CAPÍTULO 38

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ANA MARIA

Primeira noite que vou passar dormindo na casa do Carlos sozinha, vejo que nada aqui estava do jeito que deixamos no dia que fomos viajar, dona Kátia deve ter limpado.

Olho o lugar onde eu nunca entrei sem ele, observo algumas das minha coisas que pelo o que me parece a Cami trouxe lá de casa, provavelmente para que eu não sentisse falta de lá.

Olho cada coisinha, algumas me parecem novas, subo as escadas, determinada a tomar um banho e dormir.

Entro no quarto de hóspedes e não encontro minhas coisas.

Vou até o quarto dele e vejo que os lençóis da cama que costumavam ser brancos ou cinza, agora tem um azul clarinho, além dos dois travesseiros que tinha agora tem mais quatro, todos organizados como ficavam na minha casa.

Olho a mesa de cabeceira e algo me chama atenção, pego o objeto retangular na mão e vejo que tem uma foto de nós dois, é o porta retrato que ele comprou em Arraial.

Sento na beira da cama macia mexendo no porta retrato.

Naná: eu vou dormir aqui mesmo, tô carregando a cria dele, nada mais merecido que uma cama macia.- dou uma risadinha com o que eu disse.- vamos tomar um banho bebezinho.- falo com a barriga, por aqui ja virou um costume.

Me levanto indo até o banheiro,tomo um banho fresco e ponho um baby Doll que achei no armário.

Deito na cama e alisando meu baixinho e logo eu pego no sono.

[•••]

Acordo com barulhos de fogos e em um pulo eu me levanto da cama.

Naná: invasão.- os barulhos são constantes, mas não sei distinguir, se ainda são fogos ou tiros.

Fico deitada na cama, de barriga para cima.

O barulho acaba e logo ouço um barulho vindo do andar de baixo, meu corpo fica tenso, pensando no que ou quem pode ser.

A porta do quarto é escancarada e o homem pelo qual eu sou apaixonada entra pela porta.

Olho surpresa, ainda em choque pelo Medo.

Sansão: morena.- se aproxima e me abraça.- porra que saudades.- me abraça apertado e me solta quando parece se lembrar da gravidez.- caralho, tô aqui com vocês, eu estava doido de saudades.- abaixa beijando a barriga.

Ouço barulhos lá em baixo e logo o Doca entra com uma cara nada boa.

SANSÃO

Doca: filho da puta, tu tá baleado.- encaro ele e depois a naná que procura o ferimento.

Naná: você ta baleado?- assinto.

Sansão: nada de mais, foi de raspão.- falo.

Naná: você fugiu?- assinto.- por que?- encaro ela.

Sansão: dez anos naná, acha mesmo que eu iria ficar dez anos sem vê vocês.- ela continua me olhando.

Naná: mas você vai ficar como foragido.- assinto.

Sansão: nada de mais.

Doca: Vou mandar alguém do posto vir fazer um curativo.- assinto e ele sai.

Naná: você é maluco.- dou um meio sorriso.

Sansão: maluco por você.- ela nega.- me perdoa pelo o que te fiz passar.- ele só balança a cabeça que sim.

Naná: você está bem mesmo?- concordo.- deixa eu vê.- levanto a blusa mostrando a cintura com um leve ferimento.

Logo o Doca volta com uma enfermeira e ela da uns três pontos no machucado e fecha o ferimento.

Naná: são cinco da manhã.- fala depois de bocejar.- vou dormir.- avisa.

Sansão: vou contigo.- ela me olha debochada.

Naná: sua mulher não vai gostar, ou melhor a primeira dama.

Sansão: minha mulher é você Ana Maria, só você.- falo segurando seu rosto para manter seus olhos no meu.

Naná: esqueceu de avisar a ela então.- continua com a implicância.

Sansão: pode deixar, vai todo mundo saber quem é a primeira dama desse morro.- viro as costas indo até o banheiro tomar um banho.

Volto para o quarto e a naná já dorme, saudades dessa visão dos deuses que é essa mulher dormindo com esse rabetão pro alto.

Deito ao seu lado e me aconchego por detrás, abraço a cintura da minha mulher e durmo como não durmo nesses dois meses.

[•••]

Acordo com o celular tocando e eu não tenho prenderam meu celular quando fui pego, olho o outro lado da cama e é o celular da Naná.

Olho no visor e a chamada já foi encerrada.

Do de ombros e vou para o banheiro tomar um banho, faço minhas higienes, ponho uma roupa e desço as escadas vendo que já invadiram ela.

Miguel: PAPAI.- o garoto pula no meu colo e eu giro ele no ar, deixando escapar um gemido baixo de dor.

Cat: Miguel, seu pai tá dodói.- faço careta pelo jeito que ela fala.

Sansão: k.o filhão, papai é fortão.- ele da risada.

Cami: eu estava com saudades - abraça meu corpo.

Kátia: Você não pode fazer essas coisas.- bate em mim se referindo a fuga.

Sansão: também estava com saudades coroa.- ela para de me estapear e me abraça.

Sento no sofá ouvindo elas tagarelando e brinco com o Miguel no meu colo, é aí que eu lembro por que essa foi minha decisão, ficar longe deles dez anos é demais para mim.

Flashback

O ônibus entra em um túnel e é aí que tudo começa, os quatro carros pretos que faziam a escolta do micro-ônibus para dois atrás e dois na frente, logo homens de preto e encapuzados saíram dos carros portando fuzis.

Os policiais de dentro do ônibus são rendidos por um dos meus infiltrados, e logo eu estou livre.

Mas como tudo o que é bom dura pouco.

Um tiroteio que não estava nos nossos planos começou em baixo do túnel, logo um fuzil está na minha mão, a troca com dois carros de polícia que está na entrada do túnel está frequente.

Sinto minha cintura queimar e um tiro pego de raspão.

A poeira abaixa e logo estamos fazendo fuga de alguns carros, depois de despista-los paramos no ponto de encontro.

Anderson: você levou um tiro?- nega.- não era para ser essa confusão, era para te resgatar e ir embora.

Sansão: e eu tenho culpa porra.- ele nega.- então bora logo que eu quero vê minha mulher.

Anderson: só dá para sair de madrugada quando a poeira na cidade estiver abaixado, vai ter polícia para tudo o que é lado.- assinto não satisfeito.

Flashback

Na volta para casa foi tudo de boa, logo eu estava entrando no meu morro.

Doca: já acertei com o Anderson.- assinto, na última conversa que tivemos eu disse a ele menos de 5 anos eu não ficava, que era para ele já ajeitar minha fuga.

Naná: festinha e ninguém me chama.- brinca descendo as escadas em um vestido florido.

Cami: estávamos esperando você acordar né, desde que descobriu a gravidez, não fica acordada por muito tempo.- minha irmã implica.

Naná: palhaça.- da risada.

Kátia: deixa ela descansar.

Naná: é, me deixa descansar.- sorrio em poder está aqui, curtindo esse momento.

Eu não devo merecer metade disso aqui, mas Deus me abençoou e é aqui o meu lugar, perto de quem eu amo.

⭐⭐⭐⭐⭐⭐

PATROAOnde histórias criam vida. Descubra agora