Capítulo 63

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Sina Deinert

Tudo à minha volta parecia ter sumido, via apenas um fundo preto onde estava Noah. Meu corpo não se mexia, minha voz não saía e eu queria apenas chorar, mas meu corpo também não aguentava mais isso. Eu estava me sentindo uma marionete, um mero boneco que fazia a vontade de todos.

Ouvi toda a verdade saindo de sua boca e ouvi cada palavra que me deixava com o estômago cada vez mais embrulhado. Mas ele conseguiu me dizer algo que me deixou ainda mais desacreditada.

— Está mesmo me dizendo isso? — pergunto confusa. — Ou em algum momento da nossa conversa eu fiquei tão irritada que perdi a consciência? — encarei seus olhos.

— Eu não queria continuar com isso, Maria, mas é impossível parar meu pai. — neguei empurrando ele. — Precisa acreditar em mim. — me segurou pelos pulsos. — Eu não iria te matar, não iria te passar a perna. — neguei. — Comecei a me arrepender e não foi pelo bebê, foi muito antes de ir ao México se quer saber.

— Acontece que eu não consigo mais ver verdade em você. — me debati para me soltar, mas foi em vão. — Olho pra você e só sinto raiva, nojo… se isso fosse mesmo verdade teria me dito sobre seu plano sujo há muito tempo.

— E você por um acaso iria me perdoar? — disse olhando em meus olhos. — Estava tudo indo bem Maria, até meu coração resolver me pregar uma peça.

— Não quero te escutar.

— Mas precisa. — disse sério pegando minha mão. — Esse é o efeito que você vem causando em mim Maria. — minha mão encostou em seu peito e notei apenas seu coração disparado. — Tentei me privar, tentei colocar na minha cabeça que seu destino era apenas um, mas não consegui. Eu realmente me apaixonei por você. — fechei os olhos e neguei.

— Acho que é um pouco tarde para fazer isso. — puxei minha mão. — Não quero mais saber de você Urrea, vou arrumar minhas coisas e hoje mesmo vou embora.

— Não vou te impedir. — encarei ele. — Só quero que você diga que não sente nada por mim. — meu coração voltou a disparar. — Diz que não me quer por perto Maria. — abaixei o olhar. — Mas diz olhando nos meus olhos. — neguei sentindo minha vontade de chorar voltar.

Posso ser boa em mentir, mas nunca me envolvi com esse sentimento. Me odeio por isso, porque por mais que a raiva por ele esteja grande dentro de mim, o sentimento de gostar ainda se faz presente.

Desde os meus quinze aprendi a lidar com tudo sozinha, que eu realmente não precisava de ninguém para me sentir bem o tempo todo. Mas ele me causou isso, ele abaixou a minha guarda e entrou na minha vida…

— Odeio você. — digo ainda de olhos fechados. — Odeio por ter entrado na minha vida, odeio por ter me feito reviver tudo aquilo que queria esquecer, odeio por ter me feito ser mais confiante, odeio por ter me feito confiar em você. — solucei em meio ao choro. — Odeio por você ter feito o que fez.

— Eu já disse que sinto muito. — suspirou. — Mas você conhece esse mundo Maria, você melhor do que ninguém sabe como é carregar o fardo de levar o nome de uma família nas costas. — fiquei em silêncio. — Dizer não a eles…

— É querer desonrar seu nome e sua história. — completo alisando minha testa. Minha cabeça já estava doendo pelo choro quase incessável. — Só que você não percebe o quão hipócrita foi? — olhei ele. — "Segredos não são bem vindos nessa casa" — o imito e ele abaixa a cabeça respirando fundo.

— Não quero prolongar isso. — voltou a me olhar. — Só quero que saiba que eu tentei parar meu pai sem que ele desconfiasse e eu realmente não sabia que ele estava em LA, se eu soubesse teria arrumado uma desculpa para tirar você daqui. — neguei e me sentei na cama respirando fundo.

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