Capítulo 76

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Sina Deinert

Encarava a porta daquele escritório e pensava se batia ou não.

Por incrível que pareça, Noah acordou mais cedo do que eu e saiu para resolver uns assuntos. Sua mãe veio aqui hoje e nós conversamos um pouco, mas depois que o moreno voltou os dois saíram juntos.

Estive esperando ele voltar apenas para acertar certas coisas que me foram ditas ontem, mas parece que tudo conspira contra quando se precisa.

Noah está no escritório já tem duas horas, me disse que estaria ocupado e veio apenas me dar um beijo de boa noite. Só que eu não estava afim de esperar ele terminar suas coisas e ir falar com ele quando estivesse cansado…

Respirei fundo pela quinta vez e bati três vezes na porta.

— Estou ocupado! — mordi o lábio inferior após ouvir sua fala abafada e fechei os olhos rapidamente.

Levei minha mão até a maçaneta e abri a porta devagar. Coloquei apenas minha cabeça e forcei um sorriso assim que ele me viu.

— Desculpa, não quero atrapalhar. — digo e o vejo afastar um pouco a cadeira.

— Você não atrapalha. — sorriu e eu passei fechando a porta.

Me aproximei de sua mesa e dei a volta parando ao seu lado. Me escorei na mesa e o encarei pensando em uma forma boa de dialogar.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim, quer dizer, não. — balancei a cabeça confusa. — É que a gente precisa conversar. — cocei minha cabeça.

— Ah. — se escorou na cadeira. — É sobre eu ter bebido?

— Também. — limpei a garganta. — Você me disse umas coisas ontem e por mais que estivesse bêbado, eu sabia que era daquele modo que pensava. — Noah desviou o olhar.

— O que eu disse? — perguntou baixo.

— Que estava com medo de me perder e que tudo isso era culpa sua. — Noah suspirou e tombou a cabeça para trás.

— Eu só… — parou de falar e fechou os olhos.

— Incomoda você não ter ouvido da minha boca que te perdoo? — ele me olhou e ficou em silêncio. — Noah? — suspirou.

— Você não tem que me perdoar. — caminhei na sua frente e me agachei.

— Já passamos por muitas coisas e acho que está um pouco longe de termos paz. — olhei em seus olhos. — Mas quero deixar claro e olhando no fundo dos seus olhos, que eu te perdoo sim. — digo com total sinceridade.

— Certeza? — perguntou com um sorriso nos lábios e eu acabei rindo fraco.

— Sim Noah, mas quero que entenda e esteja ciente de algo. — digo ainda olhando ele. — Eu nunca vou esquecer o que você fez comigo, e não é por raiva ou rancor, e sim pelo trauma que a situação me trouxe.

— Entendo. — peguei sua mão.

— Mas também quero que saiba que hoje, é você quem me faz sorrir. — sorri sem mostrar os dentes. — Eu disse que te odiava por ter entrado em minha vida, mas hoje posso dizer que mudei de ideia. — Noah abriu um sorriso e se levantou.

Me levantei junto dele e o abracei fechando os olhos.

Depois de anos me sentindo sozinha e vivendo escondida com medo de ser pega, eu novamente me sinto em casa e feliz.

Como eu disse, não vou esquecer o que passei, mas hoje quando lembro não sinto mais raiva. Me sinto segura, confio nele e realmente o amo.

Noah hoje me vê como sua maior prioridade, que por mais que esteja atolado de coisa, sempre acha uma brecha para me ver e dizer o que está fazendo. Sei que mais do que tudo ele quer ser pai, e isso é algo que vamos tentar novamente quando tudo passar — no momento não me sinto tão segura para isso e o medo de algo voltar a acontecer me preocupa.

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