Eu sou o seu amor?

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POV CATARINA

Mais uma vez eu via o sol nascer pela janela do meu quarto. Mais uma noite que passei em claro, com os pensamentos fervilhando em minha mente, cenas de duas noites anteriores não saiam da minha cabeça em momento algum. Toquei meus lábios novamente, a sensação ainda estava presente naquela região, o toque, o sabor, a suavidade, eu não conseguia esquecer.

Meus neurônios estavam em curto, eu não me lembro de algo ter tirado a minha paz dessa maneira. Vanessa entrou na minha vida como um vendaval, em poucos minutos ela ruiu todas as minhas paredes internas, me deixando em conflito aumentando toda a confusão que eu já estava sentindo antes desse beijo e agora tudo se intensificou.

Respirei fundo, buscando uma coragem dentro de mim que não existia, eu precisava encará-la essa manhã e eu ainda não sei como faria isso. Perdi as contas de quantas vezes eu disquei o número de Vanessa durante esse fim de semana. Mas o que eu iria dizer? Nem ao menos eu sabia o que estava sentindo dentro de mim.

O beijo não saia da minha cabeça, mas eu não posso me permitir que isso aconteça, eu sou uma mulher feita, sou mãe de dois filhos quase adultos, recém divorciada e sem contar que sou mais velha que ela, preciso me colocar no meu lugar e entender que isso é uma insanidade sem tamanho. Teríamos uma conversa séria, isso não voltará acontecer, ela precisa respeitar o meu espaço.

{...}

-Bom dia, mãe. – Beijei os cabelos do meu filho, me sentando na sequência.

-Bom dia, filho. – Sorri e ele me serviu o café. – Dormiu bem? Quando você vier de vez, podemos sair e comprar algumas decorações pro seu quarto.

-Sim, gostaria disso. – Igor sorriu simpático. – Ainda tá com cara de quarto de hóspedes. Podemos fazer isso depois.

-Claro, filho. – Mordi a torrada, mesmo sem fome alguma. – Já conseguiu marcar com a reitora da faculdade?

-Sim, ela vai me receber agora, na parte da manhã. – Assenti e continuamos nosso café em silêncio.

Quase não comi, mais brinquei com a comida do que me alimentei, Igora falava algo sobre a mudança e eu ao menos prestava atenção no meu filho, só conseguia pensar e como conseguir ignorar tudo o que aconteceu no sábado.

-Você conversou com a Vanessa? Gostaria muito desse estágio. – Só a menção do nome, fez meu corpo arrepiar. – Eu sei que ela disse que era certo, mas queria uma confirmação, uma reunião, será que você consegue falar com ela sobre isso?

-Sim. – Respondi limpando a garganta, não sei como depois de ter expulsado ela da minha casa eu pediria algum tipo de favor. – Eu falo com ela mais tarde.

-Obrigado. – Meu filho agradeceu e eu encarei o relógio, estava na hora de enfrentar a minha realidade.

-Já estou indo filho, logo a Jane chega, se precisar de algo peça a ela. – Me levantei indo até ele e dando um beijo em seus cabelos alinhados.

{...}

Pela primeira vez eu estava feliz em ficar presa em um engarrafamento, na minha cabeça quanto mais tempo eu demorasse pra chegar, mais tardaria meu encontro com Vanessa. A cada quilômetro que eu me aproximava, mais rápido meu coração batia. Quando eu estacionei em minha vaga e entrei no elevador, eu sentia que teria uma síncope a qualquer momento.

-Bom dia, doutora Catarina. – Minha secretária disse cordial. – Reunião em dez minutos com todos os associados.

-Obrigado Sandra. – Agradeci indo rapidamente pra minha sala.

Deixei minha bolsa na cadeira tentando manter a calma, tentava respirar fundo, sentia meu corpo trêmulo e as mãos suadas, nunca em meus quarenta e nove anos de vida eu me vi em uma situação semelhante a essa. Apertei a nunca tentando aliviar a tensão e segui pra sala de reuniões, sei que na frente de outras pessoas, Vanessa não faria nada para me constranger.

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