Capítulo 22

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Sina Deinert

Sentia meu ar faltar, minhas mãos trêmulas, minha cabeça doía e por algum motivo minha garganta parecia trancada. Porém dizer isso fez meu peso diminuir, não contei nada além, mas só por admitir que escondi algo minha consciência deu uma aliviada.

- O que você escondeu? - Noah me virou lentamente e eu mal conseguia olhar seu rosto.

- Meu pais... - respirei fundo. - Não eram membros da máfia italiana.

- Quem eram? - me segurou pelos ombros.

- Eram os donos! - e então seu rosto ficou estático, suas mãos me soltaram e ele deu dois passos para trás.

- Isso é algum tipo de piada? - neguei fechando os olhos e tirei as luvas deixando cair sobre o chão.

- Eu não queria. - parei em meio ao soluço. - Não queria ter escondido isso, mas...

- Achou que tinham palhaços aqui? - escutei sua voz irritada e novamente neguei. - Esse tempo nos enganou, esteve no nosso território!

- Isso não deveria ter acontecido. - olhei ele. - Eu não sabia quem eu estava roubando, acha mesmo que eu queria viver tudo isso de novo?

- Você tem noção do que é isso? - me limitei em assentir. - Maria você é herdeira daquilo! - passei a mão no rosto. - Meu Deus, como eu sou burro! - gritou socando um outro saco.

- Eu deveria ter dito, mas eu não conseguia.

- Não conseguia. - escutei sua risada forçada. - É só eu meter uma bala na sua cabeça que aquilo fica comigo por honra.

- Está vendo? - gritei olhando ele. - Do que iria adiantar eu falar alguma coisa? A primeira coisa que iria passar na sua cabeça era me matar.

- Não é bem assim. - disse alterado.

- Como não é bem assim?! - gritei de volta. - Desde o dia em que você cuspiu na minha cara que era dono da maior máfia já localizada eu vi o tamanho da merda que me meti.

- Não posso acreditar nisso. - bufei irritada.

- De qualquer forma não ia mudar em nada. - me aproximei da lona e me sentei ali. - Morta ou viva, não faço diferença. - limpei o rosto respirando fundo.

- Por que fugiu? Por que se escondeu ao invés de lutar pelo o que é seu? - forcei uma risada.

- Olha pra mim Noah. - abri os braços debochada. - Sou uma adolescente perdida que não tem noção de como está viva. - suspirei.

- Me escondi porque mesmo que eu quisesse jamais iria conseguir aquilo de volta. - digo irritada. - Eles eram grandes, tinham uma história, tinham um fardo tão grande que carregavam mas trabalhavam tão bem que nem se importavam. Eu era só a filha única, cujo a habilidade era com máquinas. Como seu pai mesmo disse, incompetente!

- Deus, era você. - olhei ele que ainda parecia atordoado com toda essa situação. - Por que Ísis?

- Não ia ter casamento, não ia ter acordo, a ideia de dar um nome falso foi dos meus pais, mas só descobri qual era ontem. - alisei minha nuca.

- Isso ainda não faz sentido.

- O que não faz sentido? - ele andou de um lado a outro.

- Como eles morreram? Porque o Henrique?

- A parte do assédio era verdade, contei para o meu pai, mas parece que Henri foi informado e sumiu. Não conseguimos descobrir como, nem quando, mas ele foi conseguindo aliados. - fechei meus olhos. - Eu vi minha família morrer Noah, um a um eu fui perdendo todos e não podia fazer nada. Quando meus pais perceberam realmente era tarde demais, então o único que conseguiram fazer foi me esconder e arrumar um jeito de me dar como morta.

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