Acaso

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POV VALENTINA

-VIVA A VALENTINA!... — Meus amigos cantavam alto e meu sorriso preenchia o meu rosto.

-Faz um pedido, filha. — Minha mãe disse ao meu lado.

Fechei os olhos e desejei o que eu mais desejava no mundo. Mentalizei e assoprei a vela, jogando meu desejo pro universo.

-Discurso, Discurso. — Duda e Igor puxaram o coro e minhas bochechas ruborizaram na mesma hora, eu era tímida demais pra essas coisas.

-Aí gente, vocês sabem que não sou boa com palavras. — Olhei pra Luíza, que me encorajava a discursar para os meus convidados. — Primeiramente quero agradecer a presença de todos, vocês são mais do que especiais na minha vida. Em São Paulo nunca tive muitos amigos, mas aqui no Rio eu sei que fiz amizades verdadeiras.

-São Paulo não tem o tempero do Rio. — Duda me interrompeu, arrancando algumas rodadas.

-Existem muitas coisas que o Rio ganha de São Paulo. — Olhei pra Luíza que sorria pra mim. — Agora um agradecimento especial, pra pessoa que me convenceu de vez, que aqui no Rio eu vivi o que sempre sonhei. Sei que foi ideia dela juntar todos vocês aqui, assim como foi ideia dela fazer um protesto na porta da escola. Eu sou completamente fã dessa pessoa que é flamenguista de carteirinha, militante nas horas vagas e que faz meu coração bater alucinado cada vez que meus olhos encontram os dela. Obrigada Lu.

Gritos e assobios preenchiam o ambiente, Luíza me olhava totalmente sem graça e Vanessa a incentivou ela ir até mim. Luiza me abraçou apertado, deixando um beijo estalado em minha bochecha.

-Bom, agora vamos comer né gente. — Mais uma vez Duda interrompeu e concordamos em ir comer o bolo.

Nunca gostei de comemorar meu aniversário, nunca tive muitos amigos pra fazer uma festa, então sempre comemorei com meus pais, meu irmão e a Jess, minha vizinha que sempre vinha brincar comigo. Mas hoje, quando Luíza me raptou no meio da tarde, me fazendo matar aula pra ir tomar sorvete, meu aniversário ganhou um novo sentido. Tudo isso era um plano pra dar tempo da minha mãe preparar a surpresa que elas combinaram a semana toda. Quando chegamos em minha casa, fui recebida por gritos eufóricos e é claro que meu coração ficou gigante com a quantidade de amor que eu recebi.

Ali estavam as pessoas mais importantes que conheci esse ano, Duda e Igor, Roger e Carol, Nath e Pugli, Ian, Gi e Rafa e Vanessa. Eu estava feliz, como nunca havia me sentido antes.

-Gostou? — Luiza me abraçou.

-Eu amei. — Entrelacei nossos dedos e sorri pra ela. — Você não existe.

-Existo sim, e sou toda sua. – Luiza esfregou o nariz no meu. – Ainda tenho mais um presente, mas vou deixar você aproveitar a sua festa.

-Agora eu estou curiosa. – Incrível como ela não cansa de me surpreender.

-Eu já te conto. – Nos soltamos quando vimos nossos amigos nos encarando.

-Vocês são tão boiolas. – Carol disse com falso desdém. – Quanto mel.

-Não tenho culpa de você ser fria. – Luiza mostrou língua pra irmã, arrancando risadas dos presentes ali.

-Fico tão feliz de vocês viverem o amor sem amarras. – Dona Sônia disse abraçando Carol pelos ombros. – Eu sei que ainda temos muito preconceito e intolerância, mas só de saber que vocês são acolhidas e estão rodeadas de amor, me deixa muito feliz.

-Eu preciso ser sincera em dizer que sinto medo dessas pessoas ruins que tem no mundo. – Minha mãe confessou um pouco sem graça.

-Hoje em dia temos leis, não que isso nos isenta do preconceito e da violência, mas não precisamos esconder quem somos e quem amamos. – Gizelly entrou no assunto, segurando Sofia no colo.

Wildest DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora