POV LUIZAQueria ter me despedido da Valentina com um abraço, acho que ela estava precisando disso, mas ainda não somos íntimas o suficiente. Desde que entrei na sala e a vi de cabeça baixa, notei que algo não estava certo. Ela passou a manhã inteira em silêncio, não interagiu com ninguém e falei com a galera que era melhor respeitar o espaço dela. Porém no horário do almoço, eu não a vi no refeitório, então decidi procurar por ela e a encontrei sentadinha em um cantinho menos movimentado. Me aproximei e entreguei o chocolate que Malu havia me dado mais cedo.
Consegui arrancar uns sorrisos dela, mesmo ela não me dizendo o que aconteceu. Valentina é bem fechada e sinto que ela precisa de confiança antes de se abrir mais. Acabamos nos despedindo e não nos vimos mais naquela quinta feira.
Na sexta de manhã, tomei café com meus pais e conversamos sobre a minha viagem, eu estava muito empolgada, e o tempo parecia não passar, faltam oito meses pra minha ida pra Espanha, e eu espero ansiosamente por esse dia.
-Filha, temos que ligar para aquela proposta da casa que você olhou. – Meu pai disse depois de levar a caneca aos lábios. – Eu gostei, pois é bem perto do instituto de dança.
-Vamos ligar hoje, saio da escola e passo no seu escritório. – Ele assentiu concordando. – Tenho outros contatos também.
-Acha que seria bom se fossemos com você, esperássemos você se instalar? – Minha mãe disse com uma ruguinha de preocupação na testa.
-Mãe, não precisa. – Segurei sua mão por cima da mesa.
-Amor, a Lu dá conta sozinha. – Meu pai segurou a outra mão dela. – E isso é ótimo pra ela, uma viagem sozinha, se auto conhecer, testar os próprios limites.
-O papai tem razão, eu quero fazer isso sozinha. – Minha mãe concordou. – E eu sei que vocês sempre estarão ao meu lado.
-Sempre. – Meu pai reafirmou. – Ao seu lado também, Carol.
Minha irmã desviou o olhar da tela do celular e encarou meu pai. Havia dias que ela estava na dela e não se abria muito com a gente. Ela acabou dando os ombros e continuamos nosso assunto sobre a minha viagem até dar nossa hora. Meu pai nos deixou na escola, mas antes de entrar eu chamei Carol em um canto.
-Carol, o que tá rolando? – Segurei seu braço e perguntei em um tom suave. – Você está tão estranha.
-Nada, Luiza. – Ela puxou o braço. – Que saco, já disse que não tá rolando nada.
-Achei que fossemos amigas, antes a gente contava tudo uma pra outra. – Apelei pelo seu lado fraternal e ela revirou os olhos.
-Não vem com esse papo, a gente cresceu. – Cruzei os braços. – Agora para de me encher o saco, Luiza! Vai cuidar da sua vida.
Ela saiu pisando duro e eu suspirei irritada, logo senti as mãos de Duda em meus ombros. Nos cumprimentamos com um beijinho e demos os braços entrando na escola.
-O que tava rolando? – Ela perguntou depois que viu minha irmã andando mais a frente.
-Tem dias que ela está estranha, quase não conversa com a gente lá em casa. – Expliquei e ela ouvia com atenção. – A Carol não é assim, tá acontecendo alguma coisa e eu vou descobrir.
-Sabe que pode contar comigo, né? – Ela apertou minha mão me fazendo sorrir. – Agora vamos pra sala, tô curiosa pra saber o que Gizelly vai dar de mimo pra gente.
-Você é muito convencida, você nem sabe se o nosso trabalho foi o melhor?
-Ainda tem dúvidas? – Balancei a cabeça e seguimos pra sala.