Capítulo 59

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Sina Deinert

Recobrei a consciência e me vi sentada em uma cadeira. Poderia me desesperar, mas notei que minhas mãos e pernas estavam soltas.

Ia me levantar para entender o que se passava, mas ao direcionar meu olhar para frente, pude ver algumas figuras que me fizeram congelar.

A luz no local se fez presente e o meu coração parou quando vi na poltrona um homem mais velho. Pele clara, cabelos castanhos, olhos verdes e com a barba para fazer.

Meu desespero começou a crescer porque ele se parecia com uma única pessoa.

— Ora Maria, assustada? — sua voz saiu fria do outro lado e um arrepio tomou conta da minha espinha.

Era ele, o homem que eu ouvi falar durante anos, aquele cujo só de mencionar o nome, fazia as pessoas tremerem por medo. Arrogante, frio, inteligente, perspicaz e acima disso, completamente sedento por poder.

Marco Urrea, o chefe de máfia mais temido. Não esperava que ver ele tão de perto me deixaria completamente apavorada...

— Por que me sequestrou? — pergunto por fim não transparecendo meu medo na voz.

— Eu acho que você não está no direito de fazer nenhuma pergunta. — engoli seco após ele se levantar e caminhar na minha direção.

A cinco passos de mim, foi exatamente onde ele parou. Seu olhar me causou um embrulho no estômago e eu me mantive firme.

Ouvi passos do meu lado e logo duas pessoas me pegaram pelos braços me colocando em pé.

— Sabe quanto tempo eu esperei para olhar na sua cara? — fiquei calada diante de sua pergunta. — Ah Deinert, antes tivesse tido o mesmo fim que seus pais.

— Ora seu... — fechei meus punhos indo pra cima dele, mas os dois brutamontes me seguraram com força.

— Não me faça agredir uma grávida, meu neto ou neta não merece passar por isso. — fechei minhas mãos. — E antes que pergunte, sei da sua gravidez há duas semanas. — olhei ele desconfiada.

Noah contou para ele e não me avisou nada?

— O que você quer? — pergunto firme travando meu maxilar.

— É algo muito simples. — se aproximou e tocou meu rosto suavemente. — Se afaste do meu filho. — prendi minha respiração quando sua mão parou no meu pescoço apertando de leve.

— Não tenho nada com seu filho. — digo sentindo meu corpo cada vez mais trêmulo.

— E essa criança? — disse olhando em meus olhos. — Você não é mulher para o meu filho. — soltei uma risada forçada.

— E quem você pensa que é para me definir como algo? — digo com raiva na voz e ele sorri sínico.

— Quer mesmo descobrir? — começou a pressionar meu pescoço e eu levei minha não na sua. — Não vai me responder? — senti meu ar faltar e neguei para sua primeira pergunta. — Ótimo. — me soltou e eu puxei o ar de uma vez alisando meu pescoço.

— Vou dizer algo bem simples, porque eu tenho certeza que o mínimo de inteligência que tem aí, vai te fazer acordar pra vida. — empurrou minha cabeça e eu fechei os olhos irritada.

— Noah está esse tempo todo usando você.  — encarei ele completamente perdida. — Ah, a carinha de confusão. — disse com um sorriso e seus caras deram risada.

— O-o quê? — digo sentindo meu coração cada vez mais disparado.

— Vamos fazer um resumo. — se virou de costas. — Há um tempo atrás, chegou aos meus ouvidos que uma pessoa havia roubado meu filho, ainda pior, uma mulher. — se virou voltando a me olhar. — Descobri seu nome, sua idade, de onde você veio. — engoli seco. — Até que a bomba explodiu. — cerrei meus punhos.

— Esse tempo todo Maria, eu sabia de você, cada passo seu, cada envolvimento com a máfia do meu filho. Sabe como? — neguei. — Noah mesmo me contou. — prendi minha respiração.

Isso não faz o menor sentido, Noah fez questão de manter isso escondido do pai...

