém, e a agenda começa a apertar e aí precisamos fazer algumas escolhas. – Explicava com calma. – Comecei minha carreira de modelo ainda novinha, com treze anos eu já fazia passarela. Com dezessete eu conheci Gizelly e começamos a namorar, diferente do que minha família pensava, Gi sempre apoiou meu sonho, sempre me incentivou a continuar. Nosso relacionamento progrediu e minha carreira também, porém quanto mais conhecida eu ficava, mais distante eu estava do meu amor. Gizelly sempre foi bastante compreensiva, até demais, mas dava pra sentir que ela estava sentindo a minha ausência. Depois de 4 anos de namoro, ela me pediu em casamento e foi o momento em que eu abri mão da minha carreira de modelo pra ser a esposa dela.

-E você se arrepende? – Luiza parecia muito interessada no assunto.

-Não, nem um pouco. – Sorri com os olhos marejados. – Mas modelar não era a minha paixão, eu gostava, mas não me acelerava o coração, me fazia feliz? Sim, mas não era o que me causava um frio na barriga.

-O que a Gi achou disso?

-No começo ela brigou comigo, Gizelly queria mudar a vida dela pra se encaixar na minha, mas eu não queria isso, eu queria a nossa vida. – Ela ouvia tudo e eu já sabia o rumo da conversa.  – Eu não me arrependo de nada, pois hoje eu faço o que eu gosto e ainda tenho o meu amor do meu lado, eu amo lecionar, mais do que eu amava desfilar, então antes de decidir qualquer coisa, pense nas suas paixões.

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora