Capítulo 36

946 56 13
                                    

Sina Deinert

Já era de madrugada. Chegamos em casa, jantamos e depois eu tomei banho para ir dormir.

Minha cabeça ainda remoía a conversa do carro, isso me custou meia hora de banho só com a água caindo em mim.

Coloquei um conjunto moletom por cima do pijama e sai do quarto. Segui até o quarto de Shivani e bati duas vezes. Sem nenhuma resposta abri a porta e encontrei apenas sua cama bagunçada.

Fiquei confusa com isso, eram duas da manhã e ela deveria estar dormindo…

Peguei meu celular e abri as câmeras. Rodei cada cômodo e quando cheguei na área da piscina lá estava ela, sentada na borda com apenas os pés dentro da água.

Desci as escadas e segui até a área da piscina. Cumprimentei o segurança que estava ali e me aproximei por trás dela.

— Oi? — digo baixo mas ela acabou se assustando. — Desculpa, não queria te assustar. — ele apenas virou a cabeça e voltou a olhar a piscina.

Soltei um suspiro e levantei as barras da minha calça. Tirei meu chinelo e me sentei um pouco afastada colocando os pés na água quente da piscina.

Eu não sabia muito bem o que fazer, então como uma boa tagarela, comecei a falar.

— Sabe? Quando eu era mais nova fiquei imaginando no que eu seria boa. — digo encarando a piscina. — Crianças de cinco anos já atiravam, derrubavam adversários maiores, faziam planos simples, mas que davam certo. — senti seu olhar sobre mim.

— Passei por vários testes, até que no de QI deu 252. — soltei uma risada fraca. — Lembro de todos chocados com aquilo. A garota de seis anos, filha dos donos, com duzentos e cinquenta e dois de QI. — mexi meus pés. — Me colocaram para treinar nas máquinas, passava horas ali, eu realmente me divertia. — sorri.

— Só que nem tudo era perfeito. — suspirei. — Um dia eu teria que assumir aquilo, e se eu ficasse apenas nas máquinas, jamais sobreviveria. — senti meus olhos arderem. — Eu tinha tanta fascinação por eles, eram tão unidos, tão felizes, tão… respeitados. — respirei fundo.

— Tão pequena e eu tinha que carregar o peso daquilo comigo. Treinar, dominar meu corpo, me alimentar bem, descansar, treinar minha mente, era apenas isso, e tudo intensamente. — olhei o céu rapidamente. — Eu me inspirava neles, todo lugar que passava as pessoas falavam o quão bons eles eram e aquilo me deixava boba, porque eu era filha deles. — olhei ela que me encarava.

— Mas eu falhei. — soltei uma risada. — Não foram uma, nem duas, foram várias e várias vezes. Tiro, luta, planos, eu demorei e muito para pegar tudo. — ela desviou o olhar. — Mas desistir não estava nos meus planos.

— Sozinha e de madrugada, não importava o tempo que levasse, eu saia sozinha pela mansão e ia treinar. Tinha medo dos meus pais desistirem de mim, de tudo aquilo ficar com um primo meu. — neguei lentamente. — Ao mesmo tempo que não queria, eu queria.

— Minha infância não foi nem um pouco fácil, as crianças mais velhas e mais novas que deveriam me respeitar, não faziam isso, pelo contrário, jogavam na minha cara o quão incompetente eu era. — encarei a piscina sem piscar. — É como dizem, aquilo que não te mata, te faz mais forte.

— Durante todo o meu crescimento eu só tinha minha família ao lado, só eles me apoiavam, e de certa forma era só aquilo que eu precisava, mas também queria mostrar para todos o que eu podia fazer. — suspirei. — "Enfrente seus medos Maria,tome duas decisões,terá que aprender a ser líder." — imito minha mãe. — "Não pense,apenas faça." — imito meu pai.

The Máfia•Noart•Onde histórias criam vida. Descubra agora