POV CATARINA
Marcos estava de joelhos em minha frente enquanto as lágrimas banhavam meu rosto. Eu estava me sentindo violada, me sentia frágil e sem reação e esse documentário mexeu comigo de uma forma inexplicável.
-Catarina, você precisa falar com ele. – Meu ex marido continuava batendo nessa tecla. – Ele te beijou sem que você quisesse.
-Eu não quero transformar isso em algo maior do que é. – O encarei. – Eu preciso esquecer isso e seguir minha vida.
-Não acho isso certo. – Ele respirou fundo. – Fale com sua superior então, precisam tomar medidas cabíveis.
-Eu não quero conversar com Vanessa sobre isso. – Limpei o rosto.
-É ela, né? – Eu sabia do que ele falava, mas me fingi de desentendida. – A pessoa que anda mexendo com você.
-Não sei do que você está falando. – Me levantei andando pelo quarto.
-Qual é? Eu conheço você há muitos anos. – Ele soltou uma risada nasal. – Desde nosso encontro no restaurante eu ando observando você. Ela também não parou de olhar você, mesmo acompanhada.
-Você disse certo, ela estava acompanhada. – Sorri sem humor. – Até mesmo nossa amizade se encerrou.
-Vocês deveriam conversar.
-Chega dessa conversa, me dá licença. – Ele negou com a cabeça. – Eu preciso dormir.
-Pense bem.
-Boa noite, Marcos. – Empurrei ele pra fora do quarto.
Fechei a porta do quarto e me joguei na cama processando tudo que aconteceu nessas últimas semanas. É tudo tão confuso, tão intenso. Passei a mão no rosto e tratei de dormir, amanhã tenho um longo dia pela frente.
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Subi pelo elevador com um frio estranho na barriga, a sensação de encontrar Samuel estava me deixando incomodada. Eu não sabia como agir perante a ele, a única coisa que sei é que quero distância, não quero ter que trabalhar com ele, mas também não tenho coragem de dizer isso.
Cheguei na recepção e Sandra me informou que teríamos uma palestra antes do início expediente. Agradeci e já ia seguindo pra minha sala, quando ouvi meu nome sendo chamado.
-Preciso entregar para Catarina Albuquerque. – Um rapaz disse chamando atenção de todos do escritório.
-Sou eu. – Estranhei, até ver o que ele tinha nas mãos.
-Assine aqui por favor. – Eram rosas lindas, assinei recibo e recebi o buquê.
-Quem mandou? – Perguntei curiosa.
-Não posso dizer. – O rapaz se retirou e eu procurava um cartão no meio das rosas.
-Hum, parece que você tem um admirador. – Sandra disse sorridente. – O que diz o cartão?
Achei o cartão, abri com dificuldade, pois o buquê era enorme.
-Não tem remetente. – Procurei por um nome, mas não havia. – "Me desculpe".
-Alguém tá interessado. – Sandra brincou e eu levantei o olhar encontrando Vanessa acompanhada da professora de Valentina, porém, Samuel passou pela porta com um sorriso largo em minha direção.
-Quero todos no auditório. – A voz grave de Vanessa me tirou do transe e ela passou por mim sem dizer nada.
-Bom dia, minha querida. – Samuel se aproximou como se nada tivesse acontecido. – Tudo bem?