Você ta sozinha?

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POV VALENTINA

A presença do meu irmão me deixava muito feliz, Igor e eu sempre fomos muito unidos e ele era o meu  melhor amigo e sabia de todos os meus segredos. Depois do jantar com a amiga da minha mãe, subimos e deitamos em minha cama pra colocar o papo em dia.

-Estou feliz que tenha feito amigos, pirralhas. – Igor se virou pra mim. – Gostei deles.

-E a Duda gostou de você. – Brinquei fazendo cócegas em sua barriga.

-Ela é bonita, engraçada, que sabe...– Ele disse mexendo as sobrancelhas pra cima e pra baixo. – Mas sério, acho que essa mudança fez bem pra vocês, até a mamãe fez amigos.

-Isso me pegou de surpresa, não sabia que a mamãe tinha amigas. – Falei brincando. — Gostei da Vanessa.

-E é uma gata, né? – Sorri concordando com a cabeça. – Se ela gostasse de rapazes, seria um bom partido pra mim.

-Como você e sem vergonha. – Dei um tapinha em seu ombro.

O silêncio pairou entre nós, mas não era algo ruim, sempre fomos acostumados com a presença um do outro. Meu pensamento vagou em algo. Há dias que eu ando pensando sobre minha vida romântica, era estranho pensar que nunca me apaixonei por ninguém, eu nem sabia como era esse sentimento. Lembro do meu primeiro beijo em uma amiga da escola, não sei se foi bom ou ruim, só sei que não senti nada de especial como todos diziam.

-Igor? – Me virei me acomodando melhor na cama.

-Oi. – Ele repetiu o movimento.

-Você já se apaixonou? – Eu sempre perguntei tudo ao meu irmão, sempre achei que ele tinha todas as respostas para as minhas perguntas.

-Já. – Ele deu um sorriso nostálgico. – Foi no oitavo ano.

-E qual é a sensação. – Sorri com a cara de bobo dele.

-Parece que a gente fica bobo. – Igor deu uma gargalhada. – Todas as vezes que eu olhava pra Patrícia, meu coração parecia saltar do peito, minhas mãos suavam. Poxa quando ela sorria pra mim, meu corpo parecia flutuar, o som da voz dela era música pros meus ouvidos, a gargalhada então, era o meu som favorito. Eu passava horas só ouvindo ela falar dos sonhos dela, eu estava muito apaixonado. Contava cada segundo pra ver ela, e quando estávamos juntos eu queria que o relógio parasse.

-Por que você nunca me falou dela? – Perguntei curiosa. – Não deu certo?

-Ela se mudou pra Minas, e levou um pedaço do meu coração junto. – Igor disse sorrindo com a mão no peito. – Não era pra ser, mas ela foi minha primeira paixão. Mas por que está perguntando isso?

-Nada. – Desconversei  e deitei olhando pro teto.

{...}

Sexta amanheceu nublada no Rio, me arrumei e pedi à minha mãe uma carona, queria chegar uns minutos mais cedo pra poder conversar com Luiza, queria saber como ela estava. Assim que cheguei, Duda me encheu de perguntas sobre meu irmão, respondia, mas constrangida por ela falar do Igor daquela forma. Mona acabou nos chamando pro auditório e eu nem tive tempo de conversar com Luiza, somente quando sentamos na arquibancada eu me livrei de Duda e sentei ao lado dela perguntando como ela estava.

Quando Mona deu o anúncio do workshop, meu coração bateu apressado, seria um sonho poder participar, mas ao mesmo tempo não fazia sentido, já que eu decidi seguir o Direito, suspirei e olhei pra Luiza, encontrando seus olhos e seu sorriso direcionado a mim.

-Vai se inscrever, né cunhadinha? – Duda me cutucou e eu apenas neguei com a cabeça.

Luiza fez a mesma pergunta quando os anúncios de Mona terminou, falei que não faria a inscrição e mudamos de assunto, o resto da aula foi tranquilo e no final, Rafa me entregou minha prova com um belo nove, comemorei orgulhosa e agradeci Luiza baixinho. No fim do dia combinamos o horário da reforma da casinha e fui pra casa organizar tudo o que íamos precisar. E a noite, minha mãe nos levou ao teatro, eu estava amando ter o meu irmão na cidade, até minha mãe parecia mais leve.

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora