Capítulo 61

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Sina Deinert

O caminho foi longo, mas durante o trajeto eu conversei bastante com ela. Seu nome é Selena e mora aqui há cinco anos.

Ela realmente estava vindo da casa dos avós, o que explica o tanto de comida. Disse que queriam muito conhecer o neto e resolveu matar a saudade.

Ela me disse que ele é um menino muito travesso, se não ficar de olho pode acabar fazendo uma M gigante. O pai dele trabalha em uma corretora de imóveis, mas ela me disse que o pequeno é mais apegado com ele.

Disso eu ri um pouco, é seu primeiro filho e ela fica indignada de ter carregado nove meses para o pequeno ser apegado com o pai.

— E como foi no parto? — pergunto tomando um pouco de água agora.

— Realmente não é como os comerciais dos dias das mães pintam, mas devo dizer que a sensação de segurar ele em seus braços é algo indescritível. — sorria ao falar. — Fui uma mãe muito babona, até hoje eu sou, mas aprendi a lidar melhor. — rimos.

— Ainda fico assustada com tudo isso. — encarei a rua. — Tenho 20 anos, acho cedo, mas fico ansiosa com o dia que minha barriga vai começar a crescer. — sorri fraco.

— Pode ter certeza, tudo vale a pena no momento em que você escuta o choro dele na sala de parto. — contrai os lábios segurando um sorriso.

Estava me distraindo como podia, como Mari mesmo disse, não posso me estressar porque o bebê sente. Mas a cada vez que eu via uma nova placa, minha ficha caia de que estava mais próxima de casa. Estava muito perto de saber se tudo era realmente verdade.

Aquele cara pode ser assustador, mas está enganado se pensa que não vou contar nada disso a ninguém, vou fazer questão de espalhar aos quatro ventos o que ele fez comigo. Desgraçado.

Selena chegou a me emprestar o celular, mas de onde nós estávamos não havia um sinal sequer, de tanto que conversamos acabei por esquecer isso.

Seu caminho agora seria outro, e eu insisti para ela me deixar em um ponto de táxi. Não ia pegar táxi, e sim um ônibus, pedir carona, qualquer coisa, mas ela me ofereceu dinheiro e não me deixou negar.

Agradeci de todas as formas possíveis por isso e quase chorei quando ela me desejou sorte e felicidades com meu bebê. Sim, os hormônios estão instáveis.

Pedi o bendito táxi e graças a Deus eu estava a trinta minutos de casa.

Consegui olhar no relógio do painel e já passava das 19h da noite, Deus, saí de casa ainda eram 9 da manhã.

...

— Chegamos moça. — olhei em volta e paguei descendo em seguida.

Esperei o carro sumir da minha vista e caminhei até a mansão, o que faltava uns 10 minutos ainda.

Cheguei em frente a mansão e encarei aquilo sem acreditar no que acabei de viver hoje. Não sei se quero saber a verdade…

Meus passos eram curtos e nenhum segurança estava na parte da frente.

Abri a porta principal e tudo o que ouvi era um grande silêncio.

— Alguém? — gritei olhando em volta. — Mariane? — gritei novamente e nada.

Segui até a sala e peguei o telefone da casa discando o número da mesma.

Alô?— sua voz saiu após três chamadas.

— Sou eu, a Sina.

Maria? — disse desesperada. — Por Deus,onde você está?Estamos a horas te procurando. — suspirei me sentando no sofá.

— Estou em casa, estou bem. — engoli minha vontade de chorar. — Por favor, venha pra cá rápido.

Estamos indo. — a ligação foi encerrada e eu joguei o telefone na mesinha.

Se controla para não chorar Maria, nem se estressar muito. Mas se tudo for verdade aquele Noah vai me ouvir, ah mas ele vai.

Subi para o quarto e separei uma roupa para ir tomar banho.

Queria não pensar em nada, deixar minha mente vaga só para tentar relaxar, mas isso foi impossível. A voz daquele cara ia e voltava na minha cabeça, suas ameaças, suas palavras, tudo. Se ele não estivesse sozinho, desarmava ele e metia uma única bala em sua cabeça.

Só que tem algo aí que não bate, por que ele me diria tudo isso? Por que me diria para não dizer nada ao Noah e mesmo assim me deixasse sair se fosse verdade?

Estou certa do que vou fazer, preciso ouvir isso da boca dele… mas se isso realmente for verdade, a troco de quê Marco me deixou sair?

Fechei os olhos e suspirei frustrada. Vou realmente enlouquecer.

Desliguei o chuveiro e me enrolei em um roupão deixando o banheiro.

Me aproximei da cama onde havia deixado minha roupa, mas parei na metade do caminho quando escutei passos nas escadas.

Minha porta do quarto se abriu de uma vez e por ela passou uma Mariane com os cabelos lá em cima.

— Céus! — correu na minha direção e me envolveu em um abraço. — Está bem mesmo? Te fizeram algo? O que aconteceu? — me soltou e verificou meu corpo por cima do roupão me analisando.

— Estou bem, queriam me dar um aviso. — ela me olhou e minha atenção foi desviada no momento que escutei mais passos.

Dessa vez Noah passou pela porta e seu rosto estava vermelho, não sabia se era de raiva ou porque estava chorando… vou levar em conta a opção número um.

— Maria. — se aproximou mas no mesmo instante eu recuei. — O que aconteceu? — cerrei meus punhos.

— O que aconteceu? — digo irritada. — Você aconteceu Noah! — seu olhar caiu sobre mim totalmente confuso.

— Não se estresse agora, sabe que não pode. — o moreno tentou me tocar mas eu desviei.

— Não encosta em mim Noah. — senti as lágrimas brotarem em meu rosto. — Eu deveria saber que tudo isso era incapaz de acontecer, que eu sempre fui uma menina ingênua e que não importava como, todos iriam saber tirar proveito.

— Do que está falando Maria? — Mari apareceu na minha frente e eu neguei lentamente sentindo as lágrimas molharem meu rosto.

— Por que fez isso? Por que brincou comigo desse jeito? — digo com a voz trêmula encarando o moreno. — O que foi que eu te fiz, Urrea? — me aproximei dele. — Me responde! — soquei seu peito irritada.

— Sinto muito. — mordi meu lábio inferior e neguei me afastando.

— Então é verdade? — olhei em seus olhos. — Estava me usando esse tempo todo? — ele não respondeu, mas quando sua cabeça abaixou obtive minha resposta.

Como eu fui idiota!
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Tenho uma coisa a dizer:Duas pessoas enganadas...

Nós vemos no próximo capítulo☆

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