POV VALENTINA
Os dias estavam passando rápido demais, e isso eleva o nível de ansiedade. Estava evitando pensar na viagem de Luíza, mas a cada dia que passa, a nossa despedida fica mais próxima. Meu coração aperta para pensar em uma possível despedida, eu não saberia dizer adeus à ela. Luiza é o meu amor e depois que ela entrou em minha vida, eu não sei como é seguir sem ela.
Respirei fundo e me levantei da cama, já estava na hora de me arrumar para a escola. Hoje teremos o primeiro ensaio completo da peça e eu não poderia estar mais ansiosa por isso. Luiza de Julieta é a coisa mais linda que eu já presenciei na vida. Sorri para o meu reflexo no espelho e continuei a me arrumar.
Em pouco tempo consegui me arrumar e desci pra tomar café, encontrando minha família reunida e em uma conversa descontraída. Desci, me juntando a eles, deixei um beijo em cada um e me sentei ao lado do meu irmão.
-Bom dia, filha. – Meu pai disse sorridente. – Dormiu bem?
-Bom dia, pai! Dormi sim. – Me servi de café. – Vai sair?
-Vou levar seu irmão pra fazer umas compras, ele precisa ir alinhado pro estágio.
-Exatamente, não quero meu filho mal arrumado no escritório. – Minha mãe disse cheia de orgulho. – Em breve será você filha!
-Sim! – Respondi sem nenhum tipo de emoção.
Continuamos nosso café focados no estágio do meu irmão. Igor estava tão empolgado que era até engraçado, queria sentir um por cento dessa animação quando for minha vez de estagiar, porém sei que isso não vai acontecer. Depois do café, me despedi do meu pai e do meu irmão, os dois iriam por um lado e minha mãe me deixaria na escola antes de seguir para o escritório.
Minha mãe dirigia tranquila, mesmo com trânsito caótico do Rio de Janeiro pela manhã. Havia dias que eu não a via dessa maneira, estava até cantando a música que tocava no som do carro.
-Eu gosto dessa música. – Tocava água de chuva no mar da Beth Carvalho, Luiza havia me apresentado essa música algumas semanas atrás. – A Luiza me mostrou e eu apaixonei na letra.
-Eu amo essa música. – Minha mãe sorriu sem tirar atenção da estrada. – E a Luiza tem um bom gosto, aprecio isso.
-Ela tem sim, todos os dias ela me apresenta algo novo. – Senti meu peito esquentar por completo.
Minha mãe desviou os olhos para a minha direção e sorriu com afeto. Ouvi um suspiro longo sair de sua boca, como se ela quisesse dizer algo.
-Posso te perguntar uma coisa? – Ela parecia buscar as palavras certas.
-Pode. – Me virei um pouco esperando pelo o que ela tinha a me dizer.
-Como é a relação de vocês? – Nunca achei que minha mãe se interessaria por isso. – Digo, como vocês lidam com tudo?
-Ah, a Lu é tranquila, a gente sempre conversa sobre tudo, a gente está sempre envolvida nos mesmo assuntos, acho que nunca tive tanta conexão com alguém como eu tenho com ela, fora que todos os dias eu aprendo algo novo. Acho que a Luiza é o meu ponto de equilíbrio, aquela parte de mim que me permite sonhar além do que eu posso realizar, acho que nossa relação é assim. – Falei com o coração. – Eu me encontrei nela.
-Isso foi lindo de ouvir, filha. – Minha mãe sorria com os lábios apertados. – Você não sente medo? Medo dessa intensidade?
-Eu teria medo de não poder amar ela. – Olhei pra minha mãe que parecia chocada com a minha resposta. – Eu teria medo se ela não soubesse do meu amor por ela! Mas agora ela sabe, e o que o futuro tem pra mim e ela, vamos descobrir juntas. Não dava pra guardar esse sentimento dentro de mim, eu transbordaria. E eu sei que ela sente o mesmo.