— Ele não guardou o segredo por uma semana, segundo ele, era melhor eu saber que havia uma garota desconhecida na casa. — senti a raiva crescer em meu corpo. — Aí eu te pergunto Maria. — cruzou os braços na minha frente. — Acha mesmo que meu filho seria burro de cair em uma armadilha no sistema de alarme do museu? Ou, não perceber que a ex noiva dele estava prestes a passar a perna nele? Acha mesmo que meu filho, aquele garoto que eu mesmo fiz questão de criar, se deixaria levar por detalhes tão inúteis? — senti um nó se formar na minha garganta.

Nesse momento, na minha cabeça seria como se tudo se encaixasse de uma única vez, é como se eu simplesmente fosse o ser humano mais burro da face da terra e a vida me desse um grande tapa na cara me fazendo acordar.

Como que eu nunca reparei nisso? Como que eu nunca notei que esses detalhes eram tão simples e que ele jamais deixaria passar nada? Meu Deus, como eu fui burra!

— Além do mais. — voltou a me chamar a atenção. — Acha mesmo que ele receberia ordens de uma mulher? — apertei minhas mãos sentindo minhas unhas afundarem na minha pele. — Acha mesmo que meu filho iria largar assuntos importantes porque uma menina mimada mandava? — ah não!

Meu sangue ferveu de uma vez e sem pensar meti um forte tapa em sua cara que o fez virar o rosto.

— Não ouse nunca mais falar de mim! — digo irritada e os dois voltam a me segurar. — Você é tão sujo quanto falam, só mais um cara escroto que acha que ser homem é ser maioral, mas deixa eu te explicar uma coisa, oh grande poderoso Urrea. — debochei vendo ele com a mão no rosto.

— Você não passa de mais um inútil neste mundo. — levantei minha voz. — Um homem babaca, um machista desgraçado que só está onde está porque seu único dom é passar a perna nos outros. — me debati com um sorriso falso.

— Se acha bom? — digo convencida. — Me diz como é saber agora que eu já roubei mais de 10 milhões da sua conta sem você nem saber? — vi suas sobrancelhas levantarem. — Me diz como que uma garota que deveria estar morta, se manteve escondida durante cinco anos sem deixar pistas? Me diz como eu, uma mera adolescente incompetente. — ressaltei a palavra cuspindo na sua cara. — Foi capaz de dobrar a segurança do seu filho para fugir da casa e ir a um simples mercado?! — encarei seus olhos e pude ver a raiva ali.

— Não levante sua voz pra mim! Não me diga onde é meu lugar! Não pense que pode me botar medo me ameaçando com essas suas merdas de palavras. — segui encarando ele. — Eu já cheguei até aqui, já suportei muita coisa, me provoque também que eu mesma acabo com a sua vida! — digo sentindo minha respiração cada vez mais pesada.

— Está mesmo me ameaçando? — riu forçado e eu ri ainda sentindo as mãos me segurando.

— Ameaçando? Não. — voltei a ficar séria. — Ameaças são uma forma covarde que as pessoas têm de intimidar alguém. — sorri de canto. — Eu não faço ameaças meu caro Marco, apenas te coloco a par das consequências. — seu olhar mortal sobre mim me fez manter o sorriso.

— Olha aqui sua pirralha. — agarrou meus cabelos e inclinou minha cabeça para trás.

— Olha aqui você. — levantei meu joelho de uma vez e acertei em cheio seu pau. Ali mesmo ele se contorceu e eu sorri sentindo meus braços cada vez mais doloridos. — Não encoste suas mãos imundas em mim. — seu olhar caiu sobre mim e ele sacou uma pistola mirando em minha cabeça.

— Você já me irritou. — o vi engatilhar e mantive minha postura firme.

Pra você eu me recuso abaixar a cabeça.
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Teve lacre e teve deboche e Sina Deinert faz tudo!

Uma pena que vai...

Nos vemos no próximo capítulo☆

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