Capítulo 14

887 55 8
                                    

Sina Deinert

No quarto e sentada na porta, é onde eu estou desde o momento em que saí daquele estande de tiro. Lá fora já era noite e umas três pessoas vieram me chamar para comer algo.

Lamar, que insistiu duas vezes e eu disse que estava bem. Depois Any, que disse ter deixado um prato na porta e por último Diarra, aquela ali quase me convenceu, mas ao soluçar em meio ao choro ouvi ela se afastar.

Eu estava me sentindo fraca, não por não ter comido, mas por não ser capaz de encarar a minha realidade. Era apenas aquilo, apenas um tiro, já fiz isso tantas vezes, porque agora não consigo?

Suspirei fechando os olhos e encostei minha cabeça na porta.

"Quando eu era mais nova também não gostava de pegar em arma.Ouvia minha mãe dizer agachada na minha frente."

"E como lidou com isso?Estou tremendo até agora.Ela riu pegando minhas mãos."

"Escuta,a gente só quer o seu bem,não vamos ficar te obrigando a isso."

"Mas...Ela negou lentamente."

"É normal sentir medo,mas não tem como a gente te ajudar se você não fizer isso por si só.Assenti Só não esqueça,não terá a gente pra sempre."

Coloquei minha mão naquela maçaneta e fechei os olhos abrindo a porta.

A casa já estava em completo silêncio e todas as luzes apagadas.

Sai do quarto e desci decidida a fazer isso.

Você consegue Maria, não faça por você, faça por eles.

Cheguei naquele local e ali estava aceso. Olhei para o canto e vi os botões que levantavam os alvos. Cliquei neles e logo vi os dez aparecendo.

Fiz um coque no cabelo e olhei aquelas armas com suas munições logo abaixo. Peguei uma Glock 20 e três pentes indo até minha posição.

Coloquei sobre a pequena bancada e carreguei rapidamente. Levantei meu olhar para aqueles alvos e respirei fundo…

Levantei meu braço e com o apoio da outra mão eu mirei, devo ter ficado uns trinta segundos assim até criar coragem para puxar o gatilho. O som ecoou pelo local e quando olhei errei feio.

Suspirei frustrada e dei risada. Levantei minha mão novamente e fechei um olho para tentar focar novamente. Puxei o gatilho mais rápido e ao ver onde a bala foi dei risada novamente.

— Deus, você está muito enferrujada Sina.— resmungo arrumando minha postura e miro novamente.

Viro um pouco minha cabeça e disparo novamente. Mas adivinha? Errei!

— O que eu estou fazendo de errado? — digo irritada e coloco uma mão na cintura.

— Está com o braço muito levantado. — me assustei ao escutar uma voz e me virei de uma vez.

Noah estava bem ali, parado e com as mãos dentro do bolso da sua calça social. Sua camisa azul estava com as mangas dobradas e se eu pudesse chutar, ele acabou de chegar em casa.

— Eu… — tentei argumentar algo porque certamente eu não deveria estar aqui, mas travei. Noah se aproximou lentamente e seu sapato social fazia um pequeno barulho ao andar.

— Às vezes olho para você e duvido se realmente foi criada com a máfia italiana. — engoli seco e desviei o olhar.

— Sei que não deveria estar aqui. — digo encarando a pistola e vejo ele tirar as mãos do bolso.

— Não mesmo. — pegou a arma da minha mão. — Mas já que está aqui. — tocou na minha cintura e me fez virar de frente para os alvos.

— Não me lembro de deixar você me tocar. — digo baixo e ele pega minha mão esquerda.

— Quer aprender a atirar ou não? — assenti. — Então fique quieta. — revirei os olhos.

Noah parou exatamente atrás de mim e guiou meus braços.

— Sua mão tem que servir como apoio, então force para que a pistola não saia do lugar. — disse baixo em meu ouvido e eu senti meu corpo inteiro arrepiar.

Sem saber o que falar eu apenas assenti e ele colocou sua cabeça ao lado da minha.

— Você é baixa, então não ultrapasse seu limite. — abaixou um pouco. — Fora a cabeça, o coração é um bom lugar. — dei risada.

Com seu indicador junto do meu ele pressionou lentamente e a bala saiu direto acertando o alvo bem no meio. Mordi meu lábio inferior contendo um sorriso e abaixei minha mão.

— Viu? — disse ainda próximo de mim e eu assenti.

— Obrigada. — digo e quando penso que ele vai sair, me assusto com seus lábios que tocaram meus ombros.

Seus beijos foram subindo e eu fechei os olhos com seus lábios quentes em meu pescoço. Acabei soltando um suspiro baixo quando suavemente ele mordeu minha orelha e puxou.

— Noah. — digo com uma voz fraca tentando me situar. — Noah para com isso. — digo mais alto e me viro encarando seus olhos.

— Por quê? — se aproximou me fazendo quase deitar na bancada.

— Porque… — paro de falar quando vejo que não tenho motivos. Mas eu deveria ter, vários, uma lista, com várias páginas aliás… mas neste momento estou tão hipnotizada pelo seu olhar, seu perfume que me parece o mesmo do primeiro dia que o vi e sua boca que parece tão gostosa...

— Foi o que pensei. — foi tudo o que ele disse antes de me puxar pela cintura e selar nossos lábios.

Assustada, eu juntei minhas forças e empurrei ele dando um tapa forte em sua cara.

— Maluco! — limpei minha boca e ele levou a mão no rosto. — Isso que você é! — deixei o local correndo e segui pelos cômodos que agora tinham as luzes acesas.

Novamente corri até o quarto e bati aquela porta com força levando a mão no peito… ele me beijou, aquele maluco me beijou!

Levei minha mão até meus lábios e alisei eles suavemente.

Deus,eu bati nele!

Cobri minha boca e comecei a rir indo em direção a minha cama.

— Maria, sua maluca, bateu no chefe. — comecei a rir, mas não sabia se era de desespero ou felicidade. Ele que veio pra cima, eu em.

Tomei meu banho e tive que ir dormir de barriga vazia, Deus me livre trombar com esse cara agora.

Todos corriam pela casa enquanto eu comia meu iogurte zero com sucrilhos, isso é uma delícia.

Já fazia um tempo que eu tinha acordado, e agora, parece que estão todos enlouquecendo. O motivo? Bom, eu ainda não sei, e acho que nem vou saber.

Não vi o senhor esquentadinho hoje, o que também me fez agradecer aos céus, como que eu iria olhar para a cara dele agora?

Terminei meu pote e lavei rapidamente. Peguei um outro de frutas na geladeira e abri comendo com a mão mesmo, saudades do meu chips de batata.

Nossa, se eu tivesse sido esperta dobrava o Noah e fazia ele comprar… porra Maria.

Parei na sala e me escorei na parede vendo algumas das meninas prontas.

— Onde vão? — pergunto curiosa.

— Surgiu um trabalho em cima da hora, nada de mais. — assenti lentamente após a fala de Any.— Savannah foi convocada, mas disse que vai olhar as câmeras para ver se você se exercitou, se tiver furado, ela te fará sofrer mais amanhã. — revirei os olhos.

— Quem aguenta? — resmungo e ela ri.

Terminei meu pote e segui com calma até a academia, já que vi que não tenho escapatória mesmo.
______________________________________________
Hoje vou tentar postar 3 capítulos e me desculpem se eu não conseguir.

Nós vemos no próximo capítulo☆

The Máfia•Noart•Onde histórias criam vida. Descubra agora