Capítulo 2

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Antônio POV's on:

Cheguei ao flat da Amanda um pouco mais tarde do que eu pretendia, o dia foi atolado de coisas, além das tentativas desenfreadas de me manter em segredo. A garoa piorava ainda mais tudo, e o trânsito? Esse estava péssimo aquela noite. A primeira pessoa que dei de cara na porta do flat foi com um entregador de delivery:— boa noite — disse procurando as chaves que a Paulinha me entregou pela manhã.

— Boa noite — ele estava encharcado, pegou um pequeno pedaço de papel do bolso e leu com certa dificuldade o borrão — A... Amanda, ou Pau.. Paulo? Paula... — ele aproximou o papel dos olhos.

— Eu sou Antônio — ele sorriu confuso — provavelmente só uma delas está aí, mas pode estar a dormir... — completei sorrindo — mas eu posso solicitar o código pra receber.

— Ah sim, pode ser — ele sorriu abrindo a bag, tirou uma pizza e garrafa de vinho. Solicitei o código a Paulinha e logo ela me enviou, informei e recebi o pedido.

Abri a porta devagar, achei que a Amanda poderia estar descansando. Joguei minha bolsa perto da porta, coloquei as compras na pequena bancada perto do fogão, a pizza e o vinho sobre a mesa. Caminhei em passos leves direção a parede que separava a pequena sala/cozinha do quarto, mas antes que pudesse avistar a cama, pude ouvir o som do chuveiro que estava ligado e uma música a tocar, Amanda estava no banho. Balancei a cabeça sorrindo de mim mesmo, por agir com tanta cautela ao pensar que ela poderia estar descansando. Logo ela, extremamente agitada.

Comecei a guardar as coisas no armário e percebi que já tinha algumas coisas ali, provavelmente a Paulinha comprou algumas coisas. Coitada, estava indo a loucura com tantas pedidos feitos por mim.
Estava quase terminado de arrumar tudo quando escutei a porta do banheiro se abrir e ela desligar a música que tocava no celular:— duro é achar essa porcaria de carregador... 5% — ela reclamou pra si mesma.

— O meu tá aqui — disse fechado a porta do armário.

— Meu Deus! — ela gritou levando uma das mão até o coração deixando cair as roupas que segurava — Sapato! — ela disse em tom de surpresa, mas logo sorriu correndo até a mim — eu não acredito que você tá aqui.

Gargalhei:— te assustei Amandinha? — ela pulou no meu colo envolvendo os braços no meu pescoço e as pernas ao redor do meu corpo.

— Meu Deus, é sério? — ela disse olhando meu rosto e abraçando-me forte — que saudade sapatinho — depositou alguns beijos no meu rosto sorrindo — quando você chegou de Miami? Eu pensei que você só voltaria daqui um mês e meio. Por que não me contou?

— Cheguei ontem de madrugada — disse caminhando com ela no colo — queria fazer surpresa — sorri olhando-a — que saudade, Amandinha  — a abracei mais forte.

— Melhor surpresa que eu poderia receber — ela disse de um jeito doce se aconchegando nos meus braços — que saudade.

— Eu estava contando os minutos pra te ver — depositei um beijo em seu rosto apertando seu corpo contra o meu, ela fez o mesmo.

Ao chegar perto do sofá ela desceu do meu colo, mas logo me abraçou novamente.

— Eu também, Sapatinho— ela levantou o rosto, apoiou o queixo em meu peito, me concedeu um sorriso fraco enquanto me olhava nos olhos — eu já ia te ligar, acredita? — ela acarinhou minhas costas e depositou um beijo no meu tórax — queria agradecer e pedir desculpas pelo trabalho.

— Tá doida Amandinha? Não tem trabalho nenhum. Já disse que o que precisar é só me avisar... eu tô longe, mas ajudo como posso — sorri sem mostrar os dentes, ela apoio a cabeça no meu peito — eu não sabia que a Paulinha tinha passado no mercado, por isso trouxe essas coisas.

