Capítulo 51

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Sina Deinert

Mariane parou o carro e eu fiquei encarando a porta daquela garagem. Será que dá tempo de fugir?

Tirei o cinto e desci com calma. Pedi para os seguranças pegarem as sacolas e levarem ao meu quarto, estava com preguiça e nervosa demais para fazer isso.

— Eu irei direto para um banho, mas depois vou querer saber do que conversaram. — Mari passou ao meu lado dizendo baixo e eu mostrei o dedo do meio.

Ela me prometeu que não ia dizer nada a ninguém, nem mesmo ao Arthur, confiei nela, até porque dizer isso já me tirou um peso das costas.

Entrei em casa e caminhei até a sala vendo alguns sentados vendo filme.

— Boa noite. — digo me escorando na parede e todos me olham.

— Maria. — disse Heyoon pausando o filme e vindo ao meu encontro. — Como você está?

— Bem. — forcei um sorriso. — Sei que todos ficaram sabendo do dia de ontem, mas por favor, sem palavras de conforto, isso só dói mais. — pisquei com um sorriso e ninguém disse nada.

— Como quiser. — disse Lamar dando um sorriso.

— Onde o Noah está? — pergunto olhando todos.

— No escritório. — disse Nour e eu assenti.

— Vou lá, bom filme. — sorri novamente e deixei o local respirando fundo.

Isso não é hora de acelerar coração, fica calmo aí.

Subi as escadas em passos lentos e virei o corredor seguindo até o escritório dele…

Aí,calma.

Dei meia volta e saí correndo até a cozinha. Abri o armário vendo meus chips de batata e peguei um de pimenta forte. Peguei um refri na geladeira e deixei a cozinha.

Subi correndo dessa vez e virei o corredor parando na porta do seu escritório. Bati duas vezes e logo ouvi sua voz grossa me pedindo para entrar.

Só fique calma Maria, não é a primeira vez que vai mentir.

Abri a porta com meu chips já aberto e fechei novamente vendo ele em pé olhando para o lado de fora.

— Diga meu querido. — dei um falso sorriso querendo disfarçar esse coração que estava quase saltando para fora e levei uma batata até minha boca.

— Senta aí. — apontou para a poltrona e eu caminhei despreocupada até lá. — Quero falar duas coisas com você. — andou na minha direção e parou na minha frente. — Primeiro, sobre o seu não comparecimento e o que aconteceu de noite. — prendi minha respiração e abri minha lata de refri dando um longo gole.

O gás desceu de uma vez e eu não me segurei, acabei soltando um baixo arroto e ri em seguida.

— Desculpa. — deixei a lata sobre a mesinha e cruzei minhas pernas com a saco de batata em mãos. — Não fui ontem pois como deve ter ficado sabendo, foi um dia complicado. — mordi mais uma batata e senti minha língua pinicar com a ardência. — E como assim ontem de noite? — fingi demência e ele cruzou os braços.

— Me lembro de encontrar você à noite bebendo. — chupei meu dedo fazendo um alto barulho.

— Eu sempre faço isso. — forcei um sorriso. — Ficar sóbria só me traz mais lembranças e eu prefiro beber. — dei de ombros e ele suspirou.

— Acontece que me lembro de beber com você. — mantive meu olhar despreocupado sobre ele e enfiei mais batata na boca. — Só que depois disso não me lembro de mais nada. — uma onda percorreu meu corpo e eu nunca me senti tão aliviada em toda a minha vida.

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