Vamos subir?

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POV CATARINA 

-Vanessa, entra. – Meu tom de voz saiu firme e a garota arregalou os olhos pra mim.

-Mas eu... – Vanessa gaguejou e eu ainda esperava ela entrar.

-Vamos conversar lá dentro. – Dei a ordem novamente, ouvindo ela bufar, porém abaixou a cabeça e passou pra dentro.

Meu sangue estava quente, não só pela baderna desses arruaceiros, mas pela audácia de Vanessa estar participando dessa patifaria, e ainda me chamar de "coxinha", bufei irritada, e ela me encarava com aquele sorrisinho cínico.

-Você me pede pra que eu a trate como uma adulta. – Comecei a falar sustentando meu olhar ao dela. – Mas se comporta como uma adolescente cheia de malcriação.

-Acho que devo estar precisando de umas palmadas. – Ela zomba deixando minhas bochechas mais quentes que o sol do Rio de Janeiro.

-Vanessa... – Fechei a cara e ela deu os ombros sorrindo.

-A qual é, Catarina. – Ela levantou os braços de forma exasperada. –Vai me dizer que não achou legal a galera fazer isso, sua filha é querida por todos e sabem que ela é uma boa garota.

-Isso não vem ao caso. — Levantei a mão, cortando sua fala. – Eu estou falando sobre suas atitudes infantis, já estava passando da hora de crescer e se portar como tal. 

-Catarina, eu sou uma mulher adulta, mas eu não me privo de viver o agora, viver o que eu quero e não vai agora que isso vai mudar. – Seu tom de voz mudou para um tom sério. – Ao contrário de muitas pessoas, eu não privo meus desejos

Seu olhar penetrante invadiam os meus, me deixando sem resposta. Engoli seco e ela se sentou no sofá.

-Será que pode ir buscar suas coisas? Está na hora da gente ir. – Ela mudou de assunto praticamente ordenando e eu apenas assenti com a cabeça acatando seu pedido.

Entrei no meu quarto com o coração palpitando, nunca vi Vanessa falar tão sério. E eu não entendi o motivo pelo qual eu fiquei sem reação. Tentei espantar os pensamentos e desci com a minha mala, minha bolsa de mão e minha pasta de trabalho.

Valentina, Luiza, Vanessa e Duda estavam sentadas à mesa em um papo bastante animado, entretanto se calaram quando me viram. Me sentei e logo me servi de café.

-Valentina, seu irmão deve chegar mais tarde, você sabe as regras. – Falei encarando minha filha. – Quero ligações diárias pra saber como você está, nada de mensagens.

-Eu sei mãe. – Ela revirou os olhos de forma tediosa.

-Não esqueça da nossa conversa, quero você com a cara nas apostilas. – As integrantes da mesa me encaravam. – E coma direito.

-Eu sei, mãe. – Ela repetiu novamente.

-E nada de comer besteira após as onze. – Vanessa zombou levando a xícara de café aos lábios.

Encarei por alguns segundos e seu sorriso presunçoso continuava em seus lábios. Desviei o olhar e o restante do meu desjejum, passei em silêncio.

-Vamos, não quero pegar trânsito. – Sua voz me chamou atenção.

-Vamos. – Me levantei. – Tchau filha, tchau meninas. Me ligue qualquer coisa e juízo.

-Tchau mãe. – Minha filha respondeu e as duas meninas se despediram de mim na sequência.

Vanessa saiu pela porta puxando minha bagagem, organizou tudo no porta malas e entrou dando partida na nossa viagem. Havia muito silêncio entre nós e apenas a voz de Gal Costa invadia o ambiente. Tentei me concentrar na paisagem e tentar esquecer que passaria uma semana inteira ao lado dela.

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