Não tá nada bem!

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POV LUIZA

Desde de nosso dia no cinema, minha amizade com Valentina crescia de forma involuntária, conversávamos quase o tempo todo, quando não era na escola, era por mensagens e ligações. Nos duas percebemos que gostamos de bastantes coisas em comum e com isso tivemos muita troca. Sinto que ela está mais solta e conversa mais, inclusive me confidenciou que nunca quis fazer direito e que isso sempre foi um desejo da mãe, porém ela não tinha pulso pra dizer que não era o sonho dela.

Mesmo com pouco tempo de convivência, consigo perceber uma Valentina totalmente submissa aos desejos da mãe. Catarina fala e ela aceita sem contestar, sem impor os próprios desejos. Isso ficou claro nos dias em que passamos estudando e por falar nisso, Rafa remarcou a prova e eu tinha certeza de que ela sairia bem.

Estava concentrada lendo um livro que Valentina me emprestou, tínhamos acabado de subir do jantar, quando ouvi vozes alteradas vindo do corredor. Minha mãe e meu pai falavam alto e eu estranhei, pois isso nunca aconteceu antes.

-GRÁVIDA, CAROL? – Meu pai tinha uma papel nas mãos. – VOCÊ TÁ GRÁVIDA?

-Augusto, calma. – Minha mãe entrou na frente e eu nunca vi meu pai tão transtornado. – A gente não vai resolver isso no grito.

-Isso é culpa sua, Sônia. – Ele falou ainda irritado. — Você sempre deixou ela fazer o que quisesse.

-Gente, o que tá acontecendo? – Entrei no meio ainda tentando entender.

-A sua irmã está grávida, você sabia disso? – Olhei pra Carol que chorava de braços cruzados.

-Grávida, como assim Carol? – Ela revirou os olhos sorrindo sarcástica. – Quando você soube?

-Isso importa pra você, Luiza? – Carol me encarou raivosa. – Na verdade isso não importa pra vocês, vocês não se importam comigo.

-Filha, você está se ouvindo? – Minha mãe era a mais tranquila de nós quatro. – Nos importamos muito com vocês.

-Não é o que parece. – Ela respondeu e meu pai passou a mão pelos cabelos.

-Sempre fomos amigos, deixamos vocês livres para fazer as suas próprias escolhas. – Minha mãe continuava com lágrimas nos olhos.

-Esse foi o nosso erro, devíamos ter sido mais rígidos. – Meu pai tinha o dedo riste em direção a minha irmã. – Você tem dezesseis anos, garota, como vai cuidar de uma criança.

-Eu me viro. – Carol disse com petulância.

-Filha...

-Isso é culpa sua Sônia. – Meu pai voltou a repetir. – Eu fui contra esse namoro, ela só tinha quatorze anos, mas você queria dar ela um voto de confiança, olha ai o que aconteceu...

-Culpa minha? Você é o pai dela, tem as mesmas obrigações que eu. – Minha mãe rebateu.

Gente vamos conversar com calma. – Pedi segurando o ombro do meu pai.

-Eu preciso sair, se eu ficar aqui eu faço uma loucura com a sua irmã. – Meu pai desfez o contato descendo as escadas nervoso.

Carol entrou para o quarto e bateu a porta, enquanto minha mãe e eu nos encaramos sem saber o que fazer. Foi praticamente uma bomba jogada no meio da nossa família. Minha mãe começou a chorar e eu fui até ela a abraçando.

-Vai ficar tudo bem. – Ela se encaixou no meu abraço e descemos pra sala. — Mas precisamos manter a calma.

Minha mãe tinha as mãos no rosto e eu tentava falar com meu pai, porém ia direto pra caixa de mensagens.

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