POV VALENTINAPassei a noite em claro, minha cabeça doía de tanto chorar. As palavras da minha mãe cravaram na minha cabeça. Eu só queria um pingo de apoio, queria que ela entendesse que eu não quero ser advogada e isso é causa perdida.
Meu celular tocou avisando que já estava na hora de levantar. Meu desejo era ficar na cama o resto da semana, mas minha mãe jamais permitiria isso. Me arrumei no automático, nem sei a roupa que escolhi. Arrumei meu cabelo de qualquer jeito e me preparei para encarar minha mãe. Ela estava de costas preparando um café e eu me sentei sem falar nada.
-Bom dia. – Ela se direcionou a mim, mas eu não respondi. – Quero você em casa no horário.
Minha mãe me encarava e eu sustentei olhar, estava chateada demais, não dei a resposta, apenas bebi meu café puro.
-Jane, se você puder arrume o meu closet. – Ela viu que eu não respondi e se virou pra nossa diarista. – Eu fiz uma pequena bagunça hoje.
-Tudo bem dona Catarina.
-Sem o dona, por favor, acho que ainda estou jovem. – Ela brincou, mas eu não esbocei nenhuma reação.
Me levantei colocando a mochila nas costas, minha mãe me observava e eu só queria sair dali logo.
-Quer carona?
-Não.
-Não vai conversar comigo, vai fazer como o seu pai? — Rolei os olhos entediada.
-E existe algum tipo de diálogo com você? – Peguei minhas coisas e sai.
Passei o caminho todo segurando minhas lágrimas. A tristeza estava me consumindo, só queria chorar até esse sentimento sair de mim.
Cheguei na escola indo direto pra minha sala, não estava afim de conversar com ninguém. Me sentei e abaixei a cabeça esperando a aula começar. Rafa entrou na sala avisando que a prova seria agora. Peguei a folha e sequei meus olhos discretamente.
Não consegui me concentrar em nada, li a prova um milhão de vezes e não consegui entender, no final acabei marcando qualquer coisa e entreguei a prova. O restante das aulas do horário da manhã passou no automático, não quis conversar com ninguém, e aparentemente respeitaram meu espaço. Na hora do almoço, procurei o lugar menos movimentado, não estava afim de comer, só queria ficar sozinha.
-Ei, posso me sentar. – Estava de cabeça baixa quando a voz suave de Luiza me despertrou. – Não sei o que rolou, mas vi que você não foi comer e também não conversou muito durante a aula, então trouxe pra você!
Ela me estendeu uma barrinha de chocolate, passei a mão pelo rosto secando meus olhos. Peguei o chocolate e Luíza me presenteou com um sorriso largo.
-Obrigada.
-Se quiser conversar. – Ela disse, mas eu não sei bem se eu queria falar.
-Acho que não quero falar. – Suspirei pesado.
-Tudo bem, não vou te encher o saco, vou indo nessa.– Ela ia levantar, mas eu segurei seu braço antes.
-Pode ficar, eu só não quero falar. – Ela assentiu e sentou abraçando as próprias pernas. – Podemos falar de outras coisas?
-Claro.
Luiza e eu ficamos ali conversando sobre aleatoriedade, nada muito profundo, porém apenas dela estar ali eu já me sentia mais leve, ela conseguiu me tirar algumas risadas e eu já nem pensava na minha mãe. Nem sei que horas eram, só sei que o tempo passava muito rápido todas as vezes que fiquei tão próximo assim da Luiza.