Capítulo 28

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Antônio POV's on:

Acordei mais cedo que o normal, isso tem acontecido muito nessa minha última volta para a Flórida. Principalmente depois de eu e Amanda decidimos terminar. Nós nos falávamos muito quase toda madrugada por ligação, como isso não está acontecendo mais, o meu sono virou uma bagunça, ou acordo extremamente cedo ou não durmo pensado incontáveis coisas. Prometemos que manteríamos a amizade independente do resultado que nosso envolvimento tomasse, mas na prática é diferente.

Estamos mantendo contato, mas não tem sido a mesma coisa. É assustador, já que desde o começo do programa não dormíamos sem falar um com o outro é agora não é sempre que fazemos isso.
Rolei pela cama, olhei o celular, bloqueei a tela. Fui até o WhatsApp, bloquei a tela novamente. Passei as mãos pelo rosto, peguei o celular novamente e abri o contato dela, olhei aquela foto linda que ela colocou no perfil depois de eu muito dizer que ela estava linda, bloquei a tela do celular e sai do quarto, como se fugisse do aparelho.

Tentei afastar a Amanda da minha cabeça com um banho frio, talvez aquilo me resultasse em um resfriado? Talvez, mas eu só queria dar um choque de realidade em mim mesmo.

Tomei um café enquanto via uma programação qualquer na tv. E aquilo não me prendia.
A academia só abriria um pouco mais tarde, minha casa não parecia tão legal. Vaguei pelos cômodos e inconsequente veio em minha mente uma fala que a minha mãe uma vez disse:— Júnior, lar não é paredes, é gente — sorri lembrando seu jeito de dizer "Júnior" e voltei a recordar. Eu estava desesperado no auge dos meus 20 anos querendo comprar uma casa, minha justificativa era que queria começar a ter um cantinho, um lar só meu. Sempre achei que ela dizia aquilo por me querer debaixo das asas, por um bom e longo tempo descordei. Afinal, anos longe da casa de meus pais e eu sempre me senti muito bem nesse lugar e em tantos outros que estive. Mas agora, sua fala antiga parecia fazer sentido, a presença da Amanda nem que fosse virtualmente me dava um sentido novo e alegre aos lugares. Me lembro do confinamento, o estar perto dela já me deixava em paz, suas primeiras semanas fora da casa hospedada em um hotel no Rio e eu na casa do Mário, casa que pra mim sempre foi aconchego, lar por anos, mas desta vez não me parecia tão lar quanto a um quarto de hotel alugado por ela. Lembro-me também do flat antigo, pequeno e bem decorado, as primeiras fotos que vi me davam sensação de sem graça ou de apenas um flat, nunca passou pela minha cabeça o sinônimo de lar. Até que Amanda chegou, passáramos quase um mês ali e tornou-se meu lugar favoritos. E como todo o resto, depois que ela saiu de lá, voltou ao simples flat. Defini então que lar realmente é gente. E pra mim, é ela.

Peguei o carro e fui pra academia, esperei alguns bons minutos até abrir. Comecei meu treino, ele ocupou a mente por todo aquele dia, ou quase todo. Já estava nos últimos minutos do meu treino da tarde, já estava quase no começo da noite, quando o Bochecha começou a cantarolar e tentar chamar minha atenção:— oh catapora — o Bochecha pirraçava a fim de me desconcentrar — tá batendo que nem moça — revirei os olhos tentando silenciar sua voz — celular tá tocando.

— Porra, vou quebrar tua boca — disse irritado.

— O teu celular tá tocando mesmo — ele virou a tela, mas apenas notei que ligação tinha caído — caiu — ele disse.

— Eu vou encerrar por hoje... — disse tirando as luvas e saindo do tatame — tu é chato — disse batendo no pescoço do Bochecha e tomando o celular de suas mãos. Não olhei quem era, tomei um banho, e peguei minha coisas. Enquanto caminhava para fora da academia, resolvi o olhar o celular, para minha surpresa vi duas chamadas perdidas da Amanda e algumas mensagens de uma hora atrás.

Retornei a ligação. Ela parecia a postos para atender, a primeira chamada ouvi sua voz baixa do outro lado da linha.

— Sapato? — a voz dela não parecia das melhores, mas mesmo assim meu coração disparou de imediato ao ouvi-la.

intense feelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora