Sina Deinert
97,98,99,100%
Transação concluída!
Peguei meu celular e sorri ao ver a mensagem estampada.
Transferência de 1 milhão na sua conta!
Girei na cadeira e peguei meu pacote de batata. Levei uma até a boca e fechei os olhos saboreando aquele sabor de bacon, melhor coisa.
Ao levar minha segunda batata até a boca, começo a ouvir a cama gemer no andar de cima. Inclinei minha cabeça para olhar o teto e revirei os olhos mastigando minha outra batata.
Sério? Hoje nem é sexta seus pau no cú!
Peguei meus fones bluetooth e liguei minha música no máximo para não ouvir essa pouca vergonha em cima de mim.
Voltei a pegar meu saco de batata e caminhei até a janela. Abri aquele troço emperrado e ao respirar fundo abri um sorriso sentindo o cheiro de fossa, não teria lugar melhor para eu me enfiar.
Cocei minha bunda indo até a geladeira e abri olhando ela. Fiquei batendo a ponta do indicador ali vendo o quão vazia já estava minha pequena acumuladora de gostosuras.
— Preciso fazer compras. — resmungo e me inclino pegando uma latinha de refrigerante.
Fechei a porta com o pé e caminhei até o projeto de sofá me jogando ali. Abri a latinha dando um longo gole e senti aquele gás descer rasgando, soltei um arroto alto e acabei rindo depois.
— Salute. — digo a mim mesma pegando mais uma batata.
Moro em um cubículo que chamo de cafofo. Aqui é até aconchegante, tirando a cama dura, esse sofá que fede a mofo e aquela tv que só com um soco forte funciona.
Minha conta bancária está bem cheia, e morar aqui é um dos vários motivos para eu passar despercebida.
Tenho 20 anos, mas me tornei um gênio em engenharia de computação com 9, sim, é de se surpreender.
Meus pais? Bom, morreram quando eu tinha 15, mas isso não vem ao caso agora, meu passado eu deixo onde está, que no caso é bem enterrado.
Desde então venho me mantendo afastada de tudo e de todos, só saio de casa para ir ao mercado e pegar o dinheiro que desvio.
Eu cresci ouvindo que meu QI era demais para uma menina, que a inteligência e a beleza não andavam juntas, bom, isso até eu nascer. Se bem que quem me vê agora deve pensar que sou uma moradora de rua.
Minhas roupas andam mais rasgadas que tudo, as solas dos meus pés estão sujas de tanto que ando descalça por esse lugar podre. Meu cabelo anda tão embaraçado que facilmente um passarinho confundiria com um ninho e pousava aqui, a única coisa que se salva é eu escovar os dentes todos os dias.
Aqui não tem água quente, o que resulta que eu só tomo banho quando tenho coragem, o que dificilmente acontece. Às vezes eu só percebo quando me espreguiço de manhã e sinto aquele odor azedo do meu suvaquinho.
Ninguém nasce perfeito, não é mesmo?
Ágil, rápida, atenta, focada, são coisas que eu deveria ter estudado mais, ou melhor dizendo, treinado mais.
Treine da melhor forma que puder, domine seu medo, alimente-se bem, descanse, faça repetições, treine sua mente, cuide de suas lesões e nunca, jamais, se compare com alguém!
A culpa te consome e a derrota te leva apenas a um lugar, o chão! Então não pense, apenas aja.
Acho que eu deveria ter pensado nisso antes de querer apagar o passado.
Desde os meus 5 anos é isso que venho aprendendo, até que aos 7 descobri que meu lance é ficar sentada na frente de um computador. Hoje ainda faço isso, mas comendo chips de batata, me entupindo de refrigerante e hackeando contas bancárias pelo mundo.
Como não peso 80 kilos? Isso ainda é um mistério.
Enfiei a mão no meu saco de batata e vi que tinha acabado.
— Qual é? — resmungo jogando o saco no chão.
Segui até o armário e choraminguei ao ver que não existia mais batata… Olhei a hora no relógio da parede e bati a porta do armário que já estava quase caindo de tanto que fazia isso.
Coloquei um casaco de frio, calcei meu tênis, peguei o dinheiro que ficava embaixo do estofado do sofá e peguei as chaves de casa.
Abri a porta que só faltava cair de tão velha que estava e saí do cubículo trancando ele. Desci aqueles cinco andares correndo e sai do pedaço de lar ofegante.
LA estava em uma época fria, o que resulta em mais atraso de banho.
Atravessei a rua correndo e cheguei no mercadinho do bairro.
Passei por aqueles corredores e fui jogando chips de batata de tudo quanto é sabor no meu carrinho. Fiquei frustrada pois o de pimenta não tinha mais ali…
Coloquei mais 24 latinhas de refrigerante no carrinho e peguei alguns macarrão instantâneo, algumas barras de chocolate, sorvete… acho que deu por hoje Maria.
Passei tudo no caixa e enquanto o moço anotava o valor vi um jornal que me chamou a atenção.
Peguei lendo a notícia enquanto mastigava um doce de alcaçuz.
"Banco central da Alemanha relata o desvio de dinheiro, o culpado já está preso e nega todo o envolvimento"
Sorri e devolvi o jornal.
— Deu 200 tudo. — olhei para o cara com o alcaçuz na boca.
Entreguei o dinheiro contado e peguei as sacolas. Empurrei aquela porta com o cotovelo e segui para casa.
Está aí outra coisa que eu mando muito bem, consigo desviar meu endereço de IP e ninguém nunca descobre que sou eu. Agora, se a pessoa culpada for alguém de bem, não posso fazer nada.
Olhei aquelas escadas e me sentei no primeiro degrau para recobrar as forças. Sedentarismo mata.
Levei meia hora para chegar no meu cafofo, a cada leva de escada eu morria por 5 minutos para retomar o ar.
Arrumei tudo no canto do armário e coloquei uma água para esquentar. Ao menos o casal de cima aquietou o fogo.
...
Comi meu macarrão enquanto via o noticiário, nada de muito importante, só uma joia avaliada em mais de 5 milhões que foi roubada.
— Isso tem a cara dos Camorra. — resmungo mexendo no meu macarrão.
Os Camorra, uma máfia de quinta que tem como princípio roubar jóias de valores inestimáveis. Fora seus outros crimes, esse se sobressai.
Já roubei muito dinheiro deles, e tudo o que fiz foi doar para um orfanato da cidade.
Por que gosta de roubar se não vai viver no luxo?
Bem, primeiro que qualquer lugar que eu fosse levaria trabalho para transferir meus bebês, vulgo meus computadores. Segundo, como eu já disse, a partir do momento que alguém olhar para esse pedaço de prédio vai desistir de entrar. Não sei como ainda não caiu.
Desliguei aquela tv e joguei a água que sobrou do macarrão fora. Só escovei meus dentes e me deitei naquele pedaço de pedra para dormir.
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Vejo vocês em breve!
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The Máfia•Noart•
Action𝑵𝒐𝒂𝒓𝒕 𝑨𝒅𝒂𝒑𝒕𝒂𝒕𝒊𝒐𝒏|Ela é uma garota inteligente,mas chegar a esse efeito não foi nem um pouco fácil. 20 anos e vivendo totalmente isolada no subúrbio de LA,viver sem o luxo é uma escolha sua,visto que a mesma se diverte roubando pessoa...