— A Paulinha é maravilhosa — Amanda disse consertando o pijama — obrigada mesmo.

— Não precisa agradecer — disse depositando um beijo no topo de sua cabeça — recebi a pizza, não vai comer?

— Só se você me fazer companhia! — ela me concedeu um sorriso doce.

— horas depois —

Eu comi quase toda a pizza sozinho, Amanda já ia para sua terceira taça de vinho e enrolava a comer sua segunda fatia de pizza. Já era quase madrugada, a garoa já havia se transformado em um temporal e dentro daqueles pequenos metros quadrados eu e ela tínhamos perdido completamente a noção do tempo:— ah, Amandinha, você tá de brincadeira! — falei cruzando os braços — nem as malas tu desfez quando foi em Curitiba?

— Sapatoo! — ela gargalhava — eu não consegui, estava tentando me situar, 3 meses confinada, perdi muita coisa.

— Não tem justificativa — disse tentando parar de rir.

— Eu ia vim para São Paulo e depois pra cá, pra que desfazer as malas? Eu precisava descansar — ela mandou uma piscadela — prioridades — ela se levantou jogando fora metade do pedaço de pizza que comia e logo retornou à mesa.

— Você não comeu nem dois pedaços de pizza inteiros. Amandinha, você tem comer, velho! Vai acabar passando mal.

— Eu comi muita coisa durante o dia — ela deu com os ombros — só isso.

— Tu tem que organizar isso de alimentação, quase não come — respirei fundo — quero nem pensar você aqui sozinha sem ninguém pra tá de olho.

— Eu tenho o que? 7 anos? — ironizou — eu só não consegui me encontrar ainda — respirou fundo, com a voz baixa disse tentando sorrir — nem a minha casa, nem a minha vida. Muito menos rotina... tudo de cabeça pra baixo. Eu estava morando num hotel, tem noção da loucura?

— O que está se passando nessa cabecinha? — perguntei aproximando minha cadeira da dela.

— Nem queira saber... — Amanda fechou os olhos soltando o ar pesado — ai sapatinho, é complicado, muita coisa boa acontecendo, mas muita mudança pra pouco tempo.

Puxei pra perto lhe dando um abraço e um beijo na cabeça:— você sabe que eu estou aqui, para o que precisar. Se quiser conversar, ou só apenas alguém pra te escutar... pode me ligar qualquer hora.

— Eu sei... — ela me concedeu um sorriso dessa vez mais sincero — é que as vezes esse abraço que eu quero, sabe? — ela se aconchegou agarrando a mim.

A conversa seguiu por mais alguns minutos, ela não me disse nada, também não forcei, apenas tentei a distrair com outros assuntos. Acho que deu certo, ela estava bem mais alegre e descontraída, talvez também fosse o vinho, ou os dois. Não importa, apenas já era o suficiente ela estar melhor.
Olhei o relógio e pousei a mão sobre a mesa:— está muito tarde, daqui dois minutos já é amanhã... você precisa descansar! E acho que eu preciso ir.

— Como assim? — ela disse colocando a taça na mesa e enrolando os cabelos deixando seus ombros a mostra — eu não te vejo a dias, você quer me deixar sozinha? Que crueldade, sapato! — ela sorriu fazendo drama, segurou minha mão que estava sobre a mesa entrelaçando nossos dedos. Amanda me olhou com o rosto sereno e logo desviou os olhos para um canto qualquer.

— Amandinha, daqui a pouco tão falando horrores, tem matéria em todos os sit.... — antes que eu terminasse ela interrompeu.

— Ah, Sapato — ela disse seria — eu não tô nem aí para o que falam! — Amanda respirou fundo e abaixou o tom, voltando a me olhar nos olhos — Dorme aqui, a cama é espaçosa, cabe nós dois.

